Gilson Francisco foi encontrado morto dentro de um carro na Rua Doutor Bernardino, na Praça SecaReprodução

Rio - Um motorista de aplicativo foi encontrado morto dentro de um carro, na manhã deste domingo (16), na Rua Doutor Bernardino, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio. Gilson Francisco, conhecido como Tico, tinha 48 anos e estava sendo procurado por familiares desde o fim da tarde de sábado (15), quando foi visto pela última vez, trabalhando na região.
"Ele acabou de ganhar um neto, o meu filho. Ele era super animado, família, amoroso... Amava curtir a vida e viajar. O que mais me dói é saber que um dos amores da vida dele, o meu filho, pode não lembrar dele e não vai realizar tudo que ele planejava. Só espero saber de fato o que aconteceu, quem fez. E que seja punido", desabafou Kathlyn Castro, de 25 anos, filha da vítima.
Policiais do 18º BPM (Jacarepaguá) foram acionados e encontraram Gilson já morto dentro do veículo. O corpo dele estava com diversas marcas de tiro. A ocorrência foi registrada na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que realizou perícia na área. A investigação está em andamento para apurar as circunstâncias e autoria do crime.
De acordo com Wellington, sogro de Gilson, havia uma blitz de criminosos no local, Gilson deu ré e bateu com o carro em uma árvore. Em seguida, os homens começaram a atirar em direção ao veículo, atingindo a vítima.
"Está sendo muito difícil. A morte é algo natural, mas não era para acontecer desta forma. Ficamos sem teto, sem mão e sem braço. Parece que um buraco se abriu e nos joagaram dentro sem sabermos nadar, ficamos sem nada. Hoje, ele e minha filha passeariam de moto antes do jogo do Flamengo, quando começamos a pensar nestas questões, que para muita gente é pouco, mas depois que a gente perde, nós sentimos o quão grande é. Ele e a minha filha estavam com a casinha nova, e agora  ela não vai querer mais ficar lá. Eles são casados há nove anos e queriam morar fora do Brasil, justamente por conta da violência. É uma área que ficou como a regiçao de Gaza, miliciano de um lado, Comando Vermelho (CV) de outro", disse, entristecido.
"A morte já é triste, mas desta forma é trágica, destrói o ser humano. Quando fiz o reconhecimento do corpo, aquele pano levantou, vi aquele corpo cheio de tiro, foi um momento horrível. E, infelizmente, será uma morte impune", finalizou.
O corpo de Gilson foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) do Centro nesta tarde de domingo (16). O enterro será no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, mas até o momento, não há informação sobre a a data. Além de Kathlyn, ele deixa outros dois filhos, de 18 e 12 anos.
Violência contra motoristas de aplicativo
No último mês, outros dois motoristas de aplicativo foram assassinados no Rio. Também na Zona Oeste, Leones de Oliveira Rodrigues, de 30 anos, foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro do carro em Senador Camará, no último dia 26.
O motorista, conhecido como Sorriso, havia saído para trabalhar no dia anterior e familiares estranharam quando ele parou de dar notícias. O corpo dele estava com mãos e pés amarrados no momento em que foi encontrado. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
No bairro do Caju, na Zona Norte, o motorista Leandro da Silva Ribeiro, de 41 anos, também foi encontrado morto com marcas de tiros dentro de seu próprio, no último dia 22. Morador do Complexo da Maré, ele desapareceu dois dias antes, ao realizar uma corrida por aplicativo. A ocorrência também está em andamento na DHC.