Deputada estadual Lucinha (PSD) falou sobre abordagem de criminosos pela primeira vezArquivo / Agência O Dia

Rio - A deputada estadual Lucinha (PSD) disse, nesta terça-feira (3), que os criminosos que a abordaram em seu sítio em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, no último domingo (1º), estavam prontos para "matar ou morrer". A parlamentar falou pela primeira vez sobre o caso durante uma sessão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Lucinha explicou que foi até o sítio, localizado na região de Rio da Prata, onde seria realizada sua festa de aniversário, para saber se dava para fazer o evento depois de uma forte chuva que atingiu o local no sábado (30). A deputada disse que decidiu cancelar e, enquanto as cadeiras e mesas estavam sendo retiradas da área, quatro homens armados invadiram o espaço, renderam os presentes e ameaçaram seu segurança. Diante da situação, ela se disponibilizou para transportar os criminosos para outro local.
"Os meus assessores do meu lado quando, de repente, abre-se a porta do sítio e adentram quatro homens de fuzil. Todos de touca. Pareciam que estavam indo para guerra mesmo. E eles estão na guerra. Renderam e perguntaram se alguém estava armado. Tinha um armado no meu grupo que era o segurança. Todo mundo levantou os braços, ele viu a arma do segurança e falou 'Tu é polícia'. Foi lá e arrancou a arma dele. Eu falei 'Calma aí. Vocês querem fazer o que? Aqui a gente não quer problema. Vocês podem pegar o carro e ir embora. Não tem problema nenhum'. Eles falaram 'Não, não, não. Entra dentro do carro. Pega o marrentinho'. O marrentinho é o meu segurança que está comigo há seis anos. Eu falei 'Não, não, não, quem vai sou eu. Ele tem três mulheres em casa para criar. Quem vai sou eu. Sou deputada. Eu que vou. Eu vou dirigir para vocês não tem problema não. Só me dizer para onde vocês querem que eu levo'. Peguei a chave do carro e falei 'Vambora'. Eles deram ordem lá para o meu pessoal ficar trancado dentro do quarto, dentro da casa, e não falar nada para ninguém", disse.
A deputada contou que seguiu com o carro passando pela serrinha de Rio da Prata e pela Estrada do Cabuçu sem parar em nenhum sinal, cortando outros veículos que estavam pelo caminho, além de ultrapassar radar de velocidade. Ela revelou que chegou a 160 km/h na Avenida Brasil antes de chegar na Vila Kennedy, local onde deixou os criminosos. O translado do sítio até o destino durou 12 minutos, de acordo com Lucinha.
"Avancei todos os tipos de radar. Tudo que vocês possam imaginar. Torcendo para não encontrar a polícia porque os caras estavam para matar ou morrer. Eles estavam sei lá quantos dias no meio da mata. Eu fui dirigindo até a Avenida Brasil e falei 'Para onde eu vou?' Eu não sabia para onde ia. 'Só acelera' e o cara com a pistola na minha cabeça. Eu disse 'Sou a deputada Lucinha', mandei pegar a minha bolsa, eles pegaram a minha carteira e eles nem sabiam quem eu era. Esses caras não conhecem nada de nada. Pegaram minha carteira e ficaram olhando. Teve uma hora que eu tirei a mão do volante e eles 'Bota a mão no volante'. Quando chegou ali na altura de Vila Kennedy, eles falaram 'entra'", explicou.
Segundo Lucinha, ela passou por diferentes barricadas e catracas feitas pelo tráfico enquanto seguia até o final da Vila Kennedy. Neste momento, o carro onde estava, oficial da Alerj, parou no meio de uma rua porque estava sendo rastreado e foi bloqueado. Foi aí que ela pediu para ser libertada e voltar para casa. 
"O carro não pegava. Eu disse 'Me libera, eu já trouxe vocês. Me libera pelo amor de Deus. Eu quero ir embora. Fiz tudo que era pedido. Tenho dois filhos e uma neta. Eu fiz o que era para fazer'. Se isso aconteceu comigo, que sou pessoa do bem, faço bem e estou nessa Casa aqui há quatro mandatos, quando eu passo por aquilo tudo, eu fico imaginando, coitados daquela população da Vila Kennedy. Coitada da população, que está refém. Ainda bem que eu não cruzei com nenhuma viatura. Eles estavam tudo de fuzil. Para matar ou para morrer", completou.
Investigação
O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) ainda no domingo (1º) e, posteriormente, encaminhado para a Delegacia Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco).
Segundo a Polícia Civil, a deputada e outras testemunhas já prestaram depoimento. O carro de Lucinha foi levado para a 35ª DP e passou por uma perícia de papiloscopistas do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Os peritos tem o objetivo de localizar impressões digitais dos criminosos. Dentro do veículo, os policiais encontraram uma pistola da equipe de segurança da deputada.