Presentes levaram cartazes pedindo Justiça sobre a morte do adolescente que aconteceu durante ação policialArquivo Pessoal

Rio - Familiares e amigos do adolescente, de 13 anos, morto durante uma ação policial, realizaram mais um ato, na tarde deste sábado (12), na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. Os presentes se vestiram de branco e levaram bolas da mesma cor para pedir por paz na comunidade.
Os moradores se reuniram na Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes e seguiram em direção à praça da Cidade de Deus. Os manifestantes levaram para o ato diversos cartazes pedindo Justiça pela morte do menino. Os presentes ainda vestiram camisas com a palavra "saudade". 
Ao DIA, Nathaly Flausino explicou sobre o objetivo da passeata. "Um ato pacífico e soltaremos balões brancos. Queremos paz para todas as comunidades. Queremos que o T. M. F. seja o último", disse.
O menino morreu na madrugada de segunda-feira (7) depois de ser baleado por policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) enquanto andava de moto por ruas da CDD. Em uma postagem nas redes sociais, a PM chamou o adolescente de criminoso. Após uma ação judicial realizada pela Defensoria Pública do Rio, a corporação retirou a publicação do ar.
De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), os manifestantes ocuparam a Rua Edgard Werneck, próximo ao acesso da Linha Amarela, sentido Barra da Tijuca. O trânsito é intenso no trecho.
Família alega execução
O pintor Hamilton Menezes, tio do rapaz, contou que a família teve acesso a uma câmera de segurança da região, cujas imagens mostrariam o momento em que um policial do BPChq atira contra o jovem. "Ele estava passeando de moto com um amigo em uma das ruas da Cidade de Deus, onde foram abordados já a tiros. Uma bala pegou na perna do jovem e ele caiu. [Pelas imagens], dá para ver o T. M F. no chão, ainda vivo, e o policial vai lá e acaba de executar", disse.
Em nota, a PM informou que a equipe do BPChq estava realizando um patrulhamento na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com a Rua Geremias, quando dois homens em uma moto atiraram contra os militares. O jovem foi atingido e morreu no local. A corporação destacou que uma arma foi apreendida na ação.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O Ministério Público também abriu uma investigação sobre a morte do menino. A PM abriu um procedimento interno apuratório para investigar o caso e afastou os policiais envolvidos na ocorrência. As armas dos agentes também foram apreendidas.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jovem foi assassinado por um "policial despreparado e irresponsável". "É o povo pobre da periferia, que deve ser tratado com respeito para que nunca aconteça o que aconteceu com o menino de 13 anos que foi assassinado por um policial despreparado e irresponsável. A gente não pode culpar a polícia, mas a gente tem que dizer que o cidadão que atira em um menino que já estava caído é um irresponsável e não estava preparado, do ponto de vista psicológico, para ser policial", disse Lula, nesta quinta-feira (10), durante cerimônia para anunciar os investimentos em mobilidade urbana na cidade do Rio.
Sob forte comoção, T. M. F. foi enterrado, nesta terça-feira (8), no Cemitério da Pechincha. O caixão ficou coberto por desenhos e recados escritos por colegas do rapaz, além de camisetas de futebol. Alguns dos presentes levaram balões e flores brancas. Abalados, Diogo Flausino e Priscila Menezes, pais do menino, se emocionaram durante a cerimônia. Diogo, inclusive, mostrou as feridas causadas por balas de borracha disparadas pelos policiais durante uma manifestação que fizeram após a morte do rapaz.