A literatura de Alcoólicos Anônimos é uma das maneiras de propagação da mensagem fora dos gruposPedro Ivo / Agência O Dia

A principal finalidade do Comitê Trabalhando com os Outros (CTO) de Alcoólicos Anônimos é organizar, estruturar, padronizar e facilitar a divulgação da mensagem de A.A.

De acordo com a irmandade, "nenhum alcoólico poderá ser ajudado por Alcoólicos Anônimos se não souber que AA existe ou onde poderá encontrá-lo". Portanto, para a manutenção da sobriedade dos membros e  preservação de nosso propósito primordial (transmitir a mensagem ao alcoólico que ainda sofre), é necessário a formação de CTO's nos grupos.

Será através dos trabalhos do CTO nos Grupos e nos Órgãos de Serviços que a organização oferece a "via de acesso" para a sociedade como um todo ou para a comunidade específica onde se localize um Grupo de A.A..
"Muitas pessoas ficarão felizes em saber da possibilidade de recuperação do alcoolismo, se a elas forem dadas informações adequadas do nosso Programa de Recuperação", diz um membro.
Um dos livros da farta literatura de AA revela que Bill W. (membro fundador da irmandade) utilizou um profissional da Medicina, não-alcoólico, o Dr. Silkworth, e um hospital, para chegar a outros alcoólicos, levando, assim, a mensagem e mantendo a sua própria sobriedade.

A MENSAGEM E OS TIPOS DE CTO

De acordo com Alcoólicos Anônimos, artigos publicados em jornais e revistas, entrevistas em programas de rádio e televisão, ou pela Internet, são maneiras de praticar o CTO.

“Eu cheguei à irmandade na década de 80 e o que me despertou interesse para procurar um grupo foi uma matéria que eu li em um jornal de grande circulação, que falava sobre o alcoolismo e sobre AA”, conta ao DIA o dentista aposentado O.D.A., que já está abstêmio há mais de 25 anos com a ajuda do Programa de 12 Passos sugerido por Alcoólicos Anônimos.

“Embora eu tenha conhecido a irmandade de AA no fim dos anos 80, demorei ainda nove anos bebendo, recaíndo, sofrendo no alcoolismo... Até que um dia eu pude aceitar que realmente tinha problemas sérios com a bebida e, finalmente, praticar o programa de Alcoólicos Anônimos com honestidade, e aí sim evitar o primeiro gole.

Mesmo com um bom tempo sem beber, eu tenho muita frequência de reunião, pois o programa é ‘só por hoje’. Eu preciso estar dentro de sala renovando o meu propósito”, afirma o membro.

Os integrantes do CTO de Alcoólicos Anônimos também levam a mensagem da irmandade a hospitais, ONGs, clínicas de recuperação, penitenciárias, empresas, escolas e aos profissionais de diversas áreas. O Comitê Trabalhando com os Outros é a resposta adequada para reverberar a transmissão da mensagem de Alcoólicos Anônimos.

'Isso é altruísmo em ação, é a base do AA'

Um membro de AA, que pediu para ser chamado pela reportagem do DIA apenas como Torres, não ingere bebidas alcoólicas há mais de 25 anos. Ele conheceu a irmandade de Alcoólicos Anônimos quando estava internado em uma clínica para recuperação de alcoolismo e diz que uma das atividades na unidade de saúde era assistir a uma reunião de AA, onde membros de um grupo próximo falavam sobre situações difíceis que passaram em suas vidas em razão do alcoolismo, e como estava a vida deles sem ir ao primeiro gole.

“Aquela atitude já me tocou, pois não entendi por que aquelas pessoas saíam de casa para ir lá se reunirem conosco ‘sem ganhar’ nada”, lembra Torres. Assim que ingressou, conta ele, lhe foram sugeridas algumas ações, como ler o “livro azul” e, depois de três meses, conhecer uma reunião de CTO.

“Mas o que era esse Comitê Trabalhando com os Outros? Eu não sabia... Assim que cheguei a essa reunião vi que quem participava eram os membros que conheci na clínica. Rapidamente então descobri a importância do CTO. Essas ações representam a base do AA, a essência da programação. É o dar pelo dar. Isso é altruísmo em ação e me mantêm alegre internamente só por poder ajudar”, conta o membro da AA, com uma gratidão abundante e inteligível. 

