Renato foi preso dentro de casa em Nilópolis, na Baixada FluminenseReprodução

Rio - O ex-policial militar Renato Ferreira Leite, condenado pelo estupro de três mulheres, incluindo uma menor de idade, foi preso nesta quarta-feira (30), em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Ele terá de cumprir uma pena de oito anos e quatro meses de prisão, em regime fechado, por ter abusado das vítimas dentro de um imóvel no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, em 2014. Renato, que já foi expulso da corporação, chegou a ser condenado a 56 anos de prisão pelo crime.
Ele foi preso em casa por agentes da Divisão de Capturas da Polícia Interestadual (DC-Polinter). Ele não apresentou resistência.
Renato foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) no ano do crime, assim como os também ex-policiais militares Gabriel Machado Mantuano e Anderson Farias. Na época, o promotor de Justiça Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, da 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar, defendeu que, por demonstrarem comportamento violento e personalidade distorcida, os acusados representavam evidente risco à ordem pública.
"Percebe-se facilmente que a conduta bárbara dos denunciados, digna da Waffen-SS nazista, teve como único objetivo vingar-se cegamente do fato de terem sido, momentos antes, hostilizados por usuários de drogas, vulgo 'cracudos', humilhando, agredindo, e violentando quem bem entendessem”, escreveu Paulo Roberto.
A Justiça aceitou a denúncia e decretou a prisão preventiva do trio ainda em 2014. Em maio de 2017, os ex-PMs foram condenados a 56 anos de prisão cada. A juíza Ana Paula Monte Pena Figueiredo Barros destacou que não havia dúvida sobre a prática do crime.
"Não há menor dúvida que as vítimas foram coagidas a praticar atos sexuais por meio de grave ameaça exercida pelos policiais, que ostentavam armas de fogo na empreitada delituosa, inclusive durante a prática do ato, impondo medo e temor às vítimas e retirando qualquer possibilidade de se defenderem", escreveu a magistrada na sentença.
Os ex-policiais eram lotados na UPP do Jacarezinho e estupraram três moradoras da comunidade — duas de 35 e 18 anos e uma menor de 16 anos.
Relembre o caso
O drama relatado pelas três moradoras do Jacarezinho teve início na madrugada do 5 de agosto de 2014, na casa de uma amiga que mora próximo ao viaduto da comunidade. Após tentarem resgatar sem sucesso a irmã da mais velha, que permanecia há pelo menos três dias na "cracolândia" da região, elas decidiram então fazer uma visita à colega.

Quando assistiam à TV, o grupo de policiais obrigou as vítimas, incluindo a dona da casa, e um outro homem, a entrar em um barraco, onde todos teriam sido agredidos. Em seguida, apenas as três foram conduzidas a um beco escuro, onde foram obrigadas a retirar as roupas sob ameaças de morte. Já nuas, elas teriam entrado em um outro barraco vazio.

Com os celulares ligados, os três ex-PMs mandaram as vítimas introduzir um isqueiro e uma caneta Pilot nas partes íntimas. Duas meninas também teriam feito sexo oral em um mesmo policial. Por fim, após os atos, uma das vítimas também foi obrigada a fazer sexo oral sem camisinha. Substâncias similares a esperma foram recolhidas no local.