Mário Barbosa Marques Júnior, o Juninho Van Damme, havia sido preso pela última vez em 15 de fevereiro de 2020Divulgação/Portal dos Procurados

Rio - Alvo de um ataque a tiros em Nova Iguaçu, nesta quarta-feira (26), Mário Barbosa Marques Júnior, o Juninho Van Damme, 38, havia deixado a prisão há pouco mais de dois meses. Sargento da reserva do Exército, ele era apontado como chefe de uma milícia que atua nos bairros de Miguel Couto e Geneciano, no município da Baixada Fluminense. O homem, seu irmão, o policial militar Wagner Rodrigues Marques, e Michelle Matos Marques foram mortos na Rua General Rondon, no bairro Santa Eugênia.
O miliciano havia sido preso pela última vez em 15 de fevereiro de 2020, durante uma operação do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), na RJ-124, a Via Lagos, próximo a Rio Bonito. Na ocasião, Mário estava em um veículo do modelo Hyundai IX35 de cor branca - o mesmo que foi alvo dos disparos de ontem - quando foi abordado pelas equipes. Após realizarem consulta, os militares descobriram se tratar do chefe do grupo paramilitar e que contra ele constavam nove mandados de prisão em aberto.
Ainda em 2020, a defesa de Juninho solicitou a transferência dele para um presídio do Exército, sob a justificativa de que ele era militar da reserva. Entretanto, o pedido foi negado e o miliciano permaneceu na Penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste. Em um processo que corre contra ele na 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, consta a soltura do réu, que deixou a cadeia em liberdade condicional em 6 de fevereiro. No último dia 10, ele compareceu à comarca de Belfofd Roxo para justificar suas atividades.
Juninho Van Damme respondia a quatro processos, sendo o da 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, por organização e associação criminosa, tortura, crimes contra as telecomunicações e a economia popular, furto de energia e qualificado, além de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e corrupção passiva. Já o que tramita na 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, é por homicídio qualificado.
O miliciano era ainda réu por homicídio qualificado, na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, que tem como movimentação mais recente uma audiência nesta quinta-feira (27), e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, na 2ª Vara Criminal de Japeri, mas a ação foi arquivada.
Guerra de milícias
Na manhã de quarta-feira, o 20º BPM (Mesquita) foi acionado para uma ocorrência de triplo homicídio e no local do crime, encontraram o miliciano Mário Barbosa Marques Júnior, o Juninho Van Damme, seu irmão, o policial militar Wagner Rodrigues Marques, e Michelle Matos Marques, já sem vida. A Polícia Civil ainda não informou se a mulher tinha algum grau de parentesco com os outros dois homens. O trio estava em um carro modelo Hyundai IX35 de cor branca, quando foi atacado.
O veículo ficou com marcas dos tiros e o chão com diversas cápsulas espalhadas. Os disparos também atingiram casas de moradores e comércios da região. Informações preliminares apontam que o crime pode estar associado à guerra de milícias, já que Van Damme comandava um grupo paramilitar que atua em bairros de Nova Iguaçu. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) realiza diligências para apurar a autoria e a motivação dos assassinatos.
Juninho Van Damme
Mário Barbosa Marques Junior, o Van Damme ou Juninho da Rodolfo, chefiava uma milícia que atuava extorquindo moradores e explorando serviços clandestinos de água, gás e TV a cabo em Miguel Couto e Geneciano. O grupo comandado por ele foi responsável por divsersos homicídios, sequestros e ocultações de cadáveres na Baixada Fluminense e, em 2020, a Delegacia de Homicídios da região localizou cemitérios clandestinos usados pelos paramilitares.

Van Damme também atuou em uma quadrilha especializada em furtos à agências bancárias, monitorando as frequências de rádio da polícia, para garantir que os criminosos conseguissem arrombar os bancos e abrir os caixas eletrônicos sem serem interceptados. O miliciano era responsável ainda por cooptar policiais responsáveis pela vigilância.