Davi Souza Miranda foi preso na Tijuca, acusado de matar a filha e a sobrinha a marteladasReprodução

Rio - A Justiça do Rio aceitou, nesta segunda-feira (16), a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra David de Souza Miranda, acusado de matar a ex-cunhada Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, de 30 anos, e duas crianças, de 4 e 5 anos, a marteladas, em Senador Camará, na Zona Oeste.  
Natasha havia levado a sobrinha Luísa Fernanda da Silva, de 5 anos, para ver o pai na companhia de sua filha Ana Beatriz da Silva Albuquerque, de 4 anos. Ao chegar no local, Davi amarrou Natasha e a torturou. Depois, deu marteladas nas duas meninas. Por fim, ele ateou fogo na casa e fugiu em um carro.
A mulher conseguiu se soltar e levou as crianças até o portão, quando foi socorrida por vizinhos, que acionaram a Polícia Militar. Luísa e Natasha foram encaminhadas ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. No entanto, a menina morreu ao dar entrada na unidade. Já Ana Beatriz foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde já chegou sem vida. Por conta da gravidade das queimaduras, Natasha foi transferida para o Pedro II, mas não resistiu e morreu após 16 dias internada.
De acordo com a Polícia Civil, Davi dirigiu do local do crime até cair com o carro na linha férrea na altura da Mangueira, na Zona Norte da cidade. Moradores da região foram ao local do acidente e viram um celular tocando no meio do mato. Uma pessoa que atendeu foi informada de que Davi havia acabado de matar duas crianças e então a polícia foi acionada. Davi fugiu a pé do local do acidente e foi capturado por policiais do Segurança Presente na Rua Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte.
Relacionamento conturbado
O pai de Luísa estava separado da mãe há um mês. Os dois tiveram um relacionamento que durou nove anos e moraram juntos até a separação. Segundo familiares das vítimas, Davi era um homem controlador, mas não demonstrava isso para a família da mãe de Luísa. Segundo relatos, a jovem, de 23 anos, não podia ter celular, amigos e nem acesso a redes sociais. O relacionamento acabou quando a mãe de Luísa fugiu, registrou um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra Davi por violência doméstica. Porém, ele ainda tinha o direito de ver a filha uma vez por semana.
A vítima ainda denunciou que David e o filho dele a estupraram no ano passado, mas que na ocasião registrou um boletim somente contra o ex-companheiro. Ela também denunciou que pai e filho atiraram pedras contra a casa da avó dela para que a mesma voltasse a morar com David, em Senador Camará. Este último crime teria acontecido há um mês e foi registrado na 34ª DP.
Assim que foi capturado, David foi levado para o presídio de Benfica, onde segue preso acusado do crime. No mês passado, a Justiça do Rio converteu a prisão em flagrante do suspeito em preventiva.
Trechos de depoimentos durante audiência
Durante a audiência de custódia do preso, no mês passado, uma outra filha do suspeito, que presenciou os fatos, afirma que o pai disse que cometeria o crime para "mostrar à ex-companheira como era ficar sem filho".
Outra filha de David, uma adolescente de 13 anos, é testemunha ocular do crime. Em depoimento, ela afirmou que o suspeito estava inconformado porque a sua ex-companheira o havia denunciado à polícia por crimes praticados contra ela.
A adolescente foi obrigada a ficar no quarto e em seguida, ouviu barulhos de marretadas e gritos. A jovem escutou, ainda, Luiza Fernanda gritar: "pai, não faz isso, não pai, pelo amor de Deus, pai", tendo ouvido novos barulhos de marreta.

Segundo o depoimento da adolescente, após o crime, David ligou para Nayla e disse que a filha do ex-casal havia "implorado para não morrer" e que ela tinha "provocado uma tragédia na família".
No local do crime, vizinhos relataram que viram o imóvel pegando fogo e tentaram apagar. Quando as chamas diminuíram, eles conseguiram entrar no imóvel, tendo encontrado as duas crianças, uma delas completamente desacordada e aparentando estar morta. A outra menina foi encontrada com os pés presos sob uma cama box, com o corpo todo queimado, mas ainda com vida, mexendo os braços.
Os laudos de exame de necrópsia realizados nas vítimas indicam que ambas vieram a óbito em razão de traumatismo craniano e que o incêndio na residência ocorreu após a morte.