Entrada do Complexo de Gericinó, em BanguMarcos Porto

Rio - O governo do RJ estuda recorrer das decisões do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) que permitiram a transferência de chefes do tráfico de drogas a presídios do estado. Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, está na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, e pode retornar a qualquer momento. Já Luiz Cláudio Machado, o Marreta, voltou para o Rio e está em Bangu 1 desde o último sábado (21).
O objetivo da cúpula da segurança do RJ é manter esses criminosos, considerados de alta periculosidade, em presídios federais. No entanto, por unanimidade, os três desembargadores, Luiz Noronha Dantas, Fernando Antonio de Almeida e Marcelo Castro Anatocles foram a favor de trazer de volta Rogério 157, o antigo líder do Comando Vermelho (CV) na Rocinha.
A decisão foi criticada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça Ricardo Cappelli, que relembrou a escalada de violência no estado do Rio. "No meio de uma situação delicada que o Brasil inteiro está acompanhando, recebemos uma determinação judicial para transferir de uma penitenciária federal para o Rio de Janeiro, um líder de facção do estado. Todos precisam cooperar no enfrentamento ao crime organizado", alfinetou Cappelli, sem citar nomes. 
Apontado como um dos chefões da maior facção criminosa do estado, o traficante Luís Claudio Machado, o Marreta, foi transferido do presídio federal de Catanduvas, no Paraná, para Bangu 1, em Gericinó, na Zona Oeste do Rio, no sábado (21). Segundo as investigações, Marreta é responsável por ordenar confrontos contra policiais e ataques às sedes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs).
Em fevereiro de 2013, o traficante fugiu do Instituto Penal Vicente Piragibe, em Bangu, por um túnel construído no esgoto. Um ano depois, o criminoso foi preso no Paraguai, onde coordenava a atuação da organização criminosa.
Preso desde 2018 por tráfico de drogas, Rogério 157 chegou a ser um dos criminosos mais procurados do estado, após sua participação na guerra pelo controle da comunidade da Rocinha, na Zona Sul. Ele começou sua 'carreira' no mundo do crime com uma função de destaque na hierarquia da organização da região, pois era chefe da 'parte baixa' da Rocinha e atuava como segurança do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o 'Nem'", na época, chefe do tráfico na comunidade.
Em setembro de 2017, Nem perdeu o controle da favela para Rogério 157, que comandou uma invasão à Rocinha, com o apoio de outra facção criminosa. A disputa provocou diversos confrontos na comunidade. O traficante tem quatro condenações na Justiça por crimes como tráfico e corrupção e acumula uma pena de 61 anos de reclusão.
Lista de detentos
No último dia 11, a cúpula da Segurança Pública do Governo do Rio se reuniu com o procurador-geral de Justiça do Rio, Luciano Mattos, com o objetivo de alinhar um trabalho conjunto que visa formular uma lista de detentos para serem enviados para presídios federais. Estavam presentes os secretários das polícias Militar e Civil, da Secretaria de Administração Penitenciária e do procurador-geral do Estado.
Na ocasião, Cláudio Castro afirmou que a lista seria feita em conjunto pelas forças estaduais e promotores e procuradores que trabalham nessa área. O governador disse, ainda, que as equipes começariam a trabalhar a partir daquele dia na escolha de nomes com as condutas individualizadas para aumentar as chances da Justiça autorizar as transferências. 
Transferência de 26 lideranças criminosas
Em junho deste ano, o Governo do Rio solicitou a transferência de 26 lideranças criminosas, que estavam em presídios estaduais do Complexo de Gericinó, para presídios federais. As transferências tinham o objetivo de evitar novas associações e articulações para a prática de crimes. No entanto, na ocasião, o TJRJ impediu que pelo menos sete deles fossem transferidos.