Museu do Amanhã, localizado na Praça Mauá, na Zona Portuária do Rio, poderá ser chamado de Jornalista Glória MariaMarcos Porto/Agencia O Dia

Rio - A Câmara de Vereadores do Rio aprovou, por unanimidade, nesta quinta-feira (28), a renomeação do Museu do Amanhã, localizado na Praça Mauá, na Zona Portuária do Rio, para Museu do Amanhã Jornalista Glória Maria. O projeto, aprovado em segunda discussão, segue para a sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes (PSD).
O Projeto de Lei nº 1993/2023 é de autoria dos vereadores Rosa Fernandes (PSC), Luciano Medeiros (PSD) e Alexandre Beça (PSD). No documento, os parlamentares justificaram o pedido como uma forma de reconhecimento de uma profissional que marcou a história do jornalismo e da TV.
"A nomeação do 'Museu do Amanhã Jornalista Glória Maria' é o reconhecimento desta profissional como uma mulher à frente do seu tempo. Uma desbravadora de notícias e culturas, que imprimia sua personalidade corajosa em tudo que fazia. Marcou a história da TV com uma intimidade de quem conversava com as câmeras, trazendo o público para dentro de suas matérias. O Brasileiro viajou com suas histórias, conheceu o mundo através de suas reportagens e aplaudia a forma simples de fazer o diferente", informa a justificativa dos parlamentares.
Glória Maria morreu no dia 2 de fevereiro deste ano em decorrência de um câncer no cérebro após ficar internada no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. De acordo com a comunicação da TV Globo, o tratamento da jornalista deixou de fazer efeito dias antes da morte.
"Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, inicialmente também com êxito. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito", comunicou a emissora à época.
No início de dezembro do ano passado, a veterana foi afastada das gravações do "Globo Repórter" para cuidar da saúde. A previsão era de que ela voltasse ao trabalho este ano. Ícone do jornalismo, Glória Maria foi a primeira repórter a entrar ao vivo no "Jornal Nacional". Ela protagonizou momentos históricos na TV e viajou para mais de 100 países a trabalho. Ela deixou duas filhas, Laura e Maria.
Pioneira
Glória Maria Matta da Silva era carioca e filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta. Quando criança, sempre estudou em colégios públicos e se destacava. Mais tarde, conciliou os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista.
Em 1970, uma amiga a levou para trabalhar na radioescuta da Globo. Na época, como não havia internet, Glória Maria fazia as rondas escutando as frequências da polícia para descobrir o que estava acontecendo na cidade. Ligar para batalhões, delegacias e apurar via telefone também fazia parte da tarefa.
Sua estreia como repórter aconteceu na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio, em uma época em que os repórteres ainda não apareciam em vídeo. A jornalista passou por noticiários como o "Jornal Hoje", o "RJTV" e o "Bom Dia Rio". No "Jornal Nacional", ela entrou para a história ao ser a primeira repórter a aparecer ao vivo. Glória Maria participou de grandes coberturas. No Brasil, entrevistou chefes de estado. No exterior, cobriu a posse Jimmy Carter, em Washington.
A jornalista também foi apresentadora do "Fantástico" de 1998 a 2007. No entanto, ela estreou como repórter do programa muito antes, em 1986. Glória ficou conhecida por suas viagens a lugares exóticos e por entrevistar personalidades como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.
Ela também cobriu a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
Depois de 10 anos no "Fantástico", a jornalista tirou uma licença de dois anos para projetos pessoais. No período, ela viajou para lugares como Índia e Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Foi também nesse período que ela adotou as filhas, Laura e Maria.
Ao voltar para a Globo, a jornalista pediu para integrar a equipe do "Globo Repórter", da qual ainda fazia parte.