Enterro do jovem Douglas Falcão no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Neste Sábado (24).Marcos Porto/Agência O Dia

Rio - "Se a porta estivesse fechada, ele ainda estaria comigo". O desabafo é do jardineiro João Domingues Falcão, 35 anos, pai de Douglas Vianna Falcão, 22 anos, enterrado neste sábado (24) no Cemitério Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. O jovem morreu na última quinta-feira (22) após cair do BRT em movimento, na altura da estação Mato Alto, em Guaratiba, na mesma região.

"Infelizmente a porta estava aberta. Eu não quero que os outros passem por isso que eu to passando, porque se a porta estivesse fechada, ele ainda estaria comigo, fazendo seu trabalho e dando o melhor de si. Agora a pergunta é: 'Por que o ônibus saiu com a porta aberta?’' Os veículos estão em mau estado, sem ar, sem segurança, superlotação. Todos dias a gente vê isso, não está tendo melhoria, até agora não teve solução e já aconteceram muitas mortes", lamentou João.
De acordo com a Mobi-Rio, testemunhas relataram que o rapaz estava com o corpo para fora do veículo, bateu com a perna no segregador da pista, se desequilibrou e caiu. A concessionária informou que trabalha para mitigar o desgaste da frota antiga que ainda está em operação no corredor Transoeste e alegou que nenhum ônibus sai das garagens de portas abertas, além de que todos os equipamentos são checados antes dos coletivos iniciarem a viagem.

O pai da vítima, no entanto, discorda e cobra melhorias da empresa. "Espero justiça, que seja feita vistoria, que tenha ar condicionado, que tenha melhoria. Enquanto não resolverem esses problemas vão acontecer mais mortes, se a porta estivesse fechada, como ele ia cair?", questionou.

Por fim, ainda emocionado, João descreveu o filho como uma pessoa muita alegre. "Meu filho era muito brincalhão, zoava muito, curtia bastante, era muito amigável com geral, sempre gostou de trabalhar, era um menino esforçado, sempre buscando o melhor, fazendo o melhor dele, uma pessoa muito boa, não tenho palavras pra dizer", disse emocionado.

Ainda durante o sepultamento, amigos e familiares vestiam uma blusa em homenagem a vítima com o seguinte dizer: “Vesti o luto eterno, pois sua partida deixou uma saudade e um vazio infinito em nossos corações. Eterno DG”.
Douglas era marceneiro, morador de Santa Cruz, e estava a caminho do trabalho no momento do acidente. Segundo relatos de amigos, ele costumava pegar sempre o mesmo BRT e estava indo para a estação Salvador Allende.
Douglas Vianna Falcão morreu após cair do BRT em movimento na altura da estação do Mato Alto - Rede Social
Douglas Vianna Falcão morreu após cair do BRT em movimento na altura da estação do Mato AltoRede Social

Wendel dos Santos Soares, um amigo do trabalho de Douglas, também esteve no enterro e muito emocionado contou que o amava. "Ele era um moleque bom, estava comigo no trabalho, durante 8 meses trabalhando comigo, perdi um amigo verdade, mas ele sabe o quanto eu o amava", disse.
No fim do sepultamento, os amigos e familiares soltaram fogos em homenagem ao jovem.
Relembre outros casos
Essa não é a primeira vez que pessoas morrem ao cair do BRT em movimento. No início de junho deste ano, uma jovem morreu após cair de um BRT em movimento também no corredor Transoeste, na altura da Estação Magarça, na Zona Oeste. Thalita Gabriela Barros, de 18 anos, viajava no veículo lotado quando a porta abriu e a vítima foi lançada para fora.

Já em abril, o adolescente Marcos Vinícius Amorim Rodrigues, de 15 anos, voltava do colégio quando sofreu um acidente. Pouco antes de chegar em casa, ele caiu de um articulado do BRT que transitava com a porta aberta na Estrada da Pedra, em Santa Cruz, na Zona Oeste, e morreu.

Ainda neste ano, uma mulher de 22 anos morreu ao cair do BRT na Estação da Taquara, que seguia no sentido Barra da Tijuca. Nas redes sociais, testemunhas relataram a tentativa de embarque da vítima. "Ela tentou pular para dentro do BRT em movimento quando passava pela Estação da Taquara e acabou caindo no vão entre o articulado e a plataforma", comentou.