Rio - O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se reuniu, na noite desta segunda-feira (2), com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e oficializou o pedido de apoio para o combate ao crime organizado, principalmente no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Em Brasília, os dois alinharam estratégias para as ações das forças de segurança pública.
Encontro ocorreu no mesmo dia em que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) autorizou o uso de 300 integrantes da Força Nacional, assim como 50 viaturas que vão atuar com o objetivo de reduzir indicadores de violência no Rio de Janeiro. O efetivo ainda terá apoio de 270 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de 22 veículos blindados.
O governador disse que estas ações podem se expandir para outras áreas do estado. "A Maré é o ponto de partida, mas não é o fim. Nós já vimos outras vezes esse processo de evasão dos criminosos de um local e, depois que a polícia atua, eles voltam. A Maré será o início e depois que isso irradiar para outras comunidades, a gente prende lideranças e faz uma asfixia financeira nessas organizações, sejam elas milícia, tráfico, narcotráfico ou facção", explicou.
A atuação conjunta no Complexo da Maré contará com estratégias tecnológicas com uso de drones, inteligência artificial, reconhecimento facial e câmeras portáteis. O conjunto de ações, no entanto, não se trata de uma ocupação e, segundo o Governo do Rio, haverá operações pontuais que podem ser expandidas para outros locais.
Cláudio Castro disse que as polícias do Rio ficarão responsáveis por regiões conflagradas. "Apesar de ser um trabalho em conjunto, a coordenação de áreas mais sensíveis ficará com o Rio de Janeiro, pela experiência das nossas forças. Assim, a gente não coloca outros agentes em risco. Não falaremos em data para não tirar o fator surpresa da operação policial", concluiu.
Na última sexta-feira (29), Castro se reuniu com o secretário-executivo do MJSP, Ricardo Cappelli, para discutir o combate à criminalidade no Rio. Na ocasião, foi anunciada a implementação do Comitê Permanente de Inteligência no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), com a atuação das quatro forças de segurança pública: Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.
Além da Força Nacional, o Governo Federal também disponibilizou R$ 247 milhões em recursos para o Rio de Janeiro, sendo R$ 95 milhões destinados à construção de presídios de segurança máxima.
Complexo da Maré
As investigações da Polícia Civil, que duraram mais de dois anos, apontaram que criminosos da Maré, uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro, realizam treinamentos com táticas de guerra. Em imagens obtidas por drones, um grupo de 15 a 20 homens armados aparecem em uma quadra de futebol, sendo instruídos a atacar e se defender durante confrontos.
Outras gravações mostraram cerca de 17 soldados do tráfico participando de treinamentos ministrados por instrutores que demonstravam conhecimento em táticas operacionais. De acordo com informações da 21ª DP (Bonsucesso), comunidades ligadas à mesma facção também receberam treinamentos similares naquele local, expandindo, assim, o conhecimento para diversas regiões do Rio.
Segundo o delegado Hilton Alonso, responsável pelas investigações, o conhecimento das estratégias e táticas empregadas pelos grupos criminosos na Maré é fundamental para que as autoridades possam combatê-los de maneira eficaz.
Durante as investigações, a utilização de drones revelou a existência de uma extensa área de lazer, onde acontecem os treinamentos, equipada com piscina olímpica, área de churrasco coberta, campo de futebol e camarote para eventos.
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