Rua Araticum, no Anil é conhecida como "Rua da Morte'Reprodução / Google Street View

Rio - A Rua Araticum, no Anil, Zona Oeste da cidade, registrou mais uma morte, nesta terça-feira (18). Com isso, subiu para 15 o número de homicídios na via, em menos de cinco meses. Segundo testemunhas, o homem, ainda não identificado, estava sem a cabeça e com mãos e pés amarrados.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 18º BPM (Jacarepaguá) foram ao local e encontraram a vítima morta. Bombeiros também foram acionados às 20h40 para a remoção do corpo, que foi levado para o IML do Centro do Rio. Segundo a corporação, o homem tinha aproximadamente 25 anos. 
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e investiga a morte. A perícia foi realizada no local e diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime.
Moradores da região têm se referido ao local como "Rua da Morte". "Simplesmente um corpo sem cabeça na porta da minha casa. Araticum virou faixa de gaza", escreveu uma. "Mais um dia normal, chegar na Araticum e ver um corpo morto no chão", disse outro.
O bairro vive uma rotina de confrontos entre traficantes e milicianos por conta de uma disputa pelo controle do território. A Zona Oeste viveu sob forte influência de milicianos durante anos, mas, recentemente, traficantes têm tentado invadir as comunidades para expandir os pontos de tráfico de drogas no Rio. A disputa do Comando Vermelho contra os paramilitares e o Terceiro Comando Puro também conflagrou a Cidade de Deus, Gardênia Azul, Muzema, Itanhangá, Rio das Pedras, Complexo da Covanca e Praça Seca. Na Zona Norte, o conflito ainda ocorre nos Morros do Fubá e Campinho.
Mortes Frequentes

O primeiro caso ocorreu no dia 28 de fevereiro. Na ocasião, quatro pessoas foram assassinadas durante um tiroteio. Os milicianos Eriberto José de Arruda, Jorge Fernando Lima Alexandre Rocha, Givaldo Tavares de Oliveira e Hélio de Paula Ferreira foram executados em uma padaria da "rua da morte". Segundo as investigações, a influência dos dois últimos, conhecidos como Paulinho Banguela e Senhor das Armas, teria motivado o atentado.

No dia 7 de março, Luiz Rodolfo de Oliveira José, 28, morreu e outras três mulheres ficaram feridas, depois que criminosos em uma motocicleta atiraram contra um salão de beleza onde eles estavam e fugiram em seguida. 

Seis dias depois, Wilame Feitosa Rodrigues foi assassinado a tiros no mesmo local. Na noite do dia 24 de março, Ailton Pereira de Oliveira, de 18 anos, foi encontrado morto no mesmo endereço logo após disparos serem ouvidos. No dia 29, Ademilson Lana dos Santos, de 34 anos, também foi encontrado morto e com marcas de tiro.

No último dia 14 de abril, um jovem de 24 anos também foi encontrado morto na Rua Araticum. Segundo testemunhas, milicianos foram a um ponto de mototáxi na via e fizeram uma reunião. No fim, Guilherme Mota Ribeiro, um dos mototaxistas, foi morto. Pessoas que estavam no local informaram, ainda, que o corpo do rapaz foi jogado no local conhecido como "sertão", também no Anil. Um dia antes, no dia 13, outra pessoa morreu na mesma região.