A visita contou com representação dos mandatos das deputadas que compõem a comissãoThiago Lontra

Rio - Uma fiscalização ocorreu, nesta terça-feira (16), no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Motivada por denúncias recebidas durante uma audiência pública realizada em abril sobre violência obstétrica, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) esteve no local.
"Nós recebemos algumas denúncias, viemos ver de perto qual é a situação do hospital. Foi aberta uma sindicância e nós vamos acompanhar esse processo", disse  a deputada Renata Souza, que preside a Comissão da Alerj.
A UTI, o espaço para amamentação e a sala S.O.S. Mulher, destinada a acolher e auxiliar mulheres vítimas de violência sexual, foram vistoriados pela deputada. As condições de trabalho no hospital, como o número de funcionários em cada área e a escala de plantões, também foram analisadas. Outra análise foi em relação ao funcionamento das comissões no hospital, como a que analisa as causas dos óbitos ocorridos na instituição.
"A gente quer que o hospital ofereça 100% da qualidade do serviço e, a cada denúncia ou situação que vulnerabilize uma mulher, nós estaremos atentos para poder cobrar explicações. Nesse primeiro momento, a gente entendeu que as informações que nós solicitamos foram atendidas a contento", afirmou Renata Souza.
Dentre as principais demandas do hospital, está a reposição de estoques de leite materno e de sangue. Segundo a deputada, o estoque de sangue está abaixo do mínimo necessário para o devido funcionamento da unidade.
Casos de repercussão
Questionado sobre casos que tiveram repercussão, como o da jovem Alessandra dos Santos, que teve complicações em uma cirurgia de retirada de um mioma, e do anestesista denunciado por violentar pacientes na sala de cirurgia, Abrahão Viana, diretor geral do hospital, explicou que a instituição está acompanhando os casos.
"Já existe uma sindicância na Fundação Saúde”, comentou Viana, que explicou que a cirurgia de retirada do mioma tinha o risco de ser prosseguida por uma histerectomia, que ocasionou uma alteração na coagulação sanguínea. "Todo o passo a passo foi informado à paciente. O quadro dela ficou muito grave. Em menos de 24 horas, ela foi transferida para unidade referência em vascular", explicou o diretor, destacando que a transferência se deu logo que a paciente apresentou um quadro estável.
Já no outro caso, o hospital prontamente substituiu o anestesista para continuar os procedimentos e prestou total auxílio às enfermeiras que denunciaram o caso. As funcionárias foram acompanhadas por psicólogos e durante o depoimento à polícia, por advogados.
Cesariana: metade dos partos
Cerca de 52% dos partos realizados no Hospital Heloneida Studart, são por meio de cesariana. Segundo o diretor, o alto percentual se deve ao fato da maioria das pacientes que chegam ao local, que só atende a casos de alto risco, não tiveram acompanhamento pré-natal.
“Existe um protocolo do Ministério da Saúde e a gente segue essa determinação. Há um índice alto de cesariana porque muitas mães não têm pré-natal, e aqui no hospital você tem um pré-natal bem acompanhado, mas as que são encaminhadas de fora vêm em outra situação”, comentou Viana.
A visita contou com representação dos mandatos das deputadas Índia Armelau (PL), Tia Ju (REP) e Zeidan (PT), que compõem a comissão.