Kathlen Romeu, grávida baleada na cabeça no Complexo do Lins, na Zona Norte do RioReprodução / Instagram

Rio - Dois anos após a morte de Kathlen Romeu, a Justiça do Rio realizou nesta segunda-feira (29) a primeira audiência de instrução e julgamento dos PMs acusados da morte da jovem, que estava grávida, no Complexo do Lins, na Zona Norte. Ao todo, nove testemunhas eram esperadas, mas só cinco compareceram.

A avó de Kathlen, Saionara Oliveira, e a mãe da jovem, Jackeline Oliveira, fizeram parte da lista de testemunhas ouvidas na 2ª Vara Criminal da Capital, ao longo da tarde desta segunda. A audiência foi presidida pelo Juiz Leonardo Rodrigues da Silva Picanço.
Os PMs acusados pelo homicídio de Katlhen, que tinha 24 anos, Marcos Felipe da Silva Salviano e Rodrigo Correia de Frias, também devem ser ouvidos pelo magistrado. Além deles, são aguardadas outras testemunhas que devem ser ouvidas em novas datas.
De acordo com registro, os dois policiais realizavam um patrulhamento de rotina na localidade conhecida como Beco da 14 e atiraram contra suspeitos que estariam vendendo drogas, mas acabaram atingindo a jovem, que caminhava com a avó pela Rua Araújo Leitão.
Na ocasião, a vítima foi baleada com um tiro de fuzil e chegou a ser socorrida para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. As investigações do caso não concluíram quem fez o disparo, mas indicaram que quem puxou o gatilho foi um agente da Polícia Militar. Os dois ainda são réus por falso testemunho e fraude processual, por alterarem a cena do crime.
Na última terça-feira (23), Salviano e Frias, junto com o capitão Jeanderson Corrêa Sodré, o 3° sargento Rafael Chaves de Oliveira e o também cabo Cláudio da Silva Scanfela foram interrogados pelo crime de fraude processual durante audiência na Auditoria Militar do Rio, mas negaram as acusações.
Em seu depoimento, o capitão Jeanderson disse que patrulhava a região, quando ouviu os disparos e viu colegas acenando para a viatura. Ao se aproximar, eles teriam informado que havia uma moradora baleada. O militar disse que prestaram socorro à vítima e que o local não foi preservado devido a uma manifestação de moradores. 
Frias contou que ele e outros dois policiais foram atacados quando patrulhavam o beco no local. Segundo ele, os disparos foram revidados e no fim do beco, encontrou uma mulher caída no chão e uma senhora gritando. Após socorrer Kathlen, ele disse que o sargento Chaves teria recolhido sacolas abandonadas por criminosos na rua. As bolsas, segundo ele, tinham drogas, carregadores de pistola e de fuzil, além de munições. Outro policial presente no beco, o cabo Marcos Felipe Salviano admitiu que efetuou cinco disparos de fuzil durante a ação.
Já o sargento Rafael Chaves falou que, devido à necessidade de sair do local rapidamente por pressão dos moradores, conseguiu pegar apenas parte das sacolas largadas na rua e negou que tenha retirado objetos do chão.