Papa Francisco em missa de PáscoaHANDOUT / VATICAN MEDIA / AFP

O domingo de Páscoa é um dos dias mais importantes no calendário litúrgico dos cristãos: é a comemoração da ressurreição de Jesus. A Páscoa cristã ocorre na mesma época do 'Pessach' judaico, uma celebração que relembra a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. As duas festas comemoram, de uma certa forma, a vitória da vida sobre a morte. O DIA relembra, aqui, um trecho da homilia de Pácoa do papa Francisco de 2017, que traz uma mensagem bem atual. Ouvimos ainda representantes de diversas religiões falando dessa época tão especial.
Papa Francisco: "Através dos tempos, o Pastor ressuscitado não Se cansa de nos procurar, a nós seus irmãos extraviados nos desertos do mundo. E, com os sinais da Paixão – as feridas do seu amor misericordioso –, atrai-nos ao seu caminho, o caminho da vida. Também hoje Ele toma sobre os seus ombros muitos dos nossos irmãos e irmãs oprimidos pelo mal nas suas mais variadas formas.
O Pastor ressuscitado vai à procura de quem se extraviou nos labirintos da solidão e da marginalização; vai ao seu encontro através de irmãos e irmãs que sabem aproximar-se com respeito e ternura e fazer sentir àquelas pessoas a voz d'Ele, uma voz nunca esquecida, que as chama à amizade com Deus.
Cuida de quantos são vítimas de escravidões antigas e novas: trabalhos desumanos, tráficos ilícitos, exploração e discriminação, dependências graves. Cuida das crianças e adolescentes que se vêem privados da sua vida despreocupada para ser explorados; e de quem tem o coração ferido pelas violências que sofre dentro das paredes da própria casa."
Átila Nunes, ex-deputado estadual, jornalista e colunista do DIA: "É muito comum vermos os umbandistas não comerem carne e até ficarem recolhidos em casa na Sexta-feira Santa. A Umbanda segue o calendário católico, a exemplo dos dias comemorativos de cada Orixá, que acompanham as datas dos santos católicos sincretizados. E com a Páscoa não é diferente.
Para entender melhor a Umbanda, é fundamental saber que esta religião é genuinamente brasileira, resultante do amálgama de influências religiosas e filosóficas, como a Doutrina Espírita de Kardec, as diversas correntes africanas (Jejê, Alaketu, Angola, etc), filosofias orientais, seitas indígenas e, é claro, o catolicismo."
Rabino Sérgio Margulies, da Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro: "A festa de Pessach, que começou dia 5 de abril e vai até quinta-feira (13), é a lembrança da saída dos judeus da escravidão do período do Egito Antigo, que é narrada na Torá [livro sagrado judaico]. A temática é a Libertação. Pessach significa travessia. No caso, da escravidão para a liberdade.
Temos um ritual chamado 'Sêder', que significa ordem. Trata-se de um jantar que as famílias fazem e que se segue uma determinada ordem. Primeiro, são consumidos alimentos que lembram a amargura da escravidão. Depois, os alimentos que lembram o renascimento. Esse jantar é realizado nos dois primeiros dias de Pessach. Um dos preceitos mais importantes é contar para os filhos a história. É uma data em que se envolve muito as crianças. Nesse período sagrado, temos as rezas nas sinagogas.
Chamada também de Festa da Primavera, a estação que começa nessa época, no Hemisfério Norte, e porque primavera é renascimento da natureza, depois do inverno. E a liberdade também é um renascimento, depois do inverno da escravidão. Enquanto os cristãos e judeus têm sua celebração, hoje somos muito movidos num diálogo inter-religioso que compreende e valoriza essa diversidade de expressões culturais e de fé. Isso também é parte de uma mensagem agregada na nossa celebração."
José Roberto Pinto Coutinho, presidente administrativo da Fraternidade Francisco de Assis – Casa Bezerra de Menezes: "Os espiritualistas têm como base os ensinamentos de Jesus. No caso dos espiritualistas universalistas, além de ensinamentos do Cristo, buscamos ainda ensinamentos de outros grandes seres que estiveram no planeta que ajudaram a compreender quem somos.
Somos cristãos. Por isso, o sentimento é de que, depois de todo o sacrifício, vem a vitória. Páscoa é a vitória da vida sobre a morte. Temos a certeza de que Jesus venceu a morte.
O domingo de Páscoa tem uma vibração muito boa, está imantado. Por isso que, na Sexta-feira Santa, comemos peixe em vez de carne: para chegarmos no domingo com o organismo sutilizado, sem as toxinas da carne, que são pesadas. E com menos toxinas no corpo, estamos mais abertos para recebermos essas boas energias."