Rua Araticum ficou conhecida como 'rua da morte' devido ao alto índice de homicídios no localReprodução/Google Street View

Rio - Mais uma morte foi registrada na Rua Araticum, no Anil, na Zona Oeste do Rio. De acordo com a Polícia Militar, agentes do 18°BPM(Jacarepaguá) foram acionados para verificar uma ocorrência de encontro de cadáver no local na noite desta quinta-feira (13). Com isso, sobe para 13 o número de homicídios em menos de dois meses na mesma região, que ficou conhecida como “rua da morte". O bairro tem vivido uma rotina de confrontos entre traficantes e milicianos por conta de uma disputa pelo controle do território.

Ainda de acordo com a corporação, na quinta (13), os agentes isolaram o local e acionaram a perícia. A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). De acordo com a Polícia Civil, diligências estão sendo realizadas para identificar a vítima e apurar a autoria do crime. A investigação está em andamento para esclarecer todos os fatos. Segundo a PM, na manhã desta sexta-feira (14), policiamento está reforçado na região.
Segundo investigações, a Zona Oeste viveu sob forte influência de milicianos durante anos, mas, recentemente, traficantes têm tentado invadir as comunidades para expandir os pontos de tráfico de drogas no Rio. A disputa do Comando Vermelho contra os paramilitares e o Terceiro Comando Puro também conflagrou a Cidade de Deus, Gardênia Azul, Muzema, Itanhangá, Rio das Pedras, Complexo da Covanca e Praça Seca. Na Zona Norte, o conflito ainda ocorre nos Morros do Fubá e Campinho.

Com a frequência de crimes nesse endereço, a Polícia Militar informou que vem empreendendo uma série de ações para neutralizar os efeitos da disputa territorial entre grupos criminosos nesta região.

O Comando da Corporação explicou que está instalando bases avançadas para irradiar policiamento no entorno das comunidades existentes nos bairros Campinho, na Zona Norte, e Jacarepaguá, na Zona Oeste da Capital, onde também será instalada uma Companhia Destacada do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) no bairro Gardênia Azul.
“Informamos ainda que já foram implantadas cabine no Tirol e duas unidades do programa Bairro Presente em Jacarepaguá. Como resultado desses esforços, do início de fevereiro ao início de abril, os policiais militares que atuam na região efetuaram 270 prisões e apreenderam 87 armas de fogo, destas, 28 foram fuzis”, complementou em nota.

Mortes frequentes

Todas as mortes ocorreram em menos de três meses. O primeiro caso ocorreu no dia 28 de fevereiro. Na ocasião, quatro pessoas foram assassinadas durante um tiroteio. Os milicianos Eriberto José de Arruda, Jorge Fernando Lima Alexandre Rocha, Givaldo Tavares de Oliveira e Hélio de Paula Ferreira foram executados em uma padaria da "rua da morte". Segundo as investigações, a influência dos dois últimos, conhecidos como Paulinho Banguela e Senhor das Armas, teria motivado o atentado.

No dia 7 de março, Luiz Rodolfo de Oliveira José, 28, morreu e outras três mulheres ficaram feridas, depois que criminosos em uma motocicleta atiraram contra um salão de beleza onde eles estavam e fugiram em seguida. No dia seguinte ao ataque, quatro suspeitos morreram na Rua Araticum em uma troca de tiros com policiais militares, durante uma operação para coibir a guerra na região

No dia 13 de março, Wilame Feitosa Rodrigues foi assassinado a tiros no mesmo local. Na noite do último dia 24, Ailton Pereira de Oliveira, de 18 anos, foi encontrado morto no mesmo endereço logo após disparos serem ouvidos. No dia 29, Ademilson Lana dos Santos, de 34 anos, também foi encontrado morto e com marcas de tiro no corpo na mesma região.

No dia 11 de março, no mesmo bairro, mas dessa vez na Rua Hélio Amaral, um policial militar foi morto a tiros dentro do condomínio em que morava. Anderson Gonçalves de Oliveira, conhecido como 'Andinho Polícia', foi assassinado no corredor do apartamento. Ele já havia sido condenado após ser apontado como um dos chefes de uma milícia que atua no Morro da Tirol, na Freguesia, também na Zona Oeste do Rio. Segundo as investigações, o PM cobrava diversas taxas de comerciantes e moradores da região.

Procurada, a Polícia Civil não respondeu sobre as investigações relacionadas a essa sequência de mortes na Rua Araticum.