Bruno Krupp é réu pela morte do adolescente João Gabriel Cardim, de 16 anosRede Social

Rio - A defesa de Bruno Krupp, que atropelou e matou o adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, entregou seu passaporte a Justiça do Rio e pediu sigilo para o endereço dele. Após deixar Bangu 8, na quarta-feira (29), o modelo começou a cumprir algumas das medidas cautelares exigidas pela Justiça nesta sexta-feira (31).
Utilizando uma tornozeleira eletrônica, Bruno segue impedido pela Justiça de deixar o país, mas o pedido de que seu endereço fosse mantido em sigilo foi deferido pelo magistrado Gustavo Kalil, responsável pelo caso.
"O acusado continua detentor do direito constitucional à privacidade e intimidade. O acautelamento em cartório, de modo sigiloso, do endereço do réu em nada atrapalha a marcha processual. A sociedade tem direito de acesso aos atos do processo, mas não a informações particulares de personagens processuais, pelo menos não aquelas que não digam respeito aos fatos apurados. Necessário o acautelamento e conhecimento do endereço por parte do juízo para fins de intimações e acompanhamento das cautelares", informa um trecho da decisão.
Liberdade provisório
Bruno obteve liberdade nesta quarta (29) após decisão do ministro Rogério Chietti, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de acatar o pedido de habeas corpus da defesa. Ele estava preso há oito meses na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
No recurso, os representantes de Krupp alegaram que o modelo vinha sofrendo coação ilegal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) em seu direito de locomoção. A defesa argumentou ainda que não houve dolo na conduta de Krupp no acidente que vitimou João Gabriel. De acordo com a versão apresentada pelos advogados, o modelo estava sóbrio e dirigindo a moto à noite em uma via vazia na ocasião do acidente. A defesa também pontuou que o próprio modelo sofreu uma série de lesões graves por causa da colisão.

Na decisão, o magistrado mencionou o fato dele ser réu primário e de estar preso desde agosto do ano passado.

"Não há indicação da periculosidade do agente a justificar a medida mais gravosa. Ressalto que se trata de delito de trânsito e, ainda que se pudesse cogitar de um dolo eventual, não identifico necessidade de manter o acusado preso, se outras medidas, com igual idoneidade e suficiência, podem proteger o interesse em jogo, qual seja, evitar a prática de novo crime", informa um trecho do documento.
Mariana Cardim, mãe de João Gabriel, disse que continuará lutando por justiça para que outras mães não passem pela mesma dor. "Peço a Deus que continue me dando forças para seguir lutando pela condenação de um assassino", publicou nas redes sociais.
De acordo com Mariana, devido às circunstâncias do atropelamento, o caso não foi um acidente. No protesto, eles chegaram a levantar cartazes com a frase: "Não foi acidente, foi crime".
Relembre o caso
No dia do atropelamento, em 30 de julho de 2022, o adolescente atravessava a Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, o modelo dirigia sem habilitação uma motocicleta a mais de 100 km/h, bem acima da máxima de 60 km/h da via. O impacto foi tão forte que João Gabriel teve uma perna amputada na hora. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu horas depois de ser atingido.
Bruno Krupp foi denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por homicídio com dolo eventual. Ele se tornou réu e, na primeira audiência de instrução e julgamento, em novembro do 2022, admitiu que pilotava em alta velocidade, porque já havia sofrido diversas tentativas de assalto, mas que sempre respeitou sinais e ficou atento.
O modelo declarou ainda que calculou que tinha tempo e espaço para passar, mas não esperava que a vítima correria para a calçada e disse ainda não concordar com a acusação, porque nunca faria mal a uma pessoa.