Associação de Moradores da Lagoa vê com resignação concessão do Parque da CatacumbaCleber Mendes / Agência O Dia

Rio – A Associação de Moradores e Amigos (AMA) Lagoa espera que a concessão do Parque Natural da Catacumba, que terá o contrato assinado, nesta quarta-feira (5), entre a Prefeitura do Rio e a empresa Lagoa Aventuras S/A, tenha uma gestão proveitosa para os moradores do bairro da Zona Sul.  
No entanto, em entrevista ao DIA, o presidente da associação, Raphael de Castro, morador da Lagoa há mais de 20 anos, disse que a concessão estaria abaixo do valor de mercado, mas não detalhou a proposta: "Ao nosso ver, a concessão foi por um valor abaixo, contudo, não houve contestação. Assim, a AMA Lagoa espera que seja uma gestão produtiva e proveitosa para os moradores e frequentadores do bairro".
A designer de moda Marina de Farias, 31 anos, moradora de Niterói, esteve pela primeira vez no parque nesta terça-feira (4) e ficou encantada com o lugar: "Eu achei o parque com uma boa estrutura, as trilhas estavam bem sinalizadas, consegui encontrar os dois mirantes sem dificuldades, estava tudo bem conservado. As placas em bom estado e as trilhas bem demarcadas. Isso facilita bastante", disse a estilista.
O espaço é a primeira unidade de conservação municipal a ser concedida para a iniciativa privada no Brasil. Um evento no local, nesta quarta-feira (5), às 8h, marcará o início da gestão da concessionária, com a presença do prefeito Eduardo Paes (PSD). O acesso continuará sendo gratuito para a população.
Com a concessão, a Lagoa Aventuras S/A investirá mais de R$ 2 milhões em melhorias para a unidade de conservação e ampliação das atividades, incluindo a implantação de novas atrações como tirolesa, plataforma de rapel, museu do parque, centro de visitantes, restaurantes e lanchonete. A empresa já vinha operando atividades no lugar desde 2010.
A concessão, que tem duração de 25 anos, é parte de uma série de concessões de parques que a Prefeitura do Rio irá fazer nos próximos cinco anos, incluindo a Quinta da Boa Vista, o Parque Madureira, o Parque Tom Jobim, o Penhasco Dois Irmãos, o Parque Marapendi, o Parque Nelson Mandela e o Jardim de Alah. A expectativa é de que este modelo de parceria público-privada melhore a infraestrutura e serviços nesses locais, tornando esses espaços públicos mais atrativos para os cariocas e visitantes.
A área que hoje corresponde ao parque já compreendeu a antiga Favela da Catacumba, com cerca de dois mil barracos e mais de dez mil habitantes. Após a destruição de partes da comunidade, provocada por sucessivos incêndios, ela acabou sendo removida totalmente em 1970 e os moradores que viviam no local foram realocados para outras regiões. Nove anos depois, em 1979, o Parque Natural Municipal da Catacumba foi inaugurado.
Jardim de Alah
No dia 9 de março, a Secretaria de Coordenação Governamental (SMCG) publicou o aviso de licitação da concessão de uso e gestão do Jardim de Alah. A concorrência pública será realizada no próximo dia 26 de abril e a empresa que vencer o certame será responsável pela revitalização, operação e manutenção da área, que fica entre os bairros de Ipanema e Leblon, na Zona Sul da cidade.
De acordo com o edital, o valor do contrato é estimado em R$ 112,6 milhões, que correspondem ao investimento a ser feito pela concessionária ao longo do prazo estipulado para a concessão, que é de 35 anos. As empresas interessadas em assumir a gestão do parque poderão participar da concorrência individualmente ou como consórcio. A licitação será técnica e de preço, quando são avaliados tanto o plano de ocupação quanto o valor oferecido.
O valor mínimo da outorga é de R$ 2.351.531,04. O vencedor deverá ampliar a área de parque e dar novos usos como instalação de lojas e restaurantes, além da promoção de eventos e exposições. Em contrapartida, poderá explorar áreas delimitadas nos 7 mil m² para atividades de serviços privados. A proposta é que o Jardim de Alah continue sendo um parque público, com entrada gratuita, com ainda mais áreas verdes onde hoje ficam carros estacionados.