Local onde eram realizados os procedimentos estéticos na clínicaReprodução
Cirurgião preso em flagrante durante lipoaspiração em Nova Iguaçu responde a processo por erro médico
Jaime Javier Garcia Caro, de 44 anos, tem um procedimento em aberto no Cremerj e também é investigado pela Polícia Civil
Rio - O médico peruano Jaime Javier Garcia Caro, de 44 anos, preso em flagrante nesta terça-feira (21), quando iniciava uma lipoaspiração em uma clínica de estética irregular, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, tem um processo interno aberto pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), em abril deste ano, devido a uma acusação de erro médico. Mesmo com a apuração em andamento, o cirurgião consta como apto a trabalhar no sistema do órgão.
De acordo com o Cremerj, o procedimento corre em sigilo, de acordo com as normas do Código de Processo Ético-Profissional. Em relação à sua prisão, o Conselho informou que irá apurar os fatos.
Jaime responde ao processo interno depois de ser acusado de erro médico pela família da técnica de enfermagem Jéssica de Souza Machado em abril deste ano. Ao DIA, Thayane Freitas, cunhada da mulher, disse, na época, que ela ficou mais de um mês internada no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, devido a complicações de uma lipoaspiração feita pelo médico.
Segundo a denúncia, o corpo de Jéssica apresentou necroses oito dias após a cirurgia, além de manchas pretas e áreas em carne viva. Após inicialmente ter tentado ajudar, o cirurgião ainda teria sumido sem dar satisfação.
Na época, a defesa do médico negou as acusações e alegou que a acusação de erro era leviana, já que, segundo o advogado que o representava, os sintomas começaram aparecer em Jéssica 14 dias após a cirurgia e Jaime se colocou à disposição para qualquer dúvida.
O caso foi registrado na 58ª DP (Posse) e foi encaminhado para a 56ª DP (Comendador Soares). Questionada, a Polícia Civil informou apenas que a investigação segue em andamento.
Prisão em flagrante
O médico Jaime Javier Garcia Caro e o colombiano Jean Paul Perez Barraza, de 29, que se passava por anestesista, foram presos em flagrante nesta terça-feira (21) em uma clínica de estética irregular em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O local foi interditado.
De acordo com a Polícia Civil, o espaço funcionava sem licença sanitária e, mesmo assim, eram realizados procedimentos estéticos de alta complexidade. Fiscais do Conselho Regional de Odontologia (CRO) e da Vigilância Sanitária de Nova Iguaçu (Suvisa) também participaram da ação.
No momento em que os agentes da Delegacia do Consumidor (Decon) chegaram na clínica, a dupla estava iniciando uma cirurgia de lipoaspiração em uma paciente de 29 anos, que já havia sido sedada por Jean Paul. Ao perceber a chegada dos policiais, o colombiano tentou sair da sala, retirando o jaleco que vestia, onde tinha bordado o seu nome e a especialidade de anestesiologista, mas acabou sendo detido.
O Cremerj informou que não há nenhum registro de Jean Paul em seu sistema. "Casos relacionados a falsos profissionais são criminosos e devem ser conduzidos pelas autoridades policiais", destacou o órgão.
A prisão aconteceu na Clínica Iguaçu Plásticas Day, mesmo local onde a técnica de enfermagem Jéssica Machado fez a cirurgia com Jaime. No espaço, também eram realizados procedimentos como mamoplastia e mastopexia, mas a Polícia Civil destacou que a clínica não possuía qualquer estrutura para eventuais intercorrências com os pacientes, como desfibrilador, equipamentos de UTI e ambulância.
As audiências de custódia de Jaime e Jean estão marcadas para a tarde desta quinta-feira (23).
O que diz a defesa
Ao DIA, o advogado William Pena entende que as prisões foram prematuras e que ambos os clientes não devem continuar presos após a audiência de custódia. De acordo com a defesa, Jean é residente formado em direito e não estava trabalhando com anestesia no momento da cirurgia. Ele teria apenas dado um remédio para a paciente a pedido do cirurgião.
"Nunca morreu ninguém lá. A nível criminal eu acho isso tudo um absurdo porque se está errado um procedimento não é a polícia que tem que julgar isso. Não houve nenhuma perícia. Eu acho que a equipe pecou. Eles invadiram armados. É um centro cirúrgico. Isso não é apropriado. Espera o médico terminar o procedimento e fala com ele. Se está errado ou não, a gente discute depois. Baseado na nossa constituição e por eles serem primários, eles não vão ficar presos. Eu não acredito que eles fiquem presos por suposições que ainda não foram apuradas. Acho que a gente tem que ter paciência e esperar ser feita todas as diligências. É prematuro até falar nesse momento. Nada impede que eles respondam o processo em liberdade. Se houve um crime, tem que apurar primeiro na fase de inquérito. Vão queimar a vida do médico sem necessidade. Tudo isso em um momento oportuno vai ser esclarecido", disse o advogado.
Pena ainda ressaltou que há três meses a clínica conseguiu uma licença junto à vigilância sanitária de Nova Iguaçu para funcionamento. Para ele, a interdição aconteceu para eximir o órgão de responsabilidade.
"A casa não estava inabilitada. A empresa estava em uma reforma, cumpriu as exigências da vigilância sanitária e tinha licença da vigilância sanitária de Nova Iguaçu. Eles interditaram para tirar a responsabilidade deles. Para tirar o deles da reta. Agora, administrativamente cabe a prefeitura fiscalizar. O que me causa estranheza em tudo isso é que há 90 dias ele conseguiu alvará e liberação da própria vigilância sanitária", completou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.