Caíque e Kauã Porfírio estão desaparecidos desde segunda-feirareproduções Rede Social

Rio - Onze dias após o desaparecimento do filho Caíque Porfírio da Silva, de 18 anos, e do sobrinho Kauã Mateus Porfírio Carrilho, de 19 anos, o pai de Caíque, que pediu para não ser identificado, afirmou que a família segue sem nenhuma informação a respeito do paradeiro dos rapazes. Caíque e Kauã teriam sumido durante uma guerra entre facções na comunidade Buraco do Boi, em Nova Iguaçu, na Baixada. Parentes acreditam que os primos tenham sido confundidos com criminosos e mortos.
De acordo com o pai, na terça-feira (21) foi realizada uma missa de sétimo dia pela morte de Caíque e Kauã na Igreja Matriz do Reino de Deus, no bairro Miguel Couto. "Nós não temos nada, somos apenas um pai e uma mãe desesperados, sem saber o que fazer. Não temos mais a quem recorrer. Não temos respostas. Eles [a Polícia Civil] não foram na comunidade. Criminosos estão invadindo a Baixada e estão vindo para cá, estão andando aqui na rua como se fosse uma cidade sem lei. Está uma bagunça só. A morte do meu filho, do meu sobrinho e das outras crianças foi em vão", disse.
"Não tem ninguém pra fazer nada pela a morte do meu filho. Para que tem a polícia? Todos os policiais são pais de família, então eu espero que eles nunca sintam essa dor que um pai e mãe [que perdem um filho] sentem", lamentou.
Procurada pelo DIA, a Polícia Civil informou apenas que as investigações estão em andamento e sob sigilo.
No dia 11 de setembro, Caíque e Kauã desapareceram em meio a uma guerra entre facções no Morro do Buraco do Boi. Informações preliminares apontam que os primos teriam sido confundidos com criminosos de uma facção rival e mortos com outros cinco jovens no interior da comunidade. Os corpos ainda estariam na região, mas devido à presença armada dos bandidos, nenhum familiar conseguiu ir até o local.
Inicialmente, o registro do caso de desaparecimento foi feito na 58ª DP (Nova Iguaçu). Segundo Débora Muniz, mãe de Kauã, os policiais teriam se recusado a entrar na comunidade para confirmar as mortes e recuperar os corpos devido à periculosidade da região, sendo necessária a elaboração de uma operação. 
Na semana do desaparecimento, familiares e amigos fizeram um protesto pacífico entre frente a 58ª DP (Nova Iguaçu), pedindo por justiça para os primos Kauã e Caíque. Na manifestação, todos usavam blusas com as fotos dos rapazes, gritando palavras de ordem e segurando cartazes com as frases: 'Queremos uma resposta. Devolvam nossas crianças'. Após esses fatos, o caso foi para Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Débora Muniz e Graciele Muniz, mães do rapazes, afirmaram que até entraram na comunidade em busca de respostas e que mesmo que mortos, elas querem os corpos para fazer um enterro digno. "Só o que a gente pede é que tire os corpos pra gente poder enterrar, porque a gente já tem informação que eles estão mortos lá num tal de piso 3, a gente só queria que fossem buscar os corpos para a gente fazer um enterro digno para nossos filhos", lamentou Débora. 
Segundo o pai de Caíque, o filho foi acusado de ser integrante da facção Comando Vermelho após tirar foto fazendo o número 2 com as mãos. "Tudo 2" é uma gíria usada por criminosos desta organização, que se refere ao sinal que fazem com as mãos simbolizando o C e o V.