O jovem Guilherme Lucas Martins Matias morreu após ser baleado por PM ao sair de baile funkReprodução

Rio - O porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Marco Andrade, afirmou que os agentes envolvidos na ação que resultou na morte de Guilherme Lucas Martins Matias, no Catete, Zona Sul do Rio, não deveriam ter atirado e desrespeitaram o protocolo da corporação. As informações são da 'TV Globo'. 
"Segundo os policiais militares que estavam no local, um veículo que vinha na contramão não obedeceu à ordem de parada. E os policiais efetuaram disparos de arma de fogo. Todo esse protocolo não faz parte dos nossos materiais de instruções, de abordagem, nas nossas técnicas, realizadas constantemente nos nossos centros de formação", argumentou o coronel.
O porta-voz afirmou ainda que os PMs usavam câmeras portáteis em suas fardas e que as imagens vão ajudar a esclarecer o ocorrido. Andrade também revelou que as armas dos policiais foram recolhidas para realização da perícia e a Corregedoria da Polícia Militar apura o caso.
Em depoimento à 5ª DP (Centro), que investiga o caso, os policiais envolvidos afirmaram que um Renault Clio de cor azul, que estava na Rua Santo Amaro, entrou na Rua do Fialho na contramão. Um dos policiais, então, foi para o meio da pista, em frente ao veículo, fazendo sinal para que parasse, o que não aconteceu.
Ainda segundo o depoimento dos PMs, o motorista, identificado como Guilherme Coutinho Martins da Silva, acelerou o veículo contra o agente, que conseguiu sair da frente do carro. O PM que atirou disse que percebeu que o passageiro do banco do carona estava com uma pistola prateada apontada em sua direção e que por isso efetuou sete disparos contra o veículo.
Já na versão do motoboy Guilherme Coutinho Martins da Silva, que dirigia o carro alvejado pelos agentes, eles entraram na contramão da Rua do Fialho e, no momento em que subiam a via, viram um PM, que atirou sem realizar uma abordagem. Assustado com os tiros, o motorista acelerou. A versão dos agentes também foi negada pelos outros ocupantes do veículo que sobreviveram. 
O motorista chegou a socorrer Guilherme Lucas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, mas o jovem não resistiu aos ferimentos. Além dele, o fiscal Matheus Coutinho Martins da Silva e o ator Paulo Rhodney do Nascimento de Jesus foram atingidos no quadril e joelho, respectivamente, e receberam alta da mesma unidade ainda no domingo. O motoboy e o primo dele, Jean Lucas Rodrigues, que também estava no veículo, não se feriram. 
Família pede justiça 
Irmão da vítima, Hugo Marcelo Martins disse que ainda não acredita na morte do jovem e que sua mãe está muito abalada. "Perdi meu irmão jovem, alegre. Foi difícil (receber a notícia da morte), não deu para acreditar, ainda não caiu a ficha. A minha mãe está muito abalada. Ele era trabalhador, alegre, pai de família. Ele era um paizão, tomava conta do filho dele sozinho, porque separou da esposa e pegou o filho para morar com ele. Não tinha bandido dentro do carro, só tinha trabalhador voltando do baile e indo para casa. (Agora, espero) justiça, que os policiais paguem pelo erro deles", desabafou Hugo Marcelo. 
Já o primo o Samuel Martins Soares, revelou que Guilherme Lucas cuidava de seu filho sozinho, desde de sua separação, e queria ser um pai presente, porque não teve um durante sua criação. O familiar contou ainda que a criança voltava da igreja com a mãe, quando a vítima foi baleada e que ainda não sabe sobre a morte.
"O desejo agora é a justiça, o policial pagar pelo que fez com meu primo. Eu não ia estar aqui 'botando a cara' por bandido, não, eu tenho 32 anos de idade, eu jamais dei problema, nunca apareci em reportagem arrumando problema com nada. Hoje eu estou aqui pelo meu primo, que estava apenas cobrindo as minhas férias e estava curtindo o aniversário dele", afirmou Samuel.