Influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, vão ser investigadas pela DecradiReprodução/redes sociais

Rio - As influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, investigadas por racismo, já se envolveram em outra polêmica por ofender um motorista de aplicativo em um vídeo publicado nas redes sociais. O caso não foi registrado na delegacia.
Publicada em 2021, a filmagem mostra as duas entrando no carro do homem e reclamando de "cheiro de podre" e "cheiro de bicho morto". Na sequência, a mãe passa a mão na cabeça do motorista e o ofende: "Acho que é por causa desse cabelo. Cabelo grande, suado". A filha responde: "Que nojo, não mexe nisso". No fim, elas dão R$ 200 ao homem como "desculpa".
Após a repercussão negativa, as influenciadoras, que possuem mais de 13 milhões de seguidores no TikTok, apagaram o vídeo e publicaram um novo com o motorista. Nesse, elas afirmam que pediram para ofender e gravar o homem como forma de "trollagem" (uma brincadeira ou "pegadinha") para a internet. O motorista confirmou a versão e disse que não se sentiu humilhado porque a situação foi combinada.
Ainda assim, parte dos internautas mantiveram as críticas contra as atitudes das influenciadoras. "Racismo recreativo não é trollagem", comentou um perfil. "Eu acho que vocês não deveriam fazer esse tipo de trollagem, eu fiquei bem sentida", publicou outro. 
Denúncias por racismo
O Ministério Público do Rio recebeu quase 700 denúncias contra um vídeo no qual Kérollen e Nancy entregam uma banana e um macaco de pelúcia para duas crianças negras. O caso está sendo investigada pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital.
A Polícia Civil também foi acionada e a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito. Os vídeos serão analisados e diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar o possível crime.
Nas imagens, Kérollen conversa com um menino negro e pergunta se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele escolhe o presente, mas, quando percebe que era uma banana, demonstra que não gostou e sai.
Em outro momento, a influenciadora conversa com menina na rua e oferece a opção de a criança escolher entre R$ 5 ou um presente. A menina escolhe pelo presente, abre a caixa e vê que se trata de um macaco de pelúcia. Com o brinquedo nos braços, a criança aparenta ter ficado feliz e agradece.
De acordo com a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, as imagens apresentam "racismo recreativo", situação na qual uma pessoa usa a discriminação contra pessoas negras como o intuito de diversão.
Em nota publicada nas redes sociais, as influenciadoras afirmam que "não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminação de minorias".