Menina de três anos morreu após uma abordagem de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - O Ministério Público Federal (MPF) começou a colher, na tarde desta terça-feira (19), o depoimento de Alana dos Santos, mãe da menina H. S. S., de 3 anos, que morreu depois de ser baleada por um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Arco Metropolitano.
A gerente administrativo chegou na sede do MPF, no Centro do Rio, por volta das 15h, acompanhada de seu advogado, Jorge Beck, e do marido William da Silva, que já prestou depoimento ao órgão. O MPF abriu uma investigação sobre o caso, comandada pelo procurador e coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal, Eduardo Benones.
A criança morreu na manhã deste sábado (16) depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto estava entubada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Seu quadro de saúde era considerado gravíssimo e ela já tinha sofrido outra parada cardiorrespiratória durante sua internação.
A menina deu entrada na unidade no dia 7 de setembro depois de ser baleada durante uma ação da PRF no Arco Metropolitano, altura de Seropédica, também na Baixada, quando voltava de carro da casa dos avós, em Itaguaí, junto com a família. 
A declaração de óbito, assinada pelo médico Marcelo da Silva, indicou que a causa da morte de H. S. S. foi uma "lesão no encéfalo por projétil de arma de fogo". A menina foi enterrada na tarde deste domingo (17) no Cemitério Municipal de Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
William da Silva, usou as redes sociais, nesta segunda-feira (18), para desabafar sobre dor da perda da filha. "Olha, amor, descanse em paz, viu. Enquanto você esteve aqui nos trouxe paz, união, alegria, amor, realmente um anjo. Papai queria poder ter ido em seu lugar, tenha absoluta certeza disso, mas os planos de Deus não são os nossos e quem sou eu para questioná-lo”, lamentou Willian.
Justiça nega prisão de policiais
A Justiça Federal do Rio de Janeiro, por meio da 1ª Vara Federal, negou, nesta segunda-feira (18), o pedido do MPF de prisão dos três agentes da PRF envolvidos na morte da menina. Na decisão, o juiz acatou outras medidas cautelares solicitadas pelo órgão.
Os policiais Fabiano Menacho Ferreira, autor dos disparos que atingiu a criança, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva terão que usar tornozeleira eletrônica e estão afastados das funções policiais com o recolhimento das armas. Além disso, estão proibidos de se aproximar da família da vítima e do carro em que H.S.S foi baleada, além de não poderem sair de casa à noite e nos dias de folga.
Após a negação do pedido, o MPF afirmou que pretende recorrer da decisão. O órgão disse estar convicto que a prisão preventiva dos policiais é a medida mais adequada neste caso. Um outro requerimento foi encaminhado pelo MPF à 1ª Vara Federal, onde é solicitado uma nova perícia em todas as armas que estavam com os policiais rodoviários federais e no fragmento de bala que atingiu a criança. Também foi pedido uma nova perícia no carro em que estava a família da criança.
Em uma postagem nas redes sociais, o pai da menina diz que a decisão impede que o "mínimo" necessário seja feito para punir os policiais.
"Nada trará a vida da minha filha de volta. Mas quem tirou a vida dela tem que pagar. É o mínimo que se exige é a responsabilização dos policiais. Era para minha filha estar em casa comigo agora brincando, essa atitude covarde fez com que perdêssemos nossa filha. A prisão é o mínimo que se espera", disse.
Além do MPF, a Delegacia de Polícia Federal de Nova Iguaçu e a Corregedoria da PRF também investigam o caso.