Gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves domésticas e silvestresDivulgação / SES

Rio - A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou, nesta quarta-feira (24), o segundo caso de ave silvestre migratória contaminada pela Influenza Aviária (H5N1) no estado do Rio. Apesar da recente comoção, infectologistas consultados pelo DIA pontuam que, neste momento, a doença ainda não é uma preocupação para os seres humanos.
"É um ponto de alerta que, nesse momento, fica restrito às autoridades sanitárias. Não vejo necessidade da população se mobilizar e nem se assustar nesse momento. Gripe aviária em aves silvestres é relativamente comum e, provavelmente, já está circulando há um tempo. O pessoal que trabalha com avicultura, donos de granja e etc, têm que redobrar a vigilância e o cuidado com relação às propriedades deles, senão terão um prejuízo enorme. Entretanto, neste momento, é muito mais uma preocupação que é da competência do Ministério da Agricultura do que do Ministério da Saúde", diz Edimilson Migowski, infectologista e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Na última segunda-feira, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional. De acordo com a pasta, a preocupação com a grande quantidade de casos de influenza aviária vem ocorrendo desde outubro de 2021 em aves migratórias na Ásia, Europa e América do Norte. O número de animais infectados neste período é o maior já registrado e, nas estações de frio, as aves migram para o Hemisfério Sul. Assim, todos os países da América do Sul estão em alerta para o risco de ingresso da doença. 
Até o momento, não há registro de humanos que tenham sido infectados pela doença nesta nova onda. No entanto, em caso de contaminação, a tendência é de que seja uma gripe de maior gravidade, mas sem grande potencial de disseminação entre as pessoas.
"Quando o vírus é muito agressivo, ele é muito ruim para quem se infectou e, por mais sarcástico que possa parecer, bom para a população de modo geral. Isso porque se o vírus te derruba, você não tem condições de sair na rua, tem pouco contato, é um vírus que acomete muito o pulmão. A transmissão dele é menor e a gravidade é maior", disse Edimilson.
É importante ressaltar que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e nem de ovos. As infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária ocorrem por meio do contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas).
"A gripe aviária não ganhou uma proporção como o H1N1 (gripe suína). Já vem tendo casos há cerca de uma ou duas décadas, casos que ocorreram no sudeste asiático. Houve um letalidade grande, pessoas morreram, mas não houve uma disseminação como ocorreu com Sars-CoV-2 (covid-19) e outros vírus", concluiu.
O infectologista Rivaldo Venâncio, coordenador de pesquisas da Fiocruz, também afirma que os recentes casos em aves silvestres ainda não causam grande preocupação para a saúde pública. Entretanto, o monitoramento da doença precisa continuar.
"Enquanto não houver a circulação do vírus entre aves domésticas, não há tanta preocupação. Sempre será motivo de preocupação a circulação de um novo vírus entre as aves. A gripe aviária tem recebido certo protagonismo porque é um vírus novo que está circulando e que há a possibilidade, pelo menos teórica, de haver uma adaptação do vírus entre pessoas. Essa é a grande preocupação nossa", comentou.
A gripe aviária, em sua fase inicial, causa sintomas semelhantes à gripe comum e não há como fazer uma distinção. São eles: febre alta, mal-estar, calafrios, tosse, espirro, nariz entupido e coriza.
"As medidas de prevenção individuais e coletivas são em relação a todas as formas de gripe. O distanciamento social, a higiene pessoal, uso de máscara. Isso caso venha a ocorrer essa adaptação à transmissão de pessoa para pessoa e, consequentemente, a elevação no número de casos entre nós", disse Rivaldo.
Plano de Contingência
Para evitar a disseminação do vírus no Rio de Janeiro, as autoridades estaduais intensificaram as ações de monitoramento e prevenção. Nesta quarta-feira, a secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento (Seappa) divulgou o Plano de Contingência que estabelece medidas de controle para detectar precocemente e conter a disseminação da Influenza Aviária em aves domésticas, silvestres e exóticas. O documento também estabelece o fluxo de informação entre os órgãos envolvidos por se tratar de zoonose com potencial pandêmico.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), já estrutura um painel de monitoramento da Influenza Aviária. E será instituído um fluxo de comunicação entre a Seappa e a Cievs para informar qualquer mortalidade de aves suspeitas, assim como pessoas com suspeita de síndrome gripal com histórico de contato com aves suspeitas.
Orientação aos criadores de aves e cidadãos

A Secretaria Estadual de Agricultura alerta que a população evite contato direto com aves caídas, mortas ou não, domésticas, silvestres/exóticas e migratórias, além de mamíferos aquáticos (qualquer espécie). Qualquer suspeita de animal contaminado deve ser comunicada imediatamente ao Núcleo de Defesa Agropecuária da região ou à Coordenação de Vigilância Ambiental do seu município.

A Secretaria de Agricultura aconselha criadores de aves de corte ou postura, avicultura de pequena escala e subsistência, que intensifiquem as medidas de biosseguridade das granjas. Devem ser tomados cuidados como proibir qualquer tipo de visita às unidades de produção; conferir cercamento de núcleo e telamento adequado do galpão; manter o portão de acesso das propriedades fechado; desinfectar veículos em e materiais que acessem as granjas; ter cuidados com ração e água; manter registro de pessoas e veículos entre outras medidas definidas nas normas vigentes.