Rafael Silva dos Santos tentou atirar contra o entregador Leonardo Muniz SoaresReprodução

Rio - O entregador Leonardo Muniz Soares, de 29 anos, ameaçado por um cliente armado na noite do sábado passado (10), ainda não conseguiu voltar ao trabalho desde o ocorrido. Leonardo disse ao DIA que está traumatizado e que vai precisar fazer fisioterapia para tratar uma lesão na região do quadril que piorou enquanto tentava correr de Rafael Silva dos Santos.
Leonardo Muniz Soares, de 29 anos, foi ameaçado por cliente armado em Niterói, na noite de sábado (10) - Divulgação
Leonardo Muniz Soares, de 29 anos, foi ameaçado por cliente armado em Niterói, na noite de sábado (10)Divulgação
"Eu estou sem trabalhar desde sábado (10), na quarta-feira (14) eu tentei trabalhar e não consegui, fiz cinco entregas e voltei para casa. Estou precisando fazer fisioterapia, precisava pagar a moto do colega de trabalho que também caiu no chão quando eu tentei correr. Estou traumatizado", disse Leonardo.

O entregador, que completa 29 anos nesta quinta-feira (15), disse que só se lembrou do aniversário ao longo do dia. Muito abalado, ele busca soluções para conseguir voltar logo ao trabalho. Nas redes sociais, familiares e amigos do motoboy fazem uma vaquinha online para conseguir ajudar nos custos da fisioterapia e no aluguel da casa onde Leonardo mora com as duas filhas menores de idade e a mulher. 

Na terça-feira (13), ele e uma testemunha entregaram à 81ª DP (Itaipu) um pedido de medida protetiva contra o agressor. O delegado titular da distrital, Lauro Cesar Rangel, vai protocolar nos próximos dias o pedido para o Juizado Especial Criminal de Niterói, que decidirá, a partir das partes ouvidas, se vai conceder a medida às vítimas.

A cliente Adriana Sodré, mulher de Rafael, prestou depoimento dias após o episódio e relatou que o marido havia saído de casa e não tinha informações sobre o paradeiro dele. Rafael já foi intimado a depor, mas ainda não compareceu à distrital ou foi localizado em nenhum endereço e por telefone. Entretanto, ele não é considerado foragido.

Relembre o caso

Na noite de sábado (10), Leonardo se recusou a subir no apartamento de Adriana, no Condomínio Viamar Residence Club, localizado na Estrada Velha de Maricá, em Várzea das Moças, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, e foi perseguido por ela e pelo marido.

Após a breve confusão na portaria do condomínio, Leonardo levou o lanche de volta ao restaurante. Ao chegar no estabelecimento para devolver a encomenda, por volta das 22h, o entregador viu Adriana e o marido na porta do restaurante, na Estrada Francisco Nunes da Cruz, em Itaipu, Niterói.

Em seguida, Rafael apontou uma arma para a vítima. Assustado, o entregador tentou correr, mas esbarrou em uma moto e caiu, sofrendo ferimentos leves. Um outro colega de trabalho o socorreu e o retirou do local. A ação foi registrada por câmeras de segurança.

As imagens mostram Leonardo parado em frente a um estabelecimento junto com outros três motoboys, quando Adriana e Rafael se aproximam. O homem aponta para a vítima, que usa uma mochila verde de entregas, e pergunta à mulher se é o entregador, mas antes que ela responda, saca uma arma da cintura. "Para Rafael, para. Por favor, não, para", grita a companheira, que se coloca na frente dele e tenta o impedir de atirar.

No vídeo, o homem parece fazer disparos, mas a arma teria falhado. A todo momento, Adriana pede para que o marido pare. Assustado, Leonardo tenta fugir com sua motocicleta, mas acaba se atrapalhando e cai duas vezes até conseguir fugir do local. Ele sofreu ferimentos leves. Poucos segundos depois, é possível ver, de outro ângulo, a mulher e outros dois entregadores acalmando Rafael, que aparece alterado e faz xingamentos. Confira abaixo.

Cliente foi banida do aplicativo

O iFood informou, nesta quinta-feira (15), que desde que teve conhecimento do caso, fez apurações internas e, além de prestar assistência a Leonardo, decidiu bloquear Adriana Sodré. Segundo a plataforma, a obrigação do entregador é entregar no primeiro ponto de contato que existe na residência do cliente. Se for um condomínio, esse ponto é a portaria. Nesta semana, a empresa lançou a Central de Apoio Jurídico e Psicológico aos entregadores, por conta dos casos de discriminação registrados em todo país. Somente em 2023, foram 43 denúncias por mês, em média, feitas pelos profissionais.