Leandro Leite Carvalho, de 29 anos, era produtor de conteúdo nas redes sociaisDivulgação

Rio - O produtor de conteúdo, Leandro Leite de Carvalho, de 29 anos, morto após ser confundido com miliciano na Praia do Pontal, Zona Oeste do Rio, foi abordado na madrugada do dia 6 de abril por pelo menos oito homens armados em quatro motos e um carro. A informação é de um dos sobreviventes do ataque que levou dois tiros no braço e conseguiu fugir. Os bandidos realizaram diversos disparos contra Leandro e um grupo de amigos que participavam de uma gravação para as redes sociais do produtor.
O influenciador foi atingido com um tiro na cabeça e teve o corpo jogado no mar pelos criminosos. O cadáver só foi localizado na quinta-feira (20), na Restinga da Marambaia, também na Zona Oeste. Uma outra vítima foi baleada duas vezes no braço, mas conseguiu fugir e sobreviveu. Até o momento, somente um suspeito foi preso. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realiza diligências para elucidar o crime.
Ao DIA, o irmão de Leandro, Rafael Leite de Assis, de 34 anos, criticou a falta de celeridade das autoridades policiais para localizar todos os envolvidos no crime. Segundo ele, o local onde o crime aconteceu é cercado por câmeras da Prefeitura do Rio, que poderiam ajudar nas investigações. Rafael também relembrou como foi recebido pelos policiais da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes).
"Eu fui à delegacia no mesmo dia que mataram meu irmão. O crime foi por volta das 4h da manhã e às 8h eu estava lá na 42ª DP para denunciar o caso. O inspetor do plantão me tratou bem e no dia 7 eu voltei lá com as testemunhas, incluindo o rapaz que também foi baleado, para que eles pudessem prestar depoimento. Mas os policiais deixaram a gente esperando mais de uma hora lá", desabafou o irmão da vítima. Rafael acredita que a demora nas investigações possa prejudicar a identificação dos responsáveis.
Querendo justiça pela morte do irmão, o familiar denunciou que as praias do Recreio e Pontal foram dominadas pelo crime organizado, com tráfico de drogas e a violência armada. "A prisão do rapaz nesta segunda-feira (24) só comprova que ali é uma boca de fumo. Um local onde várias pessoas com boas condições financeiras moram. Há claramente um grave problema de segurança pública acontecendo".
O homem preso nesta segunda-feira (24), identificado apenas como Pablo, é apontado pela Polícia Militar como sendo o chefe do tráfico de drogas do Posto 12 da Praia do Recreio. "É o mínimo prender esses caras, mas acredito também que tenham muitos menores de idade envolvidos nisso, ou seja, acabam ficando impunes pois não ficam presos por muito tempo", completou Rafael.
Vítima tinha o sonho de ser policial
O irmão de Leandro lembra que ele tinha o sonho de trabalhar na área de segurança pública. Além de ter sido paraquedista e trabalhado por muitos anos como vigilante, o influenciador estava estudando para a prova da Polícia Militar e também tinha passado em uma das etapas do processo seletivo para a Segurança Presente, do governo do Rio. 
"Eu só queria que a justiça fosse feita. Meu irmão saiu de casa para trabalhar, para gravar vídeos na praia, não foi para a farra. O moleque era bom, tanto que mais de 30 pessoas foram no enterro dele. Nós fomos criados sem pai, só com minha mãe trabalhando. Ele tinha o sonho de crescer na vida".
O corpo de Leandro foi enterrado na tarde de domingo (23), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio. A vítima era moradora de Realengo, também na Zona Oeste, e deixa um filho de 3 anos.
O que dizem às polícias 
Questionada sobre a violência na região do Recreio dos Bandeirantes, a Polícia Militar informou que "o policiamento é presente e atuante".
A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) informou que encaminhou o caso à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), para apurar a autoria e a motivação do crime. A investigação está em andamento.