O agente sacou a arma e apontou na direção dos entregadoresReprodução

Rio - Um policial civil de folga foi flagrado sacando uma arma para entregadores de aplicativo em um condomínio na Rua Lins Vasconcelos, no Lins, Zona Norte. Os motociclistas alegam que uma entregadora foi maltratada após se confundir com o endereço e recusar a levar o pedido no apartamento. Já o agente relatou à Polícia Militar que se sentiu ameaçado e apontou a arma por temer agressões. O caso aconteceu na terça-feira passada (22) e foi registrado pelo próprio agente na 26ª DP (Todos os Santos).

No vídeo, o policial aparece tirando uma pistola da cintura e apontando na direção do portão do condomínio onde estavam os entregadores. "Vou ter que matar um", diz ele em um trecho. Em seguida, ele volta a guardar a arma e pega o celular. Logo depois a PM chega ao local.
Ao DIA, um entregador presente no local contou que a colega teria ligado para o cliente para perguntar o endereço correto quando sofreu ofensas. "Uma amiga nossa foi fazer uma entrega pra esse cliente, sendo que o iFood às vezes 'buga' os locais de entrega. Até aí tudo bem, ela entrou em contato com o cliente e explicou sobre o mapa e localização ter 'bugado', e ele começou a tratá-la mal e a xingou de todos os nomes", explicou.

"Nós todos trabalhamos juntos e somos uma família. Ela mandou mensagem contando o que aconteceu e foi lá na praça chorando, dizendo que foi tratada mal. Aí todos nós que trabalhamos no iFood nos juntamos e fomos lá pra saber o que aconteceu. Nós pedimos ao porteiro para que o cliente descesse e ele chegou todo alterado", disse.

O entregador contou ainda que a classe pediu respeito ao agente. "Começamos a falar com ele: 'é dessa forma que você trata nós, trabalhadores? Temos família para criar, trabalhamos no sol e chuva pra chegar e ser tratado dessa forma?'. Aí ele já sacou a arma pra todos nós, dizendo que iria matar um. O que a gente quer é Justiça! Fomos tratados como lixo e esculachados", complementou.

Por fim, o entregador reforçou os trabalhadores não são obrigados a subir com o pedido para os apartamentos dos clientes, conforme estipulado pelo iFood .

Procurada, a Polícia Militar informou que agentes do 3° BPM (Méier) foram acionados para uma ocorrência de ameaça envolvendo um homem que se apresentou como delegado de Polícia Civil. De acordo com o comando da unidade, ao chegarem ao local, os agentes observaram diversos entregadores de aplicativo em bicicletas e motocicletas bastante exaltados na frente da casa do agente.

"Durante a confusão, a vítima resolveu sacar sua arma de fogo, de acordo com o próprio, por temer por sua integridade física. As partes foram conduzidas a 26ª DP (Todos os Santos), onde o caso foi registrado", acrescentou em nota.

Em nota, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na 26ª DP (Todos os Santos) para apurar o desentendimento entre um usuário e entregadores de aplicativo de delivery.
"A Polícia Militar foi acionada após receber informações de que um grupo de entregadores ameaçava tacar pedras e invadir um prédio no bairro Lins de Vasconcelos. Os envolvidos foram encaminhados para a delegacia e prestaram depoimento. Testemunhas serão ouvidas e imagens serão analisadas a fim de apurar todos os fatos", concluiu. 

Ifood garante que entregadores não são obrigados a subir
Procurado pelo DIA, o iFood garantiu que repudia veementemente qualquer tipo de agressão durante o uso da plataforma. A empresa, assim que soube do caso, afirma que bloqueou o cliente em questão da plataforma e, agora, está tentando entrar em contato com a entregadora para prestar o auxílio necessário.

"É importante ressaltar que o iFood disponibiliza uma Central de Apoio Jurídico e Psicológico para entregadores, como uma iniciativa de combate à discriminação, garantia de acesso à justiça e valorização e respeito destes trabalhadores", completou a nota.
Segundo o iFood, a obrigação do entregador é entregar no primeiro ponto de contato que existe na residência da pessoa. Se for no condomínio, esse ponto é a portaria. "Essa é a recomendação dada para os entregadores e a comunicação passada para os consumidores", explica Diego Barreto, vice-presidente de estratégias e finanças do iFood.
"Não existe obrigatoriedade de o entregador subir nos apartamentos, mas recomendamos que os clientes desçam para receber o pedido", completa Juliana Pencinato, head de Driver Safety do iFood.
A empresa reforça ainda que possui uma Central de Apoio Jurídico para entregadores, que sofrem violência durante o exercício do trabalho. Basta acessar este link