Fernanda Carvalho, 22 anos, foi morta vítima de envenenamentoReprodução da internet

Rio - A morte de Fernanda Carvalho, vítima de envenenamento que teria sido cometido por Cíntia Mariano Dias, sua própria madrasta, completa um ano nesta segunda-feira (27). Familiares e amigos irão se reunir na Paróquia São Sebastião e Santa Cecília, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, para realização de uma missa em homenagem à jovem.
Através de uma rede social, Jane Carvalho, mãe de Fernanda, pediu que as pessoas que não puderem comparecer enviem suas orações para abençoar a jovem. Jane ainda completou pedindo que Cíntia pague pelo o que fez. Desde maio, a mulher esta presa e ré pelos crimes de homicídio de Fernanda e tentativa de homicídio de Bruno Carvalho, irmão da jovem.
"Quem não puder comparecer, não tem problema. Eu só peço que de onde estiver rezem o pai nosso para a minha filha. Às 18h, todos na mesma corrente. Que ela tenha luz, paz, amor e que não guarde ódio em seu coração. Que nós não possamos guardar ódio em nossos corações. E que com certeza, essa mulher Cintia Mariano vai pagar por tudo. Por todo esse sofrimento e angústia. Mas que nós não possamos guardar o ódio em nossos corações para não se igualar a essa monstra", disse Jane.
Amigos também homenagearam Fernanda através das redes sociais. 
"Há exatamente um ano eu perdia uma das minhas melhores amigas, a pessoa favorita da minha vida. Dói exatamente como doía há um ano. Do mês de março de 2022 em diante, eu nunca mais fui a mesma. Ainda te procuro para te contar tudo que está acontecendo, ainda vou na janela dizer que estou com saudades, ainda vou para os meus compromissos com aquele nó na garganta quando penso que você não está mais aqui fisicamente. Ainda te amo intensamente como sempre amei e vou amar. Venho aqui não num sentido de '1 ano de sua morte' e sim de clamar por Justiça e lembrar a todos que você permanece mais viva do que nunca dentro de mim", disse uma amiga.
"Um ano sem você. Um ano que meu coração é esmagado todos os dias. Um ano que sua falta me transformou em uma mulher sem forças. Um ano que eu não sei mais o que é felicidade. Um ano sem seu sorriso, sem a sua alegria sem sua admiração, sem sua felicidade e seu amor. Peço todos os dias a Deus pra me ajudar a cuidar de você porque eu não posso mais fazer isso. Que sua luz espiritual seja tão enorme quanto a carnal e que você esteja bem. Te amarei de janeiro a janeiro", escreveu outra.
Relembre o caso
Fernanda Carvalho morreu no dia 27 de março de 2022 depois de ficar 12 dias internada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Ela deu entrada na unidade no dia 15 do mesmo mês depois de passar mal na casa do pai, onde a madrasta Cíntia Mariano também morava.
Na ocasião, ela caiu no chão do banheiro da residência e apresentou dificuldades para respirar, além disso, Fernanda estava com a língua enrolada e a boca coberta por espuma. Já na unidade hospitalar, a jovem não teve um diagnóstico definido e, por conta disso, não respondeu ao tratamento e acabou não resistindo.
Dois meses depois, o irmão de Fernanda, Bruno Carvalho, de 16 anos na época, também sofreu com os mesmos sintomas de um envenenamento após almoçar na cada do pai e da madrasta. Ele chegou a ser internado, mas conseguiu sobreviver.
Com a similaridade dos casos, a Polícia Civil instaurou um inquérito que terminou no indiciamento de Cíntia Mariano pelo homicídio de Fernanda e pela tentativa de homicídio de Bruno. Segundo a 33ª DP (Realengo), ela teria colocado chumbinho na comida dos irmãos no dia 15 de março e 15 de maio, respectivamente.
As investigações tiveram acesso ao celular de Cíntia e uma perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE-RJ) apontou que não foi encontrado conteúdo diretamente ligado ao crime, mas diversas mensagens foram apagadas, o que justifica as últimas pesquisas de Cíntia na internet, que digitou "como apagar mensagens de Whatsapp" nas buscas. Em conversas com os filhos, foi possível perceber a preocupação deles com o comportamento da mãe.
Em um diálogo no WhatsApp no dia 16 de maio, às 12h03, Cíntia fala com seu irmão Wesley sobre o envenenamento de Bruno: "Bruno almoçou aqui e foi envenenado. Uma desgraça tá acontecendo aqui " e Wesley responde: "Mas como assim? Se ele comeu aí, onde ele está?".
Em outra conversa, a filha de Cíntia, Carla Mariano Rodrigues, perguntou se a mãe lembrava de tudo que elas passaram com a separação: "Meu Deus, mãe. Você lembra de tudo que passamos? Na separação de vocês? Como a gente não vai desconfiar de você?". Na conversa, é possível ver várias mensagens que foram enviadas por Carla apagadas.
O laudo complementar de necropsia realizado no cadáver exumado de Fernanda, irmã de Bruno, atestou que a causa de sua morte foi intoxicação exógena, provocada por envenenamento. Mesmo o exame toxicológico não tenha sido capaz de identificar as substâncias, o documento do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP) comprova que a eliminação do organismo de chumbinho é rápida.

No laudo de exame complementar de pesquisa indeterminada de substância tóxica em amostra biológica apresentou evidências de compostos carbofurano e terbufós no material gástrico de Bruno. Esse documento comprovou que o pesticida, chumbinho, estava presente no organismo do estudante.
O julgamento sobre o caso de Cíntia começou no dia 30 de setembro do ano passado, mas até o momento não terminou. Questionado, o Tribunal de Justiça do Rio informou que ainda não tem data para uma nova audiência de instrução.