Os tios das vítimas chegando ao IML do Rio para fazer a liberação dos corpos, na manhã desta segunda-feiraMarcos Porto/Agência O DIA

Rio - Familiares de Kailany Vitória Fernandes Balduíno, de 18 anos e Lohan Samuel Nunes Dutra, de 11 anos, mortos a tiros no Complexo do Chapadão, estiveram no IML do Rio para realizar a liberação dos corpos, na manhã desta segunda-feira (01). Os tios das vítimas, muito abalados com a situação, não quiseram falar com a imprensa no local. Ainda não há informações sobre o local e a data do sepultamento dos irmãos.
Após ser palco de uma uma nova guerra entre criminosos de facções rivais, a região teve o policiamento reforçado, informou a Polícia Militar. De acordo com o comando do 41° BPM (Irajá), até o momento não houve o registro de prisões de suspeitos relacionados ao caso. As mortes seguem sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
De acordo com a Polícia Civil, diligências estão em andamento para apurar a autoria dos disparos e esclarecer todos os fatos. Quanto ao caso da mãe de Kailany, Erika Cristina Fernandes Monteiro, que ficou ferida por um disparo durante o ocorrido, o registro foi feito na 22ª DP (Penha), mas a investigação será feita pela 39ª DP (Pavuna).
O crime teria acontecido, na madrugada deste domingo (30), por causa uma guerra entre facções rivais. A região tem sido alvo de confrontos entre traficantes do Complexo da Pedreira, dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP), e do Complexo do Chapadão, do Comando Vermelho (CV). Por volta das 4h da manhã, criminosos do TCP teriam ido a um dos acessos da comunidade vizinha para realizar o ataque.
De acordo com relatos de testemunhas, os irmãos e Erika estavam no portão da casa onde moravam após uma festa da família na comunidade. Nesse momento, criminosos passaram de moto e atiraram contra as pessoas que estavam saindo da comemoração. As três vítimas foram encaminhadas à UPA de Costa Barros.
Kailany, baleada por quatro disparos, e Samuel, atingido na barriga, morreram antes de chegar na unidade. Já Erika foi transferida ao Hospital Estadual Getúlio Vargas e recebeu alta hospitalar ainda na manhã de domingo.
A Polícia Militar informou que não havia ação policial no Complexo do Chapadão no momento do ocorrido. Agentes do 41º BPM (Irajá) estiveram na UPA de Costa Barros, onde constataram a morte das vítimas.
Ao DIA, um parente, que preferiu não ser identificado, contou que Kailany era uma pessoa trabalhadora, que fazia de tudo para sustentar seu filho de apenas 2 anos. Já sobre Lohan Samuel, o familiar, emocionado, não tinha palavras para defini-lo.
Nota da Rio Paz
Em nota, a ONG Rio de Paz lamentou a morte de Lohan, terceira criança morta só no mês de Abril por bala perdida e a sexta este ano. Desde 2007, o menino já é o 96º dos casos de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos mortos por armas de fogo no Rio, a maioria por balas perdidas em favelas. 
A ONG também lamentou a morte de Kailany e se solidarizou com a mãe dela, Erika, que também foi baleada. O nome de Lohan será colocado no mural da instituição, na Lagoa Rodrigo de Freitas, em memória das crianças mortas por balas perdidas no estado. 
"No dia 14 de abril entregamos ao ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida a nossa lista, até então, com o nome de 94 crianças mortas por armas de fogo no Rio desde 2007. Essa lista já subiu para 96 em apenas 15 dias. Governador Cláudio Castro, deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ministros Flávio Dino e Silvio Almeida, exigimos respostas", completou a nota.