Reunião da CPI da Violência Cibernética contra Mulheres foi realizada nesta quinta-feiraDivulgação / Julia Passos / Alerj
Levantamento aponta que mais de 100 mil mulheres sofreram violência no Rio em 2021
Registros de violência psicológica superaram os casos de agressões físicas pela primeira vez
Rio - Um levantamento feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostrou que mais de 100 mil mulheres foram vítimas de violência durante o ano de 2021, no Rio de Janeiro. O Dossiê Mulher 2022 foi divulgado nesta quinta-feira (29) durante uma reunião da CPI da Violência Cibernética contra Mulheres, da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
O dado indica que uma mulher é vítima de violência a cada cinco minutos no estado. O número, no entanto, pode ser ainda maior, como explicou a coordenadora do ISP, Elisângela Oliveira.
"Os dados foram levantados a partir de queixas registradas pela Polícia Civil e sabemos que muitas mulheres, por medo, acabam não denunciando, por isso, esse número é só um recorte. Queremos ter um dia um retrato melhor dos crimes nesse ambiente virtual, e vale frisar que com a pandemia e o uso mais frequente da internet esse tipo de crime também aumentou", disse.
A coordenadora do ISP informou que, pela primeira vez, os casos de violência psicológica superaram as físicas. Foram 36.795 registros em 2021. Elisângela ressaltou que o instituto tem buscado por outras fontes além da Polícia Civil para ampliar a base de dados. "Ao longo das últimas edições, estamos tentando nos unir com outras esferas do Governo Federal. Hoje trabalhamos também com os dados do 190, da Polícia Militar e dos Centros de Referências", afirmou.
A presidente da CPI, deputada estadual Martha Rocha (PDT), afirmou que um dos desafios é criar mecanismos que facilitem a denúncia sem que a vítima precise ir à delegacia. Apesar dos avanços do registro on-line, a parlamentar entende que é preciso pensar em outras formas de fazer o processo completo de forma virtual.
"Quando uma mulher comparece à delegacia e chega a fazer uma ocorrência, a gente fica sabendo que aquele fato ocorreu naquele dia. Mas, provavelmente, outros fatos ocorreram também em dias anteriores, então facilitar esse processo é uma ação fundamental, para que ela registre sempre. Temos que olhar para o futuro e ver uma nova realidade em que a gente possa usar a tecnologia a favor da mulher", afirmou a deputada.
Durante a reunião, a delegada Natacha Oliveira, especialista em crimes de internet, apresentou um panorama das legislações que tipificam os crimes virtuais. Entre os mais comuns, estão os delitos patrimoniais e fraudes, de violência psicológica e de perseguição, inseridos recentemente.
A delegada explicou que o agressor pode responder por mais de um crime e ter sua pena aumentada. Natacha destacou a necessidade de melhorar a qualificação dos policiais que trabalham nessas investigações e aumentar o efetivo.
"É preciso que haja uma renovação periódica dos quadros públicos, como também a permanente capacitação tecnológica desses servidores para que eles possam incrementar as investigações associadas ao uso das tecnologias. Os crimes, apesar do ambiente ser digital, as consequências são imediatas e reais que podem resultar muitas vezes em suicídios ou processos depressivos", destacou a delegada.
No final da reunião, a comissão aprovou a convocação dos representantes das secretarias Estadual de Saúde e de Educação e solicitou ao ISP indicações de municípios que possam integrar o plano de trabalho.
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