Matheus Souza cursa História e Sabrina Nazareh estuda Serviço Social na Universidade do Rio de Janeiro (Uerj)Reprodução

Rio - Dois estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) denunciam terem sido vítimas de racismo, nesta terça-feira (7), durante uma atividade de campanha do primeiro turno das Eleições Gerais da instituição no campus do Maracanã, na Zona Norte. A Comissão Eleitoral Geral da universidade encaminhou a denúncia para a Ouvidoria nesta quarta-feira (8).
Ouvidoria da Uerj recebe denúncia sobre caso de racismo no campus do Maracanã, na Zona Norte do Rio - Divulgação
Ouvidoria da Uerj recebe denúncia sobre caso de racismo no campus do Maracanã, na Zona Norte do RioDivulgação
Sabrina Nazareh, estudante do curso de Serviço Social, e Matheus Souza, estudante de História, disseram que estavam panfletando no 11⁰ andar do campus para os candidatos da chapa 30 quando foram abordados por um fiscal da chapa 20 de forma constrangedora e agressiva. Segundo os alunos, o homem perguntou aos dois se eles eram alunos da Uerj e solicitou documentos para comprovar o vínculo com a instituição. 
"Eu estava exercendo meu direito eleitoral de apoiar a chapa que eu acredito para a minha faculdade e, ao pisar no 11º andar, ocorreu uma situação muito desconfortável para mim. O fiscal perguntou se eu era aluno da Uerj e depois de eu dizer que sim ele pediu para mostrar meu Resultado de Inscrição em Disciplinas (RID)", disse Matheus. O estudante de História diz ainda que depois disso o fiscal começou a filmar ele e Sabrina. "Eu não entendi o porquê que só a minha palavra não era o suficiente. Não entendi o que descredibiliza o fato de eu ser aluno dessa universidade", completou.
Sabrina também disse ter se sentido desconfortável com a situação. "Eu fiquei muito constrangida. O que faria de mim não ser uma estudante da Uerj? O que ele viu em mim, na minha aparência, que faria com que eu não fosse uma estudante da Uerj? Qual é o estereótipo?", indagou a estudante em um vídeo publicado em suas redes sociais. 
Sabrina e Matheus acreditam que a cor da pele motivou a indagação do fiscal e denunciaram o caso à Comissão Eleitoral Geral da Uerj. "Foi uma experiência constrangedora e é muito triste que isso aconteça em uma instituição pioneira em políticas afirmativas", ressaltou a estudante. 
Por meio de nota, a Comissão Eleitoral Geral disse ter recebido a denúncia de racismo durante as atividades da campanha, deferiu a decisão a favor dos alunos e encaminhou a denúncia para a Ouvidoria, para as devidas providências.
A votação do primeiro turno das Eleições Gerais da Uerj começou na terça-feira (7) e termina na quinta-feira (9). Alunos, professores e técnicos vão eleger a nova Reitoria para o quadriênio 2024-2027. No mesmo pleito, também serão escolhidos os diretores dos centros setoriais, das unidades acadêmicas, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Policlínica Universitária Piquet Carneiro (PPC), do Centro de Produção da Uerj (Cepuerj) e da Rede Sirius de Bibliotecas.
Ao todo, três chapas concorrem aos cargos máximos da universidade:

Chapa 10 – Gulnar Azevedo (Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro) e Bruno Deusdará (Instituto de Letras);
Chapa 20 – Maria Isabel de Castro (Faculdade de Odontologia) e Jacques Dias (Faculdade de Tecnologia)
Chapa 30 – Mario Carneiro (Faculdade de Odontologia) e Lincoln Tavares (Instituto de Geografia)
Sobre as Eleições Gerais
A apuração será iniciada após o encerramento das seções, às 20h desta quinta-feira (9). O resultado da votação do primeiro turno será divulgado no dia 13, às 10h. Já o segundo turno, se for necessário, está marcado para os dias 28 a 30 do mesmo mês.
"As Eleições Gerais 2023 representam um chamamento a toda a comunidade acadêmica para refletir e debater a Uerj que queremos construir. É uma oportunidade única para ouvir e se fazer ouvir no desenho das plataformas dos candidatos", destaca a professora Lucia Helena Salgado e Silva, da Faculdade de Ciências Econômicas (FCE) e presidente da Comissão Eleitoral Geral.

"Tanto candidaturas concorrentes como chapas únicas têm suas propostas para a condução na Universidade nos próximos quatro anos. Participar dos debates e trazer contribuições para os postulantes à direção da sua unidade, dos centros e da Reitoria é construir uma gestão participativa", acrescenta.