Lessa permanece preso em um presídio de segurança máxima, em Campo Grande, no Mato Grosso do SulDivulgação/reprodução

Rio - O ex-policial militar Ronnie Lessa teve a pena aumentada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) no processo pelo sumiço das armas utilizadas no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A pena foi ampliada de quatro para cinco anos em regime fechado. 
No mesmo caso, a mulher do ex-PM, Elaine Lessa, e outros três réus, dentre eles o cunhado de Lessa, também tiveram as penas estendidas a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Elaine e o irmão, Bruno Pereira Figueiredo, ficaram com oito anos de reclusão, José Márcio Mantovano recebeu sete anos, e Josinaldo Lucas Freitas teve seis anos de semiaberto decretados.
Lessa permanece preso em um presídio de segurança máxima, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Ódio a ideais de esquerda
De acordo a investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) sobre os homicídios, Lessa, demonstrava ódio a personalidades ligadas a partidos e ideais de esquerda. Durante a audiência de instrução e julgamento do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, foi mostrado que Lessa pesquisava políticos e partidos ligados à vereadora como Marcelo Freixo, PSOL e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O ex-PM tinha aversão à ideologia.
Em quatro datas de fevereiro de 2018, um mês antes do assassinato, o carro com a mesma placa clonada utilizada na execução de Marielle já tinha feito trajetos semelhantes, passando pelo Alto da Boa Vista em direção à Tijuca, ambos na Zona Norte do Rio, demonstrando que os executores já estavam de campana contra a vereadora.
Ronnie Lessa fazia pesquisas sobre lugares que Marielle frequentava e os locais correspondiam à agendas diárias da parlamentar, como curso de inglês, faculdade e aula de pré-vestibular. Até mesmo um endereço pesquisado na Rua do Bispo, em Rio Comprido, região central do Rio, correspondia ao local onde a vereadora esteve em data próxima à sua morte, na casa do ex-companheiro.
Tentativa frustrada de homicídio
Segundo uma delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por dirigir o carro usado no dia do assassinato, Lessa tentou matar Marielle no final de 2017. A vereadora e Anderson Gomes foram mortos a tiros em 14 de março de 2018.
Queiroz afirmou que Ronnie Lessa, responsável pelos disparos, estava planejando o crime desde o segundo semestre daquele ano. Durante a virada para o ano de 2018, a qual passaram juntos, Lessa teria falado para o amigo que tentou matar Marielle semanas antes, mas o plano foi frustrado.
Na ocasião, a vereadora estava em um táxi no Estácio, região central do Rio, quando Lessa e o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, que dirigia o veículo, se aproximaram, mas não conseguiram realizar o assassinato. Suel, que foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Élpis, teria alegado problemas mecânicos no carro em que estavam no momento da aproximação.
Élcio ainda esclareceu que, além de Maxwell e Ronnie, também estava no veículo nesse dia o policial militar Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, que foi assassinado em uma emboscada no mês de novembro de 2021, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio.
A delação ainda apontou as funções do trio no dia dessa tentativa frustrada. Suel dirigia o veículo enquanto Lessa estava armado com uma submetralhadora MP5 no banco do carona. Edmilson estava no banco de trás portando um fuzil modelo AK47.
Segundo Élcio, Ronnie o contou que o homicídio não aconteceu neste dia planejado porque Maxwell, na sua percepção, teria hesitado.