Rio - A Corregedoria da Polícia Militar indiciou quatro agentes que atuaram na ação que resultou na morte de um adolescente, de 13 anos, na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, no dia 7 deste mês. A investigação apurou que houve fraude processual, omissão de socorro e abuso de autoridade.
O inquérito apontou que os agentes omitiram o socorro do menino e divulgaram informações incompletas "por livre e espontânea vontade" para atrapalhar a investigação sobre o caso. Na decisão, a Corregedoria da PM destacou que, se os policiais ficassem soltos, eles seriam capazes de apagar evidências do crime e pressionar testemunhas.
A investigação descobriu que os PMs usaram um carro descaracterizado durante a ação. O veículo era de um dos policiais. O fato foi relatado por familiares da vítima que conseguiram imagens de uma câmera que gravou uma perseguição entre o carro e a moto onde o menino estava na carona.
Em depoimentos, dois dos agentes revelaram que atiraram na ação, mas não em direção à vítima. Todo o material recolhido durante a investigação da Corregedoria, já foi entregue ao Ministério Público Militar (MPM). A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) segue investigando o caso para analisar se o tiro que matou o menino partiu da arma dos policiais.
Relembre o caso
O jovem morreu na madrugada do dia 7 de agosto durante uma ação da Polícia Militar na Cidade de Deus. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga pelo menos duas versões diferentes sobre as circunstâncias da morte do adolescente.
Os agentes que participaram da ação disseram que estavam em patrulhamento na esquina da Rua Miguel Salazar com Rua Geremias quando dois homens em uma moto atiraram contra os militares, iniciando confronto.
Já a família do menino afirma que ele estava passeando de moto com um amigo, que não tem anotação criminal, pelas ruas da CDD, quando a dupla foi abordada a tiros. Ainda segundo os parentes, os disparos teriam sido feitos por agentes do BPChq, quando o jovem já estava caído no chão. "Uma bala pegou na perna do jovem e ele caiu. [Pelas imagens], dá para vê-lo no chão ainda vivo e o policial vai lá e acaba de executar", disse o tio da vítima, o pintor Hamilton Menezes.
A família também acusa a PM de ter cortado imagens de uma câmera de segurança que filmou a ação policial no local onde adolescente morreu. O menino foi sepultado no dia 8 de agosto no Cemitério da Pechincha, Zona Oeste do Rio.
No último sábado (19), familiares e amigos realizaram um ato, junto com a ONG Rio de Paz, na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio. Durante a manifestação, os pais do menino pediram justiça e carregaram um caixão coberto com uma bandeira do Brasil representando o filho pela orla da praia.
"Ninguém vai trazer meu filho de volta. A gente vai continuar lutando pela justiça para que não aconteça com outras famílias e que as pessoa que fizeram isso não fiquem impune porque isso tem que acabar", disse a mãe do menino Priscila Menezes.
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