Operação no Complexo da Penha deixou dez suspeitos mortos, dois PMs e outras três pessoas feridasReginaldo Pimenta/Agência O Dia
MPRJ abre investigação sobre operação no Complexo da Penha que terminou com 10 mortos
Órgão instaurou um Procedimento Investigatório Criminal devido a mortes por intervenção do estado
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu uma investigação, nesta quinta-feira (3), para apurar a operação policial no Complexo da Penha, na Zona Norte, que terminou com 10 pessoas mortas e cinco feridas. Segundo a Polícia Militar, todos os mortos eram suspeitos.
De acordo com o MPRJ, o Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado diante da necessidade da realização de uma investigação independente em casos de morte por intervenção das forças de segurança do estado, como determina a Corte Interamericana de Direitos Humanos, no caso Nova Brasília, e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta quinta-feira (3), peritos do Grupo de Apoio Técnico Especializado (Gate/MPRJ) acompanharam a necropsia no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IML). A apuração tramita sob sigilo.
O MPRJ ainda informou que vem adotando, desde a manhã de quarta (2), dia da operação, providências para promover sua atribuição para o controle externo da atividade policial. Peritos do Gate foram destacados para acompanhar a produção da prova técnica e futura elaboração de parecer independente do MPRJ. Durante a tarde, promotores de Justiça acompanharam um perito legista em visita ao IML, onde colheram informações e ofereceram apoio aos familiares dos mortos.
Falta de câmeras
O governador Cláudio Castro (PL) disse, nesta quinta-feira (3), que abriu uma sindicância para apurar o motivo da ausência de câmeras acopladas nos uniformes dos policiais que realizaram a operação no Complexo da Penha.
Durante a inauguração do Ambulatório Susana Naspolini, Castro afirmou que está investigando os agentes do Comando de Operações Especiais (COE), da Polícia Militar, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, que participaram da ação. Segundo o governador, a orientação é que esses policiais usem câmeras durante operações rotineiras.
"A orientação é ter câmeras sim. Nós já abrimos a sindicância para entender quem estava, quem não estava, porque estava, porque não estava, mas a orientação é ter câmera sim. O que eu defendo sempre é que operações com inteligência policial não podem ter, mas operações rotineiras tem que ter. Então, nós já estamos cobrando à polícia e já foi aberto uma sindicância para a gente entender quem estava e quem não estava e também entender as imagens de quem estava", disse.
Em junho, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um recurso do governo e manteve a decisão de que agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Core devem usar câmeras em seus uniformes.
Resultado da operação
Segundo a Polícia Militar, 10 pessoas morreram, sendo nove após confronto com os agentes no Complexo da Penha. Outras cinco ficaram feridas, incluindo dois policiais militares. Ambos os agentes já tiveram alta. Os outros três feridos continuam internados no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, com quadro de saúde estável.
Entre os suspeitos mortos já identificados estavam Carlos Alberto Marques Toledo, o Fiel da Penha, e Cláudio Henrique da Silva Brandão, o Do Leme. Ambos acumulavam mandados de prisão em aberto e eram réus por organização criminosa e extorsão. Eles eram apontados por pertencerem ao grupo criminoso comandado por Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, que extorque moradores no Quitungo, em Brás de Pina, Zona Norte do Rio.
Além dos mortos e feridos, sete fuzis, munições e granadas foram apreendidas. Barricadas, que bloqueavam diversas vias do complexo, também foram removidas. A ação desta quarta-feira (2) teve como objetivo localizar e prender integrantes do Comando Vermelho (CV), que domina a região, após um monitoramento do Setor de Inteligência ter indicado que ocorreria uma reunião de lideranças da facção no local.
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