Mãe de Moïse denuncia ter sido perseguida e ameaçada por um homem em Madureira
Lotsove Lolo Lavy Ivone disse que o suspeito fez sinal de arma com a mão dois dias após audiência no julgamento dos acusados do assassinato do congolês
Ivone Lotsove Lololav, mãe Moïse Kabagambe, diz ter sido ameaçada e perseguida em Madureira - Arquivo/ Marcos Porto/Agência O Dia
Ivone Lotsove Lololav, mãe Moïse Kabagambe, diz ter sido ameaçada e perseguida em MadureiraArquivo/ Marcos Porto/Agência O Dia
Rio - A mãe de Moïse Kabagambe, Lotsove Lolo Lavy Ivone, registrou um boletim de ocorrência na 29ª DP (Madureira) após ter sido perseguida e ameaçada por um homem no domingo passado (30). O fato aconteceu dois dias depois da audiência do processo que julga a morte de Moïse. O congolês foi espancado até a morte após uma discussão em um quiosque na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde trabalhava, em janeiro do ano passado.
De acordo com o depoimento de Lavy Ivone, obtido pelo DIA, um homem começou a segui-la na Estrada do Portela, na altura do Shopping Madureira, na Zona Norte do Rio, por volta das 8h30 de domingo (30). Em um determinado momento, o suspeito também teria feito um sinal de arma com a mão. Nervosa, ela buscou ajuda no interior de um supermercado da região.
O caso foi registrado no mesmo dia do ocorrido, mas Ivone retornou nesta quinta-feira (3), acompanhada do advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para prestar novo depoimento. "Nós da Comissão acompanhamos ela e seu filho Maurice na 29ª DP e estamos aguardando que a polícia identifique logo essa pessoa que a ameaçou", disse o advogado por meio das suas redes sociais.
Processo em andamento
Na sexta-feira (28), a Justiça ouviu mais três testemunhas de acusação no processo que julga a morte de Moïse. No encerramento da audiência, a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis marcou para o dia 15 de setembro, às 13h, a continuação das oitivas das testemunhas. Brendon Alexander Luz da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Fábio Pirineus da Silva são acusados de matar Moïse em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em janeiro de 2022.
Os réus estão presos preventivamente desde a morte de Moïse e respondem por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. De acordo com a polícia, Fábio assumiu ter dado pauladas na vítima, já Cristiano confessou ter participado das agressões, enquanto Brendon aparece nas filmagens imobilizando o congolês no chão.
Relembre o caso
Moïse Kabagambe, 24 anos, trabalhava no quiosque Tropicália na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele foi espancado e morto por Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Luz da Silva na noite do último dia 24 de janeiro. Os três homens agrediram o jovem com socos e chutes, golpes de taco de beisebol e pauladas.
O motivo, de acordo com relatos colhidos pela Polícia Civil, foi um desentendimento após Moïse cobrar valores de duas diárias de trabalho no quiosque.
O crime gerou grande comoção com repercussão nacional e internacional, protestos e até relatos de ameaças de familiares do jovem congolês que chegaram a dizer que teriam sido inibidos ao ir até o local onde fica o quiosque para protestar e mostrar a indignação pelo assassinato brutal de Moïse.
Organizações de Defesa dos Direitos Humanos, grupos antirracistas e outras entidades de grande importância, bem como artistas e autoridades foram às redes sociais protestar contra o crime. O caso chamou a atenção das autoridades sobre condições de trabalho insalubres, maus tratos, abusos e não cumprimento de leis trabalhistas para com os imigrantes que moram no Rio.
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