Supervia não mostrou interesse em continuar operando o sistemaDivulgação

Rio - A empresa japonesa Mitsui, principal acionista da Gumi Brasil Participações – que controla a SuperVia –, formalizou, na última quarta-feira (26), a desistência na concessão do sistema de trens do Rio de Janeiro. O grupo japonês enviou um ofício à Secretaria Estadual de Transportes comunicando a falta de interesse em continuar no comando das operações. Após a desistência, o governador do Rio, Claudio Castro, disse que o sistema passará por uma transição para que um novo modelo de concessão seja implementado.  
A SuperVia tem a concessão da operação da malha ferroviária desde novembro de 1998, mas a Mitsui está à frente desde 2019. O sistema ferroviário do Rio tem 270km de extensão e atende 12 cidades da Região Metropolitana, transportando cerca de 350 mil passageiros.
Procurada pelo DIA, a Mitsui Brasil confirmou a decisão, mas informou que a Gumi Brasil está discutindo o assunto. A SuperVia, por sua vez, disse que não irá comentar o caso.
Operação em crise
Ainda em 2020, a SuperVia reduziu a circulação de trens alegando a perda da receita com a pandemia de covid-19 – 40% menos em relação ao que era observado antes da pandemia. Na época, a concessionária alegou que a adequação busca manter a sobrevivência financeira da concessionária já que a tarifa arrecada pela empresa é a principal fonte de custeio da Concessão.
Em fevereiro de 2022, a empresa anunciou que faria um reajuste na passagem: de R$ 5, o valor subiria para R$ 7. O aumento levaria em conta os custos fixos com a operação, que teria sido impactada com a inflação, além do aumento de furtos e vandalismos de materiais ferroviários, o que teria elevado o custo operacional. A decisão foi adiada para março e, após acordo com o governo estadual para ressarcimento, o preço não sofreria reajuste até o fim do ano.
Comissão de Transporte da Alerj pede intervenção
Após a repercussão da desistência na concessão, o presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, deputado Dionísio Lins (Progressista), deu entrada em uma indicação legislativa pedindo a criação de um grupo de intervenção e transição composto por representantes dos poderes Executivo, Legislativo, e da Secretaria de Transportes, Agência Reguladora e de órgãos de defesa do consumidor.
Segundo o parlamentar, apesar do aporte feito pelo Governo, a situação do serviço prestado pela SuperVia está chegando ao limite. "O aditivo que prorrogava a concessão até 2023 estava condicionado a investimentos que não foram feitos pela concessionária. Para se ter uma ideia, a Supervia possui 204 trens que circulam em uma malha de 270 quilômetros, com parada em 104 estações ao longo de 12 municípios, e que já transportou mais de 1,1 milhão de passageiros por dia. Hoje, esse número não passa de 400 mil. Todo esse impasse preocupa os usuários, que não podem continuar pagando o preço da desorganização e continuarem sendo transportados em vagões sujos e escuros, principalmente aqueles dos ramais que atendem a Baixada Fluminense", explicou.
Novo modelo de concessão
Cláudio Castrou recebeu os executivos da Gumi na tarde desta quinta-feira (27) e, por meio de nota, disse que o modelo de concessão não estava funcionando. Informou ainda que o serviço passará por uma transição "transparente e tranquila, garantindo o funcionamento dos serviços até a escolha de uma nova empresa".
Leia a nota na íntegra:
"Recebi os executivos da Gumi, empresa japonesa concessionária da SuperVia. Diante da cobrança do Governo do Estado por investimentos que melhorem os serviços à população, a empresa confirmou que desistiu de gerir o sistema de trens metropolitano.

Da nossa parte, foram feitos esforços para apoiar a concessionária na entrega de um serviço digno à população. Fizemos aporte de cerca de R$ 400 milhões, em 2022, para compensar perdas com a queda do número de passageiros.

A pandemia acabou e os serviços continuaram precários. Cobramos resultados e eles não vieram. A população do Rio seguiu enfrentando atrasos, desconforto, paralisações e até acidentes na malha ferroviária.

A Gumi faz parte do conglomerado Mitsui, um dos maiores do mundo. Porém, o problema está no modelo de concessão que não funciona.

Faremos uma transição transparente e tranquila, garantindo o funcionamento dos serviços até a escolha de uma nova empresa. Mas vamos partir para um novo modelo de concessão que atenda aos anseios e respeite o direito da população do estado."