“Divulgando a mensagem no CTO vi o mais importante: a minha própria sobriedade. Nenhuma ação era tão importante para a minha sobriedade que levar a mensagem a outro alcoólico que precisava saber onde encontrar uma saída. A frequência de reuniões de AA era imprescindível, mas nada seria, nos primeiros anos, mais eficaz para a minha sobriedade do que ajudar outro alcóolico que sofria”, afirma.

Censo da população de rua mapeia problemas

Segundo o Censo da População de Rua 2022 da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, há 7.865 pessoas em situação de rua na capital fluminense. O levantamento, realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) e pelo Instituto Pereira Passos (IPP), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mostrou que 22% disseram estar na rua por alcoolismo e/ou uso de drogas.

Para transmitir a mensagem de recuperação do alcoolismo à população em situação vulnerável que sofre de problemas com álcool, a prefeitura, por meio da SMAS, e o de Escritório Serviços Locais (ESL) de Alcoólicos Anônimos firmaram uma parceria.

“O acordo de cooperação entre a Secretaria Municipal de Assistência Social e o ESL de Alcoólicos Anônimos é uma iniciativa muito importante. Nós temos, nos nossos albergues e abrigos, uma quantidade grande de pessoas que estavam nas ruas, e acolhemos. Procuramos de alguma maneira ajudar a reconstruir suas vidas, e muitas delas com dependência de álcool. Nós sabemos que Alcoólicos Anônimos é uma organização que apresenta muito sucesso na ajuda com essas pessoas, em levantar a auto-estima delas, ressignificar e mostrar que temos esperança, partilhar experiências. Portanto, é uma parceria muito importante e positiva, que poderá auxiliar o trabalho que fazemos nas unidades da prefeitura do Rio de Janeiro”, disse ao DIA Adilson Pires, secretário municipal de Assistência Social.

Pelo termo, membros de Alcoólicos Anônimos visitam 10 albergues, sendo seis no centro da cidade, a cada 15 dias, com o objetivo de apresentar a irmandade e motivar os albergados a conhecer uma sala de AA.

As visitas tiveram início em novembro de 2022 e as pessoas que se encontram nos locais são convidados a participar da conversa. “Explicamos que Alcoólicos Anônimos não faz assistencialismo, mas que é possível reformular a vida e ter esperança, evitando o primeiro gole. Procuramos motivá-los a se unir a nós”, conta L.S., membro de AA responsável por organizar as visitas nos albergues do município do Rio de Janeiro. Nos encontros, os membros de AA contam ainda como estão se recuperando do alcoolismo por meio da troca de experiências, forças e esperanças. Também há um momento para responder as dúvidas e ouvir as experiências dos albergados que desejam interagir.
Alcoolismo: como a família e os amigos podem ajudar o Alcoólico??
Parentes, colegas de trabalho e pessoas próximas ao bebedor compulsivo desempenham papel muito importante na identificação dos problemas e podem ajudar diretamente na recuperação.
Mesmo tendo diversos prejuízos decorrentes do consumo, muitos bebedores compulsivos não veem o uso como um problema. Este quadro é conhecido como "negação". Sendo assim, a possibilidade de ajudar alguém que está bebendo descontroladamente dependerá de vários fatores, como o grau de dependência, o bebedor ter consciência dos problemas que seu hábito está causando e a relação estabelecida de confiança com a pessoa que oferece apoio.
Qual o papel da família?
"A família pode ser um facilitador ou não para o alcoólico continuar a beber. Para que ele queira parar é necessário que chegue ao 'fundo do poço'. Quando a família, mesmo que por amor, impede a chegada a um fundo do poço, pode ser que a pessoa até morra. É preciso um não amoroso", explica o psicanlista e doutor em psicologia Cadu Fraga.
Segundo especialistas, a aceitação da condição de doente alcoólico é imprescindível para iniciar e manter o tratamento. Ajudar um dependente de álcool a mudar seu comportamento não é simples, mas o primeiro passo pode ser dado com a compreensão, o apoio e a disposição de fazê-lo refletir e, junto com ele, encontrar um caminho. 
Os grupos de Al-Anom
O co-fundador de Alcoólicos Anônimos, Bill W., dizia que "qualquer pessoa que conviva com um alcoólico se tornará neurótica". Daí a importância dos grupos de Al-Anom (associação de parentes e amigos de alcoólicos que compartilham suas experiências de conviver com um bebedor compulsivo).
O médico Oscar Cox, considerado um "amigo de AA" por estar sempre indicando o programa de 12 passos da irmandade para quem tem problemas com bebidas, ressalta a importância de o parente também buscar ajuda.
 "A doença do alcoolismo não é contagiosa, mas é contagiante. O alcoólico vai envolvendo a família de tal forma que o parente pode ficar tão adoecido quanto o próprio doente. O familiar vive se questionando 'onde foi que eu errei?'. O familiar começa a cobrar o alcoólico, a pressioná-lo e a ter atitudes que o irritam. Aí vira uma bola de neve...Um contribui para a doença do outro", explica o médico, exaltando em seguida a importância do Al-Anom.
É por isso que Al-Anom é indicado. Quem está preocupado com o beber de alguém também tem que se tratar", aconselha Cox.
Em entrevista ao DIA, a esposa de um alcoólico que frequenta o Al-Anom falou um pouco sobre essa ajuda da entidade aos parentes do bebedor compulsivo. "Nossas atitudes (dos familiares) podem ajudar na recuperação. Descobrir que o alcoolismo é uma doença foi um divisor de águas na minha vida, pois comecei a enxergar meu familiar de outra maneira, amorosamente e com muita compaixão", lembra R.R.
"Cheguei a um grupo Al-Anom em 1997 e ouvi muitas histórias como a minha, que me proporcionaram um sentimento de pertencimento que há muito tempo eu não sabia mais o que era, pois eu vivia isolada dentro do meu sofrimento e achava que só eu sentia aquilo. Foi um alívio ouvir que eu não era culpada, que eu não tinha causado e não podia curar a maneira de beber de outra pessoa, e que a única coisa que eu podia fazer para ajudar era mudar minhas atitudes e que essa mudança poderia ajudar no processo de busca por ajuda pelo alcoólico".
Foi entao, a partir de frequentar as reuniões que R.R. pôde olhar para si. "Comecei naquele momento a olhar para mim, que era onde deveria estar meu foco. Desde daquele dia de 1997, quando descobri o Al-Anom, aplico este programa maravilhoso não só com o problema do meu familiar com o alcoolismo, mas em todas as minhas atividades, porque é um programa de mudança de atitudes, de crescimento pessoal. Um programa de vida para a vida, que está disponível para as pessoas que sofrem ou sofreram nas garras do alcoolismo de um parente ou amigo. Logo após eu ter começado a minha recuperação, meu familiar também encontrou ajuda em Alcoólicos Anônimos e, um dia de cada vez, procuramos viver os princípios de nossos programas".
O aumento das reuniões on-line
Grupos on-line de Alcoólicos Anônimos existem no Brasil desde 1996. Naquela época, entretanto, as reuniões on-line eram escassas e os membros costumavam trocar experiências por e-mail. A partir de 2020, com o isolamento social imposto pela pandemia (a maioria dos grupos de AA fechou), os grupos on-line tiveram aumento considerável.
"A pandemia evidenciou as forças das novas tecnologias para levar a mensagem de AA. As pessoas se isolaram, aumentou o medo e a solidão e tudo isso virou gatilho para que bebessem mais. Em consequêcia disso, as linhas de ajuda por telefone, aplicativos e os grupos on-line se mostraram como soluções eficientes", explica M.A., um dos responsáveis por coordenar o Intergrupos, que é um escritório dos grupos on-line.
De acordo com a Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos (JUNAAB) aproximadamente 100 pessoas por dia pedem ajuda virtualmente. As plataformas de videoconferência para reuniões ampliaram a recuperação do alcoolismo, principalmente para mulheres, e jovens com menos de 30 anos.
Ainda segundo a JUNAAB, em 2020 houve 33.546 reuniões on-line de AA no Brasil e em média 49% dos acessos foi de mulheres. "Nesses grupos virtuais as mulheres se sentem mais à vontade e chegam também muitos jovens. E nos grupos virtuais os companheiros sempre dão informações sobre os grupos físicos. Realmente são grandes ferramentas, comemora M.A.".
A Arte imita a vida
Relembre personagens que mostraram o drama do alcoolismo em novelas, séries e filme.
O problema do alcoolismo frequentemente é retratado em filmes e novelas. A sexta reportagem da Série "Evite o primeiro gole" vai lembrar algumas novelas, séries e filmes que mostraram o drama de portadores da doença do alcoolismo.
Atualmente, a Rede Globo de Televisão está reprisando a novela "Mulheres apaixonadas", que traz a história da professora Santana, interpretada pela atriz Vera Holtz. Na trama de Manoel Carlos, que foi exibida pela primeira vez em 2003, a personagem, completamente entregue ao alcool, chegava à escola embriagada, faltava bebia escondida e ingeriu permume quando não tinha bebida. 
Para que as cenas sejam fidediganas à realidade, é comum membros de Alcoólicos Anônimos prestarem consultori para atores, diretores e autores. "A TV Globo, há décadas, dá muito apoio no combate ao alcoolismo, com a inclusão de personagens alcoolicos em novelas e séries. Nós membros de AA somos chamados para acompanhar conversas, gravações e ambientar cenários que reproduzam uma reunião de AA. Nosso trabalho consiste em levar livros da irmandade, quadros comuns em salas de Alcoolicos Anonimos e outros objetos", explicou ao DIA N.C.R,  que é membro de AA e faz parte do Escritório de Serviços Locais (ESL) de Alcoolicos Anônimos no Rio de Janeiro. 
Segundo N.C.R. foram várias novelas em que a doença do alcoolismo foi abordada, sendo Heleninha,  vivida por Renata Sorrah, a personagem mais emblemática. "Quem não se lembra da Heleninha? Foi muito marcante. Sempre que uma novela mostra um alcoólico bêbado ou algo sobre a recuperação da doença, nós notamos que aumenta a procura por AA por telefone, por e-mail e nas reuniões. Somos muito gratos a estas empresas que ajudam a falar sobre a doença do alcoolismo para o grande público, pois, assim, mostrando esse mal, mais pessoas podem buscar ajuda e tratamento", completou.
Histórias compartilhadas
Na última reportagem da série "Evite o primeiro gole", alcoólicos contam o seu problema com a bebida, como chegaram à irmandade de Alcoólicos Anônimos e como estão se recuperando.
No mês que celebra os 76 anos da chegada de Alcoólicos Anônimos no Brasil, o DIA passou a publicar uma série de reportagens sobre a doença do alcoolismo. Hoje, no último capítulo, alcoólicos compartilham suas histórias. 
"Por conta da minha negação tive vários episódios de recaídas" 
"Cheguei a uma sala de AA bêbada, me sentindo culpada, com medo de que alguém me visse ali, incompreendida e desprezada pelos familiares, colegas de profissão e amigos. No entanto, fui recebida com muito respeito e atenção pelos A.As.
Pediram apenas que eu sentasse e ouvisse os depoimentos. Chorei muito com pena de mim por estar ali. Mas ao fim da reunião pediram para eu não beber e voltar no dia seguinte. E assim eu fiz...aos poucos fui me interessando por saber mais sobre aquelas histórias de sofrimentos e conquistas.
Meu preconceito até então não permitia acreditar que eu também fosse uma alcoólica, afinal, eu tinha uma vida funcional. Eu acreditava que não tinha perdido nada, que eu era apenas uma injustiçada pelo mundo.
Eu não queria parar de beber, eu só queria parar de fazer vergonha, de 'pagar mico'. Por conta da minha negação e da falta de aceitação da minha realidade, tive vários episódios de recaídas, mas, pelas mãos amorosas de AA, eu sempre voltava às reuniões.
Aos poucos fui trocando minhas idas ao primeiro gole pelas salas de recuperação. Comecei a perceber mais as semelhanças que as diferenças, entendendo devagarzinho o que era a doença do alcoolismo para Alcoólicos Anônimos.
Ao longo desses meus 32 anos de frquência ao A.A., e com 30 anos de abistnência contínua, retorno às salas com gratidão, ajudando e sendo ajudada, numa via de mão dupla, buscando me conhecer cada vez mais e aprendendo melhor a lidar com as minhas emoções adoecidas. Não culpo mais o outro e o mundo pelas minhas frustrações, sempre posso encontrar soluções em minhas dificuldades, aprendendo a ter coragem para me modificar e serenidade para aceitar o que não depende de mim.
Não estou mais sozinha! Aprendendo a compartilhar minhas dificuldades e vitórias, um dia de cada vez, consigo me sentir pertencente, útil, digna e sóbria. Assim, levo minha experiência aonde for convidada, albergues, escolas, empresas, etc. Agradeço ao DIA por divulgar Alcoólicos Anônimos para a sociedade através da minha experiência", M.L..   
Cheguei em AA totalmente falido, desacreditado pela sociedade
"A minha chegada a Alcoólicos Anônimos se deu no dia 18 de julho de 1977, há 46 anos. Cheguei em AA totalmente falido financeiramente e moralmente, desacreditado pela sociedade, pela minha família e pelos meus amigos (se ainda os tivesse). E logo eu, um exemplo de pessoa bem sucedida, que era supervisor administrativo de uma grande empreiteira na área de montagens industriais. Foi duro aceitar a derrota para o alcool... Um m~es antes de chegar ao AA, em junho de 1977, após uma bebedeira, eu havia sofrido uma parada cardíaca e só não fui a óbito graças a passagem, por acaso, de um médico em minha casa exatamente naquele momento, então pude ser socorrido. Foi então que eu aceitei a ajuda de AA e estou na irmandade até hoje vivendo uma nova vida", N.C.R..
Eu tinha que atualizar o sistema e ia beber, e o banco não funcionou na segunda-feira
"Eu era gerente de um grande banco no Rio de janeiro, no bairro de Bonsucesso, na Zona Norte, depois fui transferido para uma ag~encia em jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, quando eu estava no auge do meu alcoolismo. Nos últimos anos de ativa, com pouco mais de 40 anos de idade, eu costumava beber durante o expediente de trabalho e a minha responsabilidade era grande na agência. Num belo dia, numa sexta-feira à noite, depois de dias seguidos de bebedeira, eu tinha que atualizar o sistema do banco. Enquanto eu atualizava, eu ia na padaria ao lado para beber. E aí deu problema! O sistema não funcionou na segunda-feira por culpa minha. Fui internado e me aposentei precocemente. Esse foi o legado que o alcoolismo me deu. Mas depois de conhecer o AA consegui estabilizar a minha doença e parei de beber, só por hoje. Eu não gosto de falar  meu tempo dentro da irmandade, mas já estou sem ir a esse primeiro gole há algumas boas 24 horas", P.L.M..
Esses comportamentos autodestrutivos trouxeram muitos prejuízos
"Comecei a beber com 15 anos de idade e já naquela época eu percebia que bebia diferente". Apesar de eu ser inteligente, eu tinha dificulddes para passar de ano no colégio, já no segundo grau. Nos primeiros anos eu achava que tinha controle sobre o alcool. Depois, conheci outra droga que ajudava o meu organismo a beber mais, mas o alcool sempre ali, ele é o 'chefe da quadrilha'! E esses comportamentos autodestrutivos trouxeram muitos prejuízos. Eu não era um bom funcionário no escritório de advocacia do meu pai. E comecei a me envolver em brigas até que cheguei a um ponto em que usava drogas 3, 4 dias sem parar. Foi então que conheci Alcoolicos Anônimos e entendi que eu usava alcool porque eu sou doente, tenho a doença do alcoolismo, mas aprendi que ali, na irmandade, haveria tratam,ento para a doença. Gostei, acreditei, fiquei e pratico o programa até hoje, dentro e fora das salas de AA. Sou muito grato à irmandade", F.S.S..