William da Silva, pai da menina morta após ser baleada em ação da PRF, tem reunião marcada na AlerjArquivo / Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recebe, nesta sexta-feira (22), às 11h, os pais da menina H. dos S. S., de 3 anos, que morreu depois de ser baleada durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Baixada Fluminense.
A morte da menina foi confirmada na manhã do último sábado (16). Ela estava internada havia oito dias no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias. O pai, William da Silva, contou que o carro em que ele e a família estavam foi alvo de tiros que partiram de uma viatura da PRF quando eles passavam pelo Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, depois de visitarem parentes em Itaguaí.
A criança foi alvo de um tiro que atingiu sua cabeça e pescoço. A mãe, Alana dos Santos Silva, prestou depoimento no Ministério Público Federal (MPF), na terça-feira (19), e pediu a responsabilização dos policiais envolvidos na ação. O órgão, assim como a Corregedoria da PRF e a Polícia Federal, abriu uma investigação própria sobre o caso.

"Estamos diante de um caso doloroso, pela morte de uma criança, e delicado, por envolver forças policiais e muitas versões para um mesmo fato. Será uma oportunidade de acolhimento e de escuta, fundamentalmente, para que se entenda as circunstâncias e o que é possível fazer para atender à justa reivindicação desses pais por justiça", afirma a presidente da CDDHC, deputada Dani Monteiro (Psol).

A reunião com a família, que terá também a presença de representantes da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e da Comissão de Direitos Humanos da OAB, será na sede da Alerj, no Centro do Rio.
Relembre o caso
H. dos S. S. morreu na manhã do último sábado (16) depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto estava entubada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico do HMAPN. Seu quadro de saúde era considerado gravíssimo e ela já tinha sofrido outra parada cardiorrespiratória durante sua internação.
A menina deu entrada na unidade no dia 7 de setembro depois de ser baleada durante uma abordagem de agentes da PRF. O policial que atirou contra o veículo onde ela estava relatou que ouviu barulho de tiro vindo do carro e que o mesmo era roubado.
Em depoimento à polícia, William relatou que o então proprietário, que ainda tem seu nome no documento, teria apresentado o recibo de compra e venda do veículo (CRV) no processo da compra do carro. O vendedor do automóvel teria realizado uma consulta da placa no sistema do Detran e enviado a ele, portanto, não imaginava que havia registro de roubo ao veículo no ano anterior.
A declaração de óbito, assinada pelo médico Marcelo da Silva, indicou que a causa da morte de H. S. S. foi uma "lesão no encéfalo por projétil de arma de fogo". A menina foi enterrada na tarde deste domingo (17) no Cemitério Municipal de Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
Justiça nega prisão
A Justiça Federal do Rio de Janeiro, por meio da 1ª Vara Federal, negou, nesta segunda-feira (18), o pedido do MPF de prisão dos três agentes da PRF envolvidos na morte da menina. Na decisão, o juiz acatou outras medidas cautelares solicitadas pelo órgão.
Os policiais Fabiano Menacho Ferreira, autor dos disparos que atingiu a criança, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva terão que usar tornozeleira eletrônica e estão afastados das funções policiais com o recolhimento das armas. Além disso, estão proibidos de se aproximar da família da vítima e do carro em que H.S.S foi baleada, além de não poderem sair de casa à noite e nos dias de folga.
Após a negação do pedido, o MPF afirmou que pretende recorrer da decisão. O órgão disse estar convicto que a prisão preventiva dos policiais é a medida mais adequada neste caso. Um outro requerimento foi encaminhado pelo MPF à 1ª Vara Federal, onde é solicitado uma nova perícia em todas as armas que estavam com os policiais rodoviários federais e no fragmento de bala que atingiu a criança. Também foi pedido uma nova perícia no carro em que estava a família da criança.
Em uma postagem nas redes sociais, o pai da menina diz que a decisão impede que o "mínimo" necessário seja feito para punir os policiais.
"Nada trará a vida da minha filha de volta. Mas quem tirou a vida dela tem que pagar. É o mínimo que se exige é a responsabilização dos policiais. Era para minha filha estar em casa comigo agora brincando, essa atitude covarde fez com que perdêssemos nossa filha. A prisão é o mínimo que se espera", disse.