Ato na Cinelândia, no Centro do Rio, reuniu nesta terça-feira (16) cinco mil pessoas em defesa do Sesc e do SenacDivulgação

Rio - Cerca de cinco mil de pessoas participaram, na tarde desta terça-feira (16), do ato público em defesa do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) na Cinelândia, Centro do Rio. O chamado Dia S, que aconteceu simultaneamente em outros estados do Brasil, reuniu colaboradores, usuários, alunos, professores, artistas e atletas contrários ao repasse de 5% dos recursos do Sesc e do Senac para o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).
"O trabalho que o Sesc e o Senac fazem ninguém faz. O Sistema S utiliza seus recursos de forma ampla e eficiente em cultura, lazer, saúde, educação e muitas outras áreas. O desvio dos 5% impacta seriamente as nossas atividades. Unidades podem ser fechadas, empregos perdidos e milhares de atendimentos interrompidos", alerta Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) do Estado do Rio de Janeiro.

O ato contou com o apoio dos cantores Sandra Sá e Dudu Nobre, além de atletas do vôlei, como Talita Antunes e Juciely Silva. Durante a manifestação, foram coletadas assinaturas para o abaixo-assinado contra o desvio dos recursos. O documento já conta com mais de 650 mil adesões.

Cortes podem encerrar atividades em mais de 100 municípios

O ato nacional foi uma manifestação contra o desvio de 5% dos recursos do Sesc e do Senac, aprovado na Câmara dos Deputados, por meio dos artigos 11 e 12, inclusos no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 09/2023, e que deve ir à votação no Senado Federal nesta quarta-feira (17).
Segundo os organizadores do ato, se os dispositivos entrarem em vigor, as atividades do Sesc e do Senac podem ser encerradas em mais de 100 cidades brasileiras e mais de R$ 260 milhões deixarão de ser investidos em atendimentos gratuitos, como exames clínicos e odontológicos, por exemplo.

Os manifestantes ressaltam que, além do fechamento de unidades, também podem ocorrer demissões de mais de 3,6 mil trabalhadores, redução de 2,6 milhões de quilos de alimentos distribuídos pelo Programa Mesa Brasil, fechamento de 7,7 mil matrículas em educação básica e 31 mil em ensino profissionalizante, entre outros prejuízos que serão sofridos diretamente pela população atendida.
O que diz a lei
Por lei, todos os recursos de Sesc e Senac devem financiar programas de bem-estar social aos comerciários e suas famílias, além de criar e administrar escolas de aprendizagem comercial e cursos práticos, de formação continuada ou de especialização para os empregados do comércio.

"Se entrar em vigor, a nova legislação vai ferir inúmeras decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinam que essas verbas não são públicas, já que as contribuições dos grandes empresários do setor terciário devem ser destinadas exclusivamente para essas finalidades. Mesmo sem contribuir, as micro e pequenas empresas também são beneficiadas pela qualificação de funcionários e melhoria das condições de vida da população em geral", diz um trecho do comunicado emitido pelos organizadores do protesto.

Sobra no orçamento
De acordo com a gestão das duas autarquias, o valor apontado pela Embratur como suposto "superávit" do Sesc e do Senac já está comprometido com obras de manutenção ou início de novas unidades por todo o país. "O orçamento de 2023 foi pactuado pelo Conselho Fiscal do Sesc e do Senac, formado por sete entes, sendo quatro lideranças do governo federal, dois de entidades empresariais e um representante da classe trabalhadora. Os recursos foram empenhados para uso previamente determinado e de conhecimento de todos, inclusive, do governo", explica o comunicado do Sesc e Senac.

Centrais sindicais trabalhistas e confederações patronais cobram senadores

Na última semana, duas cartas foram endereçadas aos senadores – uma encaminhada pelos trabalhadores e outra pelos empresários – afirmando que o redirecionamento de valores prejudicará milhões de atendimentos gratuitos oferecidos à população nas áreas de saúde, educação, assistência, cultura, lazer e profissionalização.

Os documentos foram assinados pelas Confederações Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), da Indústria (CNI), da Agricultura e Pecuária (CNA), dos Transportes (CNT) e das Cooperativas (CNCoop).

Também assinaram a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT e Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio.