Rio - A Justiça do Rio transformou a prisão em flagrante do vigilante Joel Ferreira Teodo, de 63 anos, para preventiva, durante audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (28). O homem é suspeito de manter a mulher em cárcere privado por 21 anos em Comendador Levy Gasparian, no Centro-Sul Fluminense.
Em sua decisão, o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'Ippolito entendeu que o modo de operação de Joel, com ameaças à Rosilene, como a vítima foi identificada, e aos filhos da mulher, revela um atentado contra a paz e pode acarretar em problemas para a sociedade, caso ele fique em liberdade.
"Tal 'modus operandi' revela, demasiadamente, a audácia e o destemor do custodiado, de modo a atentar contra a paz social e acarretar deletérias repercussões na sociedade, já tão castigada e aca-brunhada pela assente criminalidade", escreveu.
Para o magistrado, a prisão preventiva é necessária para garantir a ordem pública em razão do perigo que o vigilante oferece para a mulher.
"A situação dos autos transparece a periculosidade concreta do custodiado, bem como a perspectiva de novas infrações penais. Portanto, inegável a necessidade da prisão preventiva como garantia da ordem pública. Ressalte-se que eventual primariedade, bem como outras circunstâncias pessoais favoráveis, não obstam a imposição de prisão preventiva, mormente quando se tratar de hipótese em que, diante das circunstâncias concretas dos fatos, vislumbram-se a gravidade do delito e o risco de reiteração delitiva", alegou D'Ippolito.
Joel foi preso na noite de terça-feira (26) depois de policiais militares do 38º BPM (Três Rios) resgatarem Rosilene da casa onde ela estava presa. O homem estava trabalhando no momento em que os agentes fizeram o resgate, após receberem uma denúncia de um dos filhos da mulher.
Em depoimento na 108ª DP (Três Rios), a mulher contou que o marido não a deixava sair de casa nem para ir ao quintal sozinha. Ambos estavam casados há 21 anos e, durante esse tempo, Rosilene só podia sair de casa para ir ao médico e votar durante o período eleitoral. Tais saídas só eram realizadas, segundo a mulher, com a companhia de Joel.
Rosilene ainda revelou que sofria tortura psicológica porque o marido tinha uma arma em casa e ameaçava ela e o filho, inclusive de morte. De acordo com a vítima, o caso não foi denunciado anteriormente por medo do homem fazer algum mal contra ela e sua família.
Um dos filhos da mulher, que mora no mesmo quintal, disse, também em depoimento, que só podia ver a mãe da janela da casa. Ele também alegou que ouviu Joel gritar em diversas oportunidades com a mãe.
Um revólver e R$ 23 mil em espécie foram apreendidos durante buscas na casa. Diante das informações colhidas, a 108ª DP assinou o auto de prisão em flagrante e encaminhou o caso para a Justiça.
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