Publicado 01/08/2023 08:36
Rio - Um segundo homem foi encontrado morto na noite desta segunda-feira (31) na Estrada de Jacarepaguá, na entrada do Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio. A vítima, que não foi identificada, estava decapitada e seu corpo foi deixado amarrado no meio da rua.
O corpo de outro homem foi encontrado nas mesmas condições na região na noite de domingo (30). Nas imagens recebidas pelo DIA, foi possível ver a vítima estirada no chão com a cabeça ao lado do corpo e as pernas amarradas.
Nas redes sociais, moradores comentaram a série de crimes. "Gente, que estranho... Jogam esses corpos e ninguém vê nada, ainda mais aqui, super movimentado. Está difícil em Jacarepaguá, virou bagunça", disse um. "É muito estranho essas mortes, percebe-se que é o mesmo grupo ou a mesma pessoa", pontuou outro.
Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e está investigando as mortes. "Diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime", diz a nota.
Região vive guerra entre tracificantes e milicianos
A região tem sofrido com uma rotina de violência, por conta da guerra pelo controle do território, que já provocou mais de 15 mortes, somente este ano. A área foi conflagrada pela guerra entre traficantes do Comando Vermelho e milicianos, que querem controlar comunidades do Rio de Janeiro e expandir suas atividades ilegais. Em algumas áreas, os paramilitares atuam aliados à criminosos do Terceiro Comando Puro.
Um dos pontos que mais registram crimes é a Rua Araticum. O primeiro caso ocorreu em 28 de fevereiro, quando quatro pessoas foram assassinadas durante um tiroteio. Os milicianos Eriberto José de Arruda, Jorge Fernando Lima Alexandre Rocha, Givaldo Tavares de Oliveira e Hélio de Paula Ferreira foram executados em uma padaria e, segundo as investigações, a influência dos dois últimos, conhecidos como Paulinho Banguela e Senhor das Armas, teria motivado o atentado.
No dia 7 de março, Luiz Rodolfo de Oliveira José, de 28 anos, morreu e outras três mulheres ficaram feridas, depois que criminosos em uma motocicleta atiraram contra o salão de beleza onde eles estavam e fugiram em seguida. No dia seguinte ao ataque, quatro suspeitos morreram na via, durante uma troca de tiros com policiais militares, em uma operação para coibir a guerra na região.
No dia 13 daquele mês, Wilame Feitosa Rodrigues foi assassinado a tiros no local. Já na noite do dia 24 de março, Ailton Pereira de Oliveira, de 18 anos, foi encontrado morto, no mesmo endereço, logo após disparos serem ouvidos. No dia 29, Ademilson Lana dos Santos, de 34 anos, também foi localizado sem vida e com marcas de tiros, na Rua Araticum.
Em 14 de abril, o mototaxista Guilherme Mota Ribeiro, de 24 anos, foi assassinado. Segundo testemunhas, milicianos foram a um ponto de mototáxi na via e fizeram uma reunião, que resultou na morte do jovem. No dia anterior ao crime, outra pessoa, não identificada, já havia sido morta na região. Já no dia 18 de julho, uma pessoa, não identificada, foi encontrada sem a cabeça e com mãos e pés amarrados.
A Zona Oeste viveu sob forte influência de milicianos durante anos, mas, recentemente, traficantes têm tentado invadir as comunidades da região. Além de no Anil, a disputa entre os criminosos rivais também acontece na Cidade de Deus, Gardênia Azul, Muzema, Itanhangá, Tirol, Rio das Pedras, Complexo da Covanca e Praça Seca. Na Zona Norte, o conflito ainda ocorre nos Morros do Fubá e Campinho.
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