Morador denunciou a presença da espuma branca nas galerias de esgoto e nas ruas de QueimadosReprodução/Redes Sociais
No local, a Gerência de Informações Hidrometeorológicas e de Qualidade das Águas (GEIHQ) do Inea constatou a presença de uma substância presente na formulação de detergentes. Segundo a legislação brasileira, é permitida a concentração de, no máximo, 2 mg por litro, porém, a amostra colhida contava com 4,21 mg por litro.
A investigação de uma força-tarefa, organizada pelo Governo do Estado, com a Polícia Civil, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e a Cedae, identificou a indústria como autora do despejo de surfactante, um composto presente nos detergentes, no Rio Queimados.
A empresa, localizada no Parque Industrial de Queimados, possui licenças para fabricar cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal. Na fábrica, se produz sabões, detergentes sintéticos e desinfetantes.
"A delegacia está requerendo a interdição das atividades produtivas da empresa. Já existe uma interdição de natureza administrativa, mas está sendo buscada a interdição pelo juízo criminal. Já distribuímos intimações para serem ouvidos os sócios e diretores da empresa para que a polícia arrecade o maior número de provas a fim de encaminhar ao Ministério Público e, posteriormente, buscarmos a responsabilização dos autores por esse crime", explicou Albuquerque.
Antes do início das investigações pelo despejo irregular de substâncias, a Prefeitura de Queimados já havia embargado administrativamente a empresa por conta do descumprimento de licença ambiental municipal.
Procurada, a Burn negou que haja relação entre a sua fábrica e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. Confira a nota na íntegra:
"A Burn esclarece que não há nenhuma relação entre a sua fábrica de Queimados, na Baixada Fluminense, e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. A unidade opera com tecnologia de ponta e de padrão internacional, seguindo os mais rigorosos procedimentos de controle, onde o manuseio da matéria-prima é automatizado e em ambiente de circuito fechado, ou seja, sem qualquer escoamento ou ligação com a rede pluvial.
Além disso, tem todas as licenças necessárias e destinação ambientalmente correta de seus resíduos, estando sob monitoramento e controle permanentes dos órgãos ambientais competentes. Cabe ressaltar que a fábrica está a 11 quilômetros de distância do sistema do Guandu seguindo o fluxo do rio, e adota uma série de iniciativas sustentáveis, como sistema de reuso de água da chuva, iluminação por fontes renováveis e selo EU Reciclo. A empresa também contratou laboratório especializado para coleta e análise da água e está colaborando com as investigações, à disposição das autoridades."
Na segunda-feira, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) oficiou os órgãos e entidades responsáveis pela preservação e monitoramento do manancial em que está localizado o sistema Guandu, responsável pelo abastecimento de água potável, para dar explicações sobre o assunto. O prazo para o documento ser respondido foi de 24h devido a urgência sobre o tema.
A ação, segundo o MPRJ, visa verificar as medidas concretas a serem adotadas para corrigir problemas identificados no sistema de abastecimento de água que atende grande parte da região metropolitana do Rio de Janeiro e evitar sua recorrência.
Nesta quarta (30), a Agenersa, o Inea e Comitê das Bacias Hidrográficas do Guandu foram procurados, mas não responderam até a publicação desta matéria.
A captação de água ficou parada por 14 horas na ETA do Guandu por conta dos despejos feitos de forma irregular no Rio Queimados, que faz parte da Bacia do Rio Guandu. Por conta disso, órgãos ambientais do Rio de Janeiro estudam aplicar uma multa de até R$ 50 milhões na Burn.
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