Rio - A Casa da Leitura, instituição vinculada à Fundação Biblioteca Nacional (FBN), completa 30 anos neste mês. O imponente casarão com varandas e jardins, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio, foi inaugurado em 13 de agosto de 1993 com o compromisso de formar leitores e democratizar o acesso e valorização social da cultura, da leitura e da escrita.
Verônica Lessa, coordenadora geral do Centro de Cooperação e Difusão da FBN, fala sobre a importância do local para os cariocas: "A Casa da Leitura nasceu com a missão de ampliar a política pública de fomento à leitura, no âmbito da Fundação Biblioteca Nacional, e hoje possui um acervo de referência em literatura infantil e juvenil brasileira. Nosso espaço cultural recebe semanalmente diversos eventos de incentivo à leitura, envolvendo diferentes públicos."
Almejando ser um centro de referência de mediação de leitura, a casa dispõe do Centro de Referência e Documentação em Leitura (CRDL), com acervo especializado em informações sobre vivências, experiências, práticas, estudos e pesquisas na área da leitura, literatura e escrita, coletados no Brasil e no exterior, constituindo uma Rede Nacional de Leitura.
Instalada em uma bela edificação construída no estilo art nouveau, inspirada no palácio francês Petit Trianon (dentro do parque do Palácio de Versalhes), assim como o prédio da Academia Brasileira de Letras (ABL), o espaço tem a maior parte da programação voltada para professores, bibliotecários e demais mediadores de leitura, sendo aberto para o público em geral e a alunos das redes pública e particular do Rio que queiram conhecer suas dependências.
fotogaleria
São duas as bibliotecas do local, a infantil Monteiro Lobato e a de literatura juvenil e adulta Adélia Prado, nome escolhido por frequentadores. Os espaços foram elaborados para garantir o acesso democrático ao livro, com o público tendo livre acesso à estante. Dessa forma, o leitor tem condições de compreender como funciona uma biblioteca, ao mesmo tempo em que aprende como encontrar um livro. As duas bibliotecas ficaram fechadas, por falta de bibliotecário, de 2019 até a última quinta-feira (17), quando voltaram a receber o público com acervo de mais de cinco mil títulos. A nova diretoria da BN, entendendo a Casa da Leitura como um espaço estratégico, tomou a iniciativa como um "presente" para os 30 anos da instituição.
Outra novidade é o início do projeto de inclusão de traduções de livros infantis e juvenis estrangeiros, feitas por brasileiros, no site Brasiliana da Literatura Infantil e Juvenil, da BN. A página já disponibiliza todas as obras destes gêneros que integram o acervo da instituição e que são de domínio público.
"Também pretendemos incluir na Brasiliana artigos de pensadores da literatura infantil e juvenil, sobre questões diversas como o papel do mediador de leitura, formação de leitores, acervo de biblioteca e adequação de conteúdo para cada tipo de público", afirma Verônica.
Construído em 1925, o prédio foi durante muitos anos a residência do casal de portugueses Antônio Ferreira de Carvalho e Thereza de Castro Carvalho (filha do comendador – condecoração concedida a pessoas que se destacam em suas áreas de atuação - Fortunato Ferreira Castro), uma família rica e influente na sociedade daquela época. Os Ferreira de Carvalho vieram de Lisboa para o Brasil e se estabeleceram numa chácara no Cosme Velho, onde hoje é o Colégio Sion. Foi o filho Henrique que mandou construir o casarão de Laranjeiras, na época decorado com móveis em estilo Manuelino. Os armários embutidos ainda estão lá.
Eles moraram no endereço até 1947, quando o prédio foi desapropriado pelo governo federal, que o declarou de utilidade pública. Entre 1947 e 1953, instalou-se no lugar a sede da Escola de Comando do Estado Maior da Aeronáutica (Ecemar), que ocupou a propriedade até a nova sede ser inaugurada no Galeão, em 1953. Seis anos depois, o então presidente Juscelino Kubitschek (1956-1960) cedeu o imóvel para a Associação das Pioneiras Sociais, que já o ocupava há alguns anos. Em 1984, a associação foi extinta e, em 1991, o imóvel foi cedido pelo presidente Fernando Collor (1990-1992) à Fundação Biblioteca Nacional, que instalou ali, dois anos depois, a Casa da Leitura, sede nacional do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler), instituído pelo governo federal em 1992, sob responsabilidade da Fundação Biblioteca Nacional e do Ministério da Cultura (MinC).
Em agosto de 2014, o Proler foi absorvido pelo MinC e subordinado à Secretaria de Formação, Livro e Leitura do ministério, permanecendo a Casa da Leitura sob responsabilidade da Fundação Biblioteca Nacional. Desde julho de 2018 o local abriga também a sede da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
A equipe da Casa deu aos ambientes da belo palacete uma utilidade criativa. O pequeno e aconchegante auditório, que fica nos fundos do terreno e recebeu o nome de Clarice Lispector (1920-1977), é preenchido por palestras, peças teatrais, bate-papo com escritores, debates sobre literatura e cinema, contadores de histórias e leituras dramatizadas.
Atualmente, a casa promove, ao longo do ano, jornadas de leitura, com especialistas, mestrandos e doutorandos para apresentação de seus trabalhos ligados à leitura, e eventos voltados para mediadores de leitura.
Rosane Clemente, chefe da Casa da Leitura, destaca a importância do trabalho em prol da leitura de crianças e adultos: "A Casa da Leitura tem importância histórica não apenas para a sociedade carioca, mas da sociedade brasileira como um todo. Durante 21 anos, entre 1993 e 2014, ela foi a sede do Proler, então sob responsabilidade da Biblioteca Nacional, que chegou a ter mais de 70 comitês espalhados por cerca de 500 municípios em todo o país. Na época, todas as atividades com o objetivo de promover a leitura no âmbito do governo federal eram coordenadas a partir da Casa da Leitura. Além disso, havia uma programação de eventos voltados também para a população local, beneficiando diretamente os moradores do Rio de Janeiro. Após a mudança da sede do Proler para Brasília, a Casa da Leitura continuou oferecendo atividades de incentivo à leitura, de promoção do livro e da literatura, mantendo viva uma tradição que muito orgulha a todos os servidores e demais profissionais e colaboradores envolvidos, tanto do governo quanto da sociedade civil".
Aberta ao público em geral, a Casa da Leitura realiza, mediante agendamento, visitações ou projetos continuados para atividades de leitura e escrita para grupos de alunos das redes pública e particular do Rio, em parceria com secretarias de Educação, Cultura e Desenvolvimento Social, ONGs e outras instituições.
Programação de agosto:
Dia 23, quarta-feira, das 16h às 17h30: Casa da Leitura Convida I Encontros com a literatura: contos e crônicas – Parte II. 3º Encontro: O que é a Crônica – Machado de Assis Afrodescendentes e Nelson Rodrigues. Com a mediação de Susana Fernandes.
Dia 26, sábado, das 14h às 16h: Rodas de Leitura Os Conversadores. Sessão 3: Crônicas que cuidam, com Cristiana Seixas e Regina Porto
Serviço - Casa da Leitura da Biblioteca Nacional
Endereço: Rua Pereira da Silva, 86, Laranjeiras - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3166-9900 E-mail: casadaleitura@bn.gov.br Horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Os eventos são gratuitos.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.