Kailany Cristina (esquerda) e Lohan Samuel (direita) morreram após serem baleados na porta de casa no Complexo do ChapadãoReprodução
Sepultamento de irmãos mortos a tiros no Chapadão acontece nesta terça
Enterro está marcado para o Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio
Rio - Os irmãos Kailany Vitória Fernandes Balduíno, de 18 anos, e Lohan Samuel Nunes Dutra, 11, serão sepultados às 14h desta terça-feira (2) no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. A jovem e o menino morreram depois de serem baleados em um ataque de criminosos no Complexo do Chapadão, também na Zona Norte.
Familiares das vítimas estiveram na manhã desta segunda-feira (1º) no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para a liberação dos corpos dos irmãos. Os tios da jovem e da criança, muito abalados com a situação, não quiseram falar com a imprensa no local.
O crime teria acontecido por causa de uma guerra entre facções rivais. A região tem sido alvo de confrontos entre traficantes do Complexo da Pedreira, dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP), e do Complexo do Chapadão, do Comando Vermelho (CV). Por volta das 4h deste domingo (30), criminosos do TCP teriam ido a um dos acessos da comunidade vizinha para realizar o ataque.
Ao DIA, um parente, que preferiu não ser identificado, contou que a jovem e o menino foram mortos depois que bandidos em uma moto passaram atirando pelo local onde as vítimas estavam, logo após o fim de uma festividade.
"Aqui é guerra de facção. Os caras matam a troco de nada. Estava todo mundo na festa, no portão de casa. Chegaram atirando e mataram. Covardia. Aqui a realidade é outra. Só vai ser mais uma. Nada acontece. A gente é pobre e mora na favela. Triste fica pra gente", contou.
Segundo o familiar, a jovem era uma pessoa trabalhadora, que fazia de tudo para sustentar um filho de apenas 2 anos. Já sobre Lohan Samuel, o parente, emocionado, não tinha palavras para defini-lo.
"A Kailany era trabalhadora demais. Uma guerreira ao extremo. Foi embora e deixou um filho de 2 anos. A garota trabalhava muito. Trabalhava em tudo. Chapeira, na cozinha, fazendo comida. O que chamasse ela fazia só pra sustentar o filho. E o Samuel, o que falar de uma criança?", completou.
Kailany foi baleada por quatro disparos e seu irmão foi atingido na barriga. Ambos foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, mas morreram antes de chegarem na unidade.
O ataque também deixou Erika Cristina Fernandes Monteiro, mãe de Kailany, ferida. A mulher, que considerava Lohan Samuel como um filho, foi baleada na perna e recebeu atendimento no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. A vítima teve alta ainda na manhã deste domingo (30).
Após ser palco de uma uma nova guerra entre criminosos de facções rivais, a região teve o policiamento reforçado, informou a Polícia Militar nesta segunda-feira (1º). De acordo com o comando do 41° BPM (Irajá), até o momento não houve o registro de prisões de suspeitos relacionados ao caso. As mortes seguem sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Segundo a Polícia Civil, diligências estão em andamento para apurar a autoria dos disparos e esclarecer todos os fatos. Quanto ao caso da mãe de Kailany, Erika Cristina Fernandes Monteiro, que ficou ferida por um disparo durante o ocorrido, o registro foi feito na 22ª DP (Penha), mas a investigação será feita pela 39ª DP (Pavuna).
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