Familiares da idosa morta em Copacabana, estiveram no IML para reconhecimento do corpo. Na foto, Roberto Carlos Lyra da Silva e Isabella Barbosa Meireles (genro e filha da idosa). Marcos Porto

Rio - Familiares de Alair Barbosa, de 72 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, nesta terça-feira (18) para reconhecimento e liberação do corpo. A idosa morreu após ser agredida durante um roubo na Rua Paula Freitas, próximo à Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, no último domingo (16). Ela chegou a ser encaminhada ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu aos ferimentos.

Aos prantos, a enfermeira Isabela Barbosa Meireles, filha da vítima, falou sobre os cuidados da mãe com a saúde e sua vontade de aproveitar a vida.

"Minha mãe era uma idosa extremamente saudável, se cuidava demais, ela gostava muito de aproveitar a vida, de viajar. Estar com os amigos e com a família, era o que mais gostava de fazer. Ela era uma pessoa extremamente caridosa, ajudava todo mundo, no nível de pegar um mendigo no meio da rua e colocar dentro da casa dela para dar banho", desabafou.

A idosa estava passeando em Copacabana com as amigas, a caminho de um quiosque com música ao vivo que costumava frequentar durante as tarde dos fins de semana quando foi surpreendida por dois assaltantes.

Segundo as amigas que a acompanhavam, dona Lalá, como era carinhosamente chamada, segurou seu cordão, por reflexo, e acabou sendo derrubada por conta da força usada pelo criminoso para roubar o item. Na ocasião, uma outra idosa também foi roubada. A queda causou traumatismo craniado e hemorragia cerebral que, de acordo com Isabela, não foi possível controlar com a cirurgia.

"Ela tinha muito medo de assalto, não andava com cartão de débito na bolsa, o celular com aplicativo do banco ficava em casa porque ela tinha medo de roubarem. Então ela tinha essa preocupação, eu tenho inclusive dúvidas se o cordão que estava usando era de ouro, porque ela não andava com joia, com nada disso", disse a filha da vítima. E ainda completou.

"Ela não gostava de viver aqui, por isso que ela viajava, ela dizia que quando botava o pé no avião, no navio, se esquecia dos problemas e se sentia segura fora do Rio. É muito triste que ela, num momento tão bom da vida dela, que estava vivendo, aproveitando, tenha sido vítima dessa violência que tanto abominava.".

Um adolescente de 17 anos chegou a ser agredido por banhistas que o apontaram como o responsável pelo crime. Com isso, os policiais do 19º BPM (Copacabana) encaminharam o menor para a 12ª DP (Copacabana), mas ele negou ter cometido o furto.

Ainda de acordo com relato da filha da vítima, ela chegou a ser informada sobre a apreensão do rapaz, mas era necessário o reconhecimento. "As amigas que estavam com ela não conseguem identificar, elas falaram para gente que tomaram um susto, estavam desprevenidas e eles correram. Foi em um momento que realmente não dava. Elas estavam muito traumatizadas, muito apáticas, então não tinham condições de reconhecer, até porquê não viram o rosto".

O enfermeiro e professor universitário da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Roberto Carlos Lira da Silva, que é genro da vítima, se diz grato pela oportunidade de ter conhecido dona Lalá.

"Devo agradecer todos os dias da minha vida a oportunidade que eu tive, ao longo desses 27 anos, de conviver com essa pessoa extraordinária, uma pessoa que sempre se preocupou em manter uma vida saudável, porque é uma pessoa que queria viver o máximo que ela pudesse", disse.

De acordo com ele, a idosa tinha vontade de deixar o estado junto dele e de sua filha, após a aposentadoria do casal. "Ela tinha esse medo, que nós também temos, nós temos o verdadeiro pavor dessa cidade. A gente tinha essa promessa de que iríamos levar ela conosco quando saímos do Rio de Janeiro", explicou.

Em seu relato, ele ainda confirmou confiar na polícia para encontrar o criminoso. "Eu confio na polícia, confio na capacidade investigativa, mas espero que a gente possa produzir a maior quantidade possível de provas que possam permitir que, na investigação, a Polícia Civil possam chegar aos autores desse delito".

Para o genro, a lembrança que quer ter da idosa são os momentos de alegria ao lado da sogra, que amava viver.

"A minha esposa fez fez uma foto dela, logo quando chegou no hospital e eu pedi para apagar porque não era aquela lembrança que eu queria ter da Lalá. Ela ainda estava acordada, mas não estava mais lúcida, estava bastante desorientada, com a mão na testa e aquele olhar perdido", contou, em meio ao choro.

O caso segue sendo investigado pelos policiais da 12ª DP (Copacabana), que buscam câmeras de segurança e possíveis testemunhas. Ainda não há informações sobre o enterro da vítima.