Familiares recebem orientação das comissões da Câmara do Rio e Alerj para provar inocência de mototaxistaThiago Lima/ Alerj

Rio - A família do mototaxista Diego Felipe Oliveira dos Santos, de 35 anos, afirma que ele foi preso injustamente na noite do dia 26 de julho, na Avenida Brás de Pina, na Penha Circular, Zona Norte do Rio, por um crime que não cometeu. De acordo com a prima dele, Débora da Silva, Diego foi detido durante uma blitz do 16º BPM (Olaria), quando transportava um passageiro para o Complexo da Penha. Com o passageiro, um jovem de 17 anos, os policiais encontraram uma mochila com fuzil, drogas, munições e roupa camuflada.
O mototaxista foi preso em flagrante, e o adolescente, apreendido. Ambos foram conduzidos para a 38ª DP (Brás de Pina) e Diego foi encaminhado para o sistema prisional. Ele passou por audiência de custódia no dia 27 de julho e a sua prisão foi convertida em preventiva. Já o adolescente foi liberado logo em seguida.

Para a família de Diego, a prisão aconteceu de forma precipitada, já que o mototaxista não estava com o material ilícito e o adolescente, que estava com a mochila, foi solto.
"Ele trabalha como mototaxista há mais de dez anos e como motorista de aplicativo há três anos. Ele também é mensageiro há 15 anos no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Fundão, há 15 anos. Meu primo sempre trabalhou para sustentar seus três filhos. Nunca foi envolvido com coisa errada. Diego é conhecido na nossa comunidade e não é porque ele é mototaxista que vai ser tratado como bandido. Vamos lutar pela inocência dele", disse a prima. Os mensageiros em hospitais têm a função de levar exames e conduzir pacientes para realizar exames.

Ainda segundo os parentes, Diego não foi autorizado a ligar para a família e a sua mulher, Tatiane Coelho, só descobriu seu paradeiro após percorrer diversas delegacias do Rio. Quando o encontraram, dois dias depois, ele já havia sido transferido para o presídio Tiago Teles de Castro Domingues, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.

O que dizem a PM e a Justiça

De acordo com a Polícia Militar, na noite do dia 26 de julho policiais prenderam um homem e apreenderam um adolescente durante uma abordagem policial na Avenida Brás de Pina, na Penha Circular, Zona Norte do Rio. O comando da unidade explicou que durante a abordagem policial os agentes apreenderam um fuzil, um carregador, uma pistola, dois aparelhos de telefone celular, dois tabletes de erva seca prensada, um saco da mesma droga, 21 munições de fuzil, três munições de pistola, um fone de ouvido, uma roupa camuflada, uma mochila e uma motocicleta. Os dois foram conduzidos à 38ª DP (Brás de Pina), onde o fato foi registrado.

Em audiência de custódia, a 23ª Vara Criminal da Comarca da Capital considerou o pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ), que pediu a prisão preventiva de Diego para a "garantia da ordem pública".

A juíza Priscilla Macuco Ferreira aceitou a consideração do MPRJ e rebateu a defesa de Diego, que alegou à Justiça que ele não tinha conhecimento do material que estava dentro da mochila. "A tese defensiva de que o custodiado não tinha conhecimento do material trazido pelo adolescente, demanda maior dilação probatória. Isso porque como informado pelos policiais a mochila com o material estava entre as costas do indiciado e o adolescente, não parecendo crível que não tivesse conhecimento da arma, pois se trata de um fuzil, armamento de grande porte, que não passaria despercebido ao ser levado encostado nas costas de qualquer pessoa", escreveu na decisão.

Família de Diego recebe apoio de comissões da Câmara do Rio e da Alerj

A família do preso foi recebida pela Comissão Especial de Combate ao Racismo (Cecor) da Câmara do Rio e pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Alerj nesta quarta-feira (2). Durante o encontro, os familiares receberam apoio no direcionamento jurídico da vereadora Monica Cunha e da deputada estadual Dani Monteiro, presidentes da Cecor e da CDH.

"Nenhum outro tipo de motorista é responsável pelo que o passageiro carrega e por que os mototaxistas devem ser? Só por isso já sabemos que a prisão foi injusta e as devidas garantias não foram respeitadas. Os procedimentos, nesses casos, são condenatórios por princípio", disse a deputada Dani Monteiro.

"A estrutura racista sempre joga os jovens pretos na prisão. Eles têm o mesmo perfil: jovens, pobres e negros. Diego estava trabalhando. As nossas comissões estarão em contato direto com os parceiros da Defensoria Pública para trazer justiça a Diego", afirmou a vereadora Monica Cunha.

A irmã de Diego, Dayane Cristian Oliveira, afirmou que a família está fazendo tudo que pode para comprovar a inocência do rapaz. "Já protocolamos pela Defensoria Pública um pedido de relaxamento e um pedido para ele responder em liberdade. Meu irmão não fazia nada além de trabalhar. Sempre foi bom filho e bom pai. A gente só quer justiça e ter ele em casa novamente", desabafou a irmã.