Vazamento de esgoto atinge Cais do Valongo, na Zona Portuária do Rio, nesta quinta-feira (6)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - O vazamento de esgoto no sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região da Pequena África, Zona Portuária do Rio, foi reparado nesta quinta-feira (6). De acordo com a Águas do Rio, uma equipe da concessionária esteve no local e realizou a desobstrução da rede de esgoto.
O vazamento aconteceu no mesmo dia em que o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) iniciou as obras de valorização do espaço. O Cais do Valongo estava com poças de esgoto, acúmulo de folhas secas e lixo, como descartáveis. Pedestres que passavam por uma das calçadas do espaço tiveram que desviar para não se sujarem.
O Cais do Valongo é considerado patrimônio da humanidade pela Unesco desde 2017. O local é o único vestígio material da chegada de negros escravizados à América. Entre 1811 e 1831, estima-se que tenham desembarcado na região cerca de um milhão de pessoas provenientes, em sua maioria, do Congo e de Angola.
Problemas de conservação frequentes
No dia 1º de abril do ano passado, o Cais do Valongo amanheceu alagado e lotado de lixo depois de um temporal que atingiu a cidade do Rio. Na época, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) informou que o nível do lençol freático subiu e um problema em uma das bombas diminuiu o tempo de drenagem, o que provocou o alagamento.
Há dois anos, uma piscina se formou no local devido a um problema no fornecimento de energia na Zona Portuária, que gerou problemas na drenagem do espaço realizada por bombas submersas. O sítio arqueológico fica abaixo do nível de lençol freático e, por isso, o trabalho de drenagem é necessário.
Em julho de 2020, um funcionário da Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva) chegou a ficar submerso durante um trabalho de reparo.
Obras de valorização
O local recebeu os contêineres de apoio, na sequência, serão instalados muretas e um guarda-corpo. Após isso, será colocado um módulo expositivo com quatro totens que vão contar a história da região. A curadoria é da historiadora especialista na História da escravidão e das Relações raciais nas Américas Ynaê Lopes dos Santos.
Após as instalações, a Prefeitura do Rio de Janeiro vai implantar uma nova iluminação no espaço, obedecendo a todas as especificidades necessárias, a partir do projeto feito pelo IDG.
As ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a primeira-dama Janja Lula da Silva e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, estiveram no Cais em março deste ano para anunciar investimentos. O local precisa atender às exigências da Unesco em relação à conservação, manutenção e gestão.