Projeto do IDG para o Cais do ValongoDivulgação/IDG

Rio - O Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) iniciou as obras de valorização do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região da Pequena África, no Porto do Rio, nesta quinta-feira (6).

Primeiro, o local recebeu os contêineres de apoio, na sequência, serão instalados muretas e um guarda-corpo. Após isso, será colocado um módulo expositivo com quatro totens que vão contar a história da região. A curadoria é da historiadora especialista na História da escravidão e das Relações raciais nas Américas Ynaê Lopes dos Santos.

Após as instalações, a Prefeitura do Rio de Janeiro vai implantar uma nova iluminação no espaço, obedecendo a todas as especificidades necessárias, a partir do projeto feito pelo IDG.
Projeto do IDG para o Cais do Valongo  - Divulgação/IDG
Projeto do IDG para o Cais do Valongo Divulgação/IDG


O Cais do Valongo é considerado patrimônio da humanidade pela Unesco desde 2017. O local é o único vestígio material da chegada de negros escravizados à América. Entre 1811 e 1831, estima-se que tenham desembarcado na região cerca de um milhão de pessoas provenientes, em sua maioria, do Congo e de Angola.

As ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a primeira-dama Janja Lula da Silva e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, estiveram no Cais em março deste ano para anunciar investimentos. O local precisa atender às exigências da Unesco em relação à conservação, manutenção e gestão.
A obra de valorização pretende atender as exigências do órgão, que deveriam ter sido realizadas até o ano de 2019.


Acervo exposto no Muhcab

Parte do acervo de peças históricas acondicionadas no Galpão Docas Pedro II está em exposição no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Rua Pedro Ernesto, na Gamboa. São relíquias como figas de madeira e osso, brincos, anéis de piaçava, cachimbos e miçangas.

O Cais do Valongo

O Cais do Valongo foi descoberto em 2011, na fase inicial do projeto Porto Maravilha, de revitalização da região, adjacente ao mercado. Estima-se que por lá passaram 700 mil africanos escravizados, entre 1790 e 1831, oriundos principalmente de portos do atual território de Angola, mas também de Moçambique.

O local tem uma forte ligação com a história da escravidão no Brasil. O Valongo é considerado o maior porto receptor de pessoas escravizadas do mundo e integra a lista de Patrimônio Mundial da ONU. Estima-se que cerca de um milhão de africanos escravizados passaram pela região durante a época.

O Valongo passou a ser utilizado após uma nova legislação estabelecer a transferência do mercado de escravos para a localidade. Mesmo com a proibição do tráfico negreiro em 1831, o Cais do Valongo continuou sendo um dos principais pontos para compra e venda de pessoas escravizadas.

A escavação arqueológica de 2011 abriu um pedaço de terreno de quatro mil metros quadrados. De lá saíram centenas de artefatos de matrizes africanas, como contas de colares, búzios, brincos e pulseiras de cobre, cristais, peças de cerâmica, anéis de piaçava, figas, cachimbos de barro, materiais de cobre, âmbar, corais e miniaturas de uso ritual.