O entregador Leandro Gonçalves Cléber Mendes

Rio - O entregador Leandro Gonçalves, de 22 anos, que se envolveu em uma briga com o vereador e dirigente do Flamengo, Marcos Braz (PL), vai representar criminalmente contra o vice-presidente do clube. Segundo a advogada do torcedor, Ani Luizi de Oliveira, as imagens das câmeras de segurança do Barra Shopping, na Zona Oeste, foram solicitadas para esclarecer os fatos.
Ao DIA, a advogada disse que aguarda o envio do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para o Juizado Especial Criminal (Jecrim) e, assim, seguir com a ação criminal. "A delegacia envia este termo para o Jecrim. Com isso, tanto o Marcos Braz quanto o Leandro podem realizar uma representação. O Leandro irá representar", afirmou Ani Luizi.
A advogada também informou que a 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o caso foi registrado, ainda não enviou o TCO para o Jecrim. "Acredito que eles estejam aguardando as câmeras de segurança do shopping. Queremos que essas imagens sejam divulgadas para provar que o Leandro é vítima", explicou.
Em uma entrevista coletiva concedida na última sexta-feira (22), o torcedor Leandro Gonçalves negou que tenha ameaçado ou agredido o dirigente. "Não o agredi em nenhum momento. Até porque não tinha como, o amigo dele estava me chutando. Eu só falei: 'Marcos Braz, sai do Flamengo'. Não o xinguei e nem ameacei", relatou.
Na última quinta-feira (21), Marcos Braz deu uma entrevista e reforçou que a briga aconteceu após ser ameaçado de morte na frente da filha. "Ele chega e começa as ameaças. Nisso, eu perco o raio de visão dela. Teoricamente, elas estavam mais perto dele do que eu. Aquilo estava me incomodando: uma filha de 14 anos vendo o pai sendo xingado e ameaçado de morte. Isso começou a me tirar do sério. O final vocês viram", disse.

Segundo Ani Luizi, o torcedor também vai representar criminalmente contra o homem que acompanhava Marcos Braz, identificado como André. "Ele vai representar contra o André, que também o agrediu".
O entregador Leandro está sem trabalhar desde o dia da briga. "É um rapaz humilde e desde quando aconteceu o fato, ele está sem trabalhar. [Leandro] está com medo de sair na rua e sofrer represálias", comentou a advogada.
Relembre a briga
No último dia 19, Braz estava no Barra Shopping, acompanhado da filha de 14 anos, quando foi abordado e cobrado por um torcedor, em razão do momento turbulento do Flamengo. Após uma discussão, houve uma briga entre eles. O vídeo do momento foi compartilhado pelo jornalista Venê Casagrande. 
Após o ocorrido, Marcos Braz precisou se refugiar dentro de uma loja da Pandora, onde ficou por mais de uma hora. O dirigente deixou o local por volta das 18h20, escoltado por policiais e seguranças, e foi muito xingado por torcedores que acompanhavam a situação.
A advogada Ani Luizi disse que o seu cliente foi agredido sem ameaçar Braz. "Estava passeando e acabou encontrando o Marcos. Ele apenas demonstrou sua insatisfação como torcedor, mas em nenhum momento foi agressivo: nada que saia da formalidade ou algo do tipo. E acabou sendo agredido pelo Marcos Braz", explicou.
Ausência em votação na Câmara
No dia da confusão, Braz chegou a realizar um pré-registro de presença em uma votação na Câmara Municipal do Rio, mas não compareceu para cumprir o seu dever. O painel da Casa exibiu um sinal de interrogação ao lado do nome do vereador, durante a sessão que envolvia uma discussão para autorizar a Prefeitura do Rio contrair um empréstimo de R$ 702 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nesta terça-feira (26), o Conselho de Ética da Câmara se reuniu com o vereador para entender a ausência. A criadora e vice-presidente do conselho, Teresa Bergher, explicou o objetivo da reunião. "Além de ouvi-lo sobre a briga, precisamos que ele explique por que deu a presença na sessão, se estava em um shopping a trinta quilômetros da Câmara. Isso precisa ser esclarecido”, disse a vereadora.
Braz explicou sobre a ausência na sessão. "Chega 16h e se você não botar o dedo dentro da Câmara, você toma falta e seu salário é descontado. Eu tomei a falta e não fiz nenhuma ilegalidade. Vou ser descontado. Eu fiz a opção de estar com a minha filha um dia antes do aniversário dela, uma filha que não mora comigo, foi uma opção minha", disse.
Essa não é a primeira ausência no histórico de frequência do vice-presidente do Flamengo. Segundo um levantamento do IG, ele é o segundo vereador com mais faltas na Casa. No primeiro semestre de 2023, o dirigente não compareceu à Câmara seis vezes, empatado com Carlos Bolsonaro (Republicanos). Braz só fica atrás da vereadora Verônica Costa (PL), conhecida como Mãe Loira do Funk, que faltou 12 vezes.
Segundo a Câmara Municipal do Rio, Marcos Braz terá um dia de salário descontado "pela falta sem justificativa".
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini