Rio - Um vídeo divulgado nas redes sociais nesta semana mostra um grupo de alunas do Colégio Estadual Flávio Ribeiro de Rezende, em Natividade, no Noroeste Fluminense, realizando bullying contra uma estudante diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista. O caso ganhou repercussão e foi motivo de protesto na frente da unidade nesta sexta-feira (31).
A gravação foi realizada nesta segunda-feira (27). No vídeo, a vítima está sentada em um banco do pátio do colégio rodeada de outras alunas que zombam e implicam com ela. Uma das estudantes incentiva outra menina a puxar o cabelo da vítima. "Chora! Chora, neném!", disse uma das envolvidas.
Com a repercussão do caso, alunos da unidade se juntaram na frente do colégio nesta sexta-feira (31) para protestar. Cartazes de "Queremos Justiça" e "Diga não ao bullying" foram levados para o local. De acordo com a mãe da vítima, ela só soube do caso quando houve a disseminação dos vídeos nas redes sociais.
"Eu tô aqui pra dizer que a minha filha sofreu bullying e agressão nessa escola. A direção toda sabia e alguns funcionários sabiam. Eu fiquei sabendo da agressão da pior forma possível através de WhatsApp. A família nunca mais foi a mesma, a minha filha não foi mais a mesma, eu não fui mais a mesma. A direção da escola abafou o caso. Já sabiam. O caso só veio a tona porque o vídeo estava sendo disseminado nas redes sociais", disse através de um vídeo divulgado nas redes.
O pai de uma das meninas envolvidas no bullying também se pronunciou sobre o assunto. Ele aproveitou para pedir desculpas para a família e para a vítima. O homem também alegou que está corrigindo a filha dizendo que o ato foi errado e que não transmite esses valores a ela.
"Eu, no lugar de pai, já estou indignado com isso, imagino [que] vocês também. Eu peço desculpas a todo mundo, à família da menina. Vou fazer um vídeo, vou lá na casa da menina. Só não fui ainda porque não passaram o endereço, porque não pode passar o endereço. Mas eu vou atrás porque eu sei que minha filha errou. Eu já corrigi ela, vou tá corrigindo e explicando mais e mais que isso é errado e isso não pode. Eu sei que isso é disciplina e os pais que têm que falar isso, mas eu falo. Eu explico pra ela o que é errado e o que é certo. Peço que vocês me perdoem e os pais da menina, mas eu vou lá pedir desculpa a ela de frente", afirmou.
O que dizem as autoridades
Procurada, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que repudia de forma veemente os casos de bullying. Em relação ao episódio do Colégio Estadual Flávio Ribeiro de Rezende, o órgão contou que a subsecretária de Planejamento e Ações Estratégicas, Myrian Medeiros, responsável pela Superintendência de Projetos para Educação Especial da secretaria, esteve, nesta sexta-feira (31), na unidade para tomar todas as providências para que casos como esse não se repitam.
"O respeito é fundamental dentro e fora das salas de aula. Determinei a professora Myrian que fosse a Natividade para tomar todas as providências para o acolhimento da aluna que sofreu bullying, conversasse com a direção e com os pais e as crianças da escola", explicou a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.
A Seeduc ainda informou que a direção do colégio já enviou professora e psicóloga à casa da criança vítima de bullying. Profissionais do colégio também conversaram com as estudantes que praticaram o ato e os seus respectivos pais. Integrantes do Conselho Tutelar também foram acionados e medidas protetivas às alunas do colégio foram e continuarão a ser adotadas.
"Assim que tomei conhecimento do bullying contra uma aluna da educação especial em uma escola da nossa rede, em Natividade, determinei que a secretária de Educação acompanhe de perto o caso, dando total apoio à estudante e sua família, e tome as providências necessárias", afirmou o governador Cláudio Castro (PL).
Assim que tomei conhecimento do bullying contra uma aluna da educação especial em uma escola da nossa rede, em Natividade, determinei que a secretária de Educação acompanhe de perto o caso, dando total apoio à estudante e sua família, e tome as providências necessárias.
Segundo a professora Myrian, ações que promovam uma cultura de paz serão intensificadas a partir da próxima semana. Na terça-feira (28), um dia depois do ocorrido, a direção da escola já havia programado fazer com o Conselho Tutelar um evento para discutir bullying na rede escolar.
A Seeduc-RJ também destacou a importância de as pessoas não compartilharem o vídeo, em atenção ao Estatuto da Criança e ao Adolescente (ECA) que determina a preservação da imagem, assim como proíbe sua exposição.
Já a Prefeitura de Natividade informou que o caso aconteceu dentro de uma escola submetida à Secretaria de Estado de Educação e ao Governo do Rio. O órgão complementou que repudia qualquer ato de bullying e que presta solidariedade à família da vítima.
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