Dia contra o racismo no futebol foi aprovado em primeira discussão na AlerjThiago Lontra / Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Rio - A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou em primeira discussão, nesta quinta-feira (25), o projeto de lei que determina o dia 7 de abril como o Dia da Resposta Histórica Contra o Racismo no Futebol. Na terça-feira (23), a medida foi inserida na pauta de votações após a manifestação de diversos deputados contra os atos racistas sofridos pelo jogador Vinícius Júnior durante uma partida na Espanha. 
A proposta, que ainda será votada em segunda discussão pela Alerj, é de autoria dos deputados Verônica Lima (PT), Felipinho Ravis (SDD) e Andrezinho Ceciliano (PT). Durante a votação, também foi cedida a coautoria para as deputadas Martha Rocha (PDT) e Dani Monteiro (PSOL).
"Para o povo brasileiro, o futebol significa a possibilidade de ascensão social e econômica de muitos jovens e adolescentes que se inspiram nos atletas de alta performance, como o Vini Jr. Então, quando atacam esses atletas também estão atacando milhares de meninos e meninas que têm no futebol e na figura desses atletas uma referência positiva", afirmou Verônica Lima.
Vinícius receberá medalha Pedro Ernesto
A Câmara Municipal do Rio aprovou, nesta quinta-feira (25), a entrega da medalha Pedro Ernesto ao Vinícius Júnior. A proposta partiu da vereadora Monica Cunha (PSOL), presidente da Comissão Especial de Combate ao Racismo, que justificou a entrega da honraria pelo posicionamento e luta antirracista dentro e fora dos estádios.
"Nós gostaríamos de dar essa medalha por reconhecimento do enorme talento do Vinicius, mas infelizmente, vamos mais uma vez falar de racismo. Isso, tristemente, é um cotidiano na nossa cidade. Acontece nas escolas, na cultura, nas ruas. Seria ótimo que essa comoção acontecesse por todos que passassem por essa situação e não só pelo Vini. Mas que essa medalha sirva de motivação para que não só ele como tantos outros, denunciem e se posicionem contra toda e qualquer violência. Racismo é crime e vamos lutar contra ele até o fim", disse Monica.
Casos de racismo
Durante o jogo entre o Real Madrid e Valência, no último domingo (21), no Estádio Mestalla, a torcida valenciana gritou insultos como "macaco" direcionados ao Vinícius Júnior. A partida foi interrompida e o locutor do estádio pediu para que torcedores parassem de insultar o atacante para que a partida pudesse ser reiniciada.

Já nos minutos finais da partida, o goleiro do Valência discutiu com Vini Jr, iniciando uma confusão generalizada. Vinícius sofreu uma espécie de 'mata-leão' do jogador Hugo Duro, foi empurrado e, ao reagir, acabou sendo expulso após análise do VAR. Nada aconteceu com os jogadores do Valência.

Entre outros casos de racismo envolvendo o atleta brasileiro na Espanha, um de maior destaque ocorreu em janeiro deste ano, quando torcedores do Atlético de Madrid penduraram, em uma ponte da capital espanhola, um boneco com a camisa do Vinícius Júnior e uma faixa escrita "Madrid odeia o Real".
Resposta Histórica do Vasco

Os autores do projeto de lei escolheram o dia 7 de abril em alusão à manifestação do Vasco, em 7 de abril de 1924, quando o clube teve sua inscrição recusada pela Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (Amea).

A entidade só permitiria a filiação do clube caso todos os 12 jogadores, negros e operários, fossem dispensados sob a acusação de que teriam "profissão duvidosa" e que não apresentavam "condições sociais apropriadas para o convívio esportivo".

O Vasco recusou a proposta de excluir seus jogadores e, no dia 7 de abril de 1924, o então presidente do clube enviou uma carta resposta ao presidente da entidade, que ficou conhecida como 'Resposta Histórica', e como um marco da luta contra a discriminação racial no futebol brasileiro